Os últimos dias têm movimentado o varejo da bolsa de valores brasileira. Na sexta-feira (14), os dados do IBGE mostraram que as vendas do varejo brasileiro caíram 1% em maio na comparação com abril de 2023.
Com isso, as ações do setor se destacaram negativamente e fecharam a semana em forte queda.
Nesta segunda-feira (17), foi a vez da gigante do varejo de moda H&M anunciar que pretende abrir lojas no Brasil em 2025.
Entrada da H&M pode ser mais um impacto negativo para as ações do setor?
Segundo o levantamento feito pelo analista Fernando Ferrer, a marca sueca H&M tem 4.400 lojas em todo o mundo. Por isso, ele não acredita em uma entrada robusta logo em 2025. “Vai ser em etapas, mantendo a mesma estratégia de precificação – um pouco mais barata que a Zara”, afirma.
Em termos de competição, Ferrer enxerga o varejo muito fragmentado. “Tem espaço para diversos competidores atuarem”.
No entanto, ele defende que as empresas nacionais do setor de Fast Fashion precisam preparar o terreno para a chegada das concorrentes internacionais.
“É um mercado super difícil de se atuar. Seria interessante ver as companhias brasileiras se anteciparem e tentarem, através de agendas de produtividade, melhorar suas margens, percepção de marca e processo, para que quando essa competição chegar em 2025, elas estarem mais preparadas. É um cenário ainda incerto, mas com potencial de ser danoso para as operações das empresas de fast fashion de média para baixa renda”.
Quanto à desaceleração apresentada pelo varejo segundo os dados do IBGE, o analista também acredita que o cenário é mais desafiador para as companhias do varejo de baixa e média renda.
“O bloco de alta renda é mais resiliente. O consumidor é menos sensível a preço e topa que tenha uma remarcação, as empresas não precisam fazer tantas promoções e conseguem, bem ou mal, manter um fluxo de venda mais estável”.
Para as companhias voltadas para as média e baixa rendas, Ferrer vê uma sensibilidade maior. A situação de endividamento das famílias é um problema para as empresas.
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Empiricus Research recomenda Grupo SBF (SBFG3) no setor de varejo
A Renner (LREN3), por exemplo, sofre com a inadimplência e a queda nas vendas.
“Se ainda tiver a entrada de novos competidores com poder de marca e a empresa não fizer nada para melhorar o processo e a produtividade, acredito em uma pressão ainda maior de margem”, aponta Ferrer.
Segundo ele, as ações da Renner não são indicadas para o momento. “Por conta da inflação dos últimos anos, existe um limite até onde ela consegue subir o preço sem prejudicar o volume. Temos visto o volume prejudicado nos últimos trimestres, além da queda de venda e da inadimplência”.
O analista vê o Grupo SBF (SBFG3), dono da Centauro e distribuidor da Nike no Brasil, como a melhor opção do setor no momento.
Para ele, o “poder de marca” da Nike é fundamental para a tese na companhia.
“É a empresa de varejo esportivo mais bem quista do mundo, então ela tem poder de repassar preço. Isso dá um suporte para as vendas da companhia”, avalia.
Adicionalmente, a ação está barata e em bom ponto de entrada. Hoje, SBFG3 negocia a 7 vezes os seus lucros para 2024, segundo o analista.
“É um valuation super atrativo na nossa opinião. Se não tiver nenhuma disrupção na companhia, enxergamos potencial de dobrar nos próximos 18 meses”, avalia.
Confira a entrevista de Fernando Ferrer no Giro do Mercado: