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Vale (VALE3) divulga hoje seu relatório de produção do 2T23; veja este e outros destaques do mercado nesta terça (18)

Mercado espera números melhores da Vale, que decepcionou no primeiro trimestre do ano. Confira as expectativas

Por Matheus Spiess

18 jul 2023, 08:33 - atualizado em 18 jul 2023, 08:33

vale vale3

Bom dia, pessoal. No cenário internacional, os mercados asiáticos encerraram em queda hoje, divergindo das indicações ligeiramente positivas de Wall Street no pregão anterior. Os investidores demonstram cautela e relutância em realizar movimentos expressivos, devido aos dados que revelam um ritmo de crescimento econômico mais lento do que o esperado na China no segundo trimestre. Essa situação levanta preocupações em relação às perspectivas de crescimento global.

Vale ressaltar que na segunda-feira a China divulgou um crescimento econômico inferior ao esperado pela maioria dos economistas. Embora isso ajude a limitar a inflação em âmbito global, também afeta negativamente o principal impulsionador do crescimento da economia mundial. Diante dos números desanimadores, várias instituições revisaram suas previsões para o ano, mencionando grandes fragilidades na recuperação econômica e uma resposta de estímulo relativamente fraca por parte de Pequim.

Por outro lado, os mercados europeus e os futuros americanos iniciaram o dia com tendência predominantemente positiva. O otimismo em relação aos títulos europeus ganhou força após declarações de um importante funcionário do Banco Central Europeu sugerindo que o fim do ciclo de aumento das taxas de juros pode estar próximo. Entretanto, nos EUA, os resultados potencialmente mais pessimistas do Morgan Stanley e do Bank of America podem reduzir o otimismo inicial. No mercado de commodities, observa-se um cenário misto, com alta nos preços do petróleo e queda nos preços do minério de ferro.

A ver…

· 00:54 — Preparados para o relatório da Vale?

No Brasil, a Vale irá divulgar seu relatório de produção do segundo trimestre após o fechamento dos mercados. Há uma expectativa por números melhores, visto a decepção do primeiro trimestre. Espera-se uma produção de minério de ferro em torno de 76 milhões de toneladas, o que representa um aumento de mais de 14% em relação ao primeiro trimestre e mais de 3% em comparação com o mesmo período do ano passado. Resultados melhores do que o esperado podem animar os investidores para os resultados da empresa na próxima semana, em 27 de julho. No entanto, a possibilidade de mais dados fracos da atividade chinesa pode impactar negativamente. 

Enquanto isso, o mercado está analisando o novo programa do governo federal chamado “Desenrola Brasil”, que visa a renegociação de dívidas de pessoas físicas. O projeto promete liberar R$ 50 bilhões para o sistema financeiro, beneficiando automaticamente os brasileiros com dívidas bancárias de até R$ 100 e facilitando a renegociação de débitos com bancos para pessoas com renda de até R$ 20 mil. A medida também oferece incentivos aos bancos para a concessão de descontos aos devedores. A primeira fase do programa inicia-se nesta semana, seguida por uma segunda fase focada na baixa renda em setembro. Pode beneficiar a atividade local.

·01:44 — O novo plano de investimentos da Petrobras

O novo plano estratégico da Petrobras para o período de 2024 a 2028 manterá um investimento semelhante ao atual, totalizando cerca de US$ 78 bilhões (R$ 375 milhões). No entanto, a novidade será o foco na transição energética, em linha com pares internacionais. A empresa planeja fazer ajustes no atual planejamento, a serem divulgados em agosto, como forma de preparar o mercado para o novo documento estratégico, que será completamente reformulado e publicado até o final do ano.

Em termos financeiros, o plano não terá grandes alterações em relação ao anterior, mas haverá um destaque para os investimentos em energias renováveis. O plano atual prevê investimentos de US$ 64 bilhões na exploração e produção, com 67% direcionados ao pré-sal, e US$ 9,2 bilhões em refino e gás natural. A nova gestão busca preparar a empresa para o longo prazo, buscando diversificação e lucratividade, ajustando os dividendos de acordo com a realidade do novo plano.

· 02:21 — E essa alíquota?

Com base na proposta de Reforma Tributária aprovada na Câmara dos Deputados, a alíquota efetiva do novo imposto brasileiro sobre o consumo de bens e serviços seria de 28,4%, de acordo com uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Isso representaria a maior alíquota do mundo para um Imposto sobre Valor Agregado (IVA), embora a alíquota brasileira ainda precise ser definida por meio de uma lei complementar.

Atualmente, a maior alíquota desse tipo de imposto é a da Hungria, que é de 27%. Inicialmente, a expectativa era de que a alíquota brasileira fosse de 25%, mas os efeitos de regimes especiais, alíquotas reduzidas e isenções incluídas no texto podem pressionar por uma alíquota maior.

É importante destacar que estamos apenas revelando o que já é uma realidade (já temos uma alíquota elevada, embora não seja visível). A transparência pode impulsionar reformas administrativas e um ambiente fiscal mais rigoroso nos próximos anos. Além disso, uma alíquota mais alta não altera o fato de que o sistema está se tornando mais simplificado e eficiente, reduzindo diversos problemas e mitigando várias distorções entre os tributos brasileiros. Em outras palavras, ainda que caro, o modelo aparenta ser melhor para o Brasil como um todo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a nota técnica do Ipea não considerou diversos fatores, como análise do impacto na sonegação, evasão fiscal e redução dos benefícios tributários. É verdade. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, indicou uma alíquota entre 26% e 28%, dependendo das exceções que seriam mantidas no Senado. A longo prazo, especialistas afirmam que podemos convergir para uma alíquota de 25% ou até mesmo menos.

· 03:26 — Os resultados americanos

Nos Estados Unidos, os principais índices atingiram seus fechamentos mais altos de 2023 ontem, com destaque para as ações de tecnologia. Tanto o Nasdaq quanto o S&P 500 alcançaram níveis não vistos desde abril de 2022.

Nos últimos dias, os rendimentos dos títulos do Tesouro têm diminuído à medida que os mercados antecipam o fim do aumento das taxas de juros pelo Fed neste ano, devido à desaceleração contínua da taxa de inflação. Rendimentos mais baixos em títulos de longo prazo impulsionam as ações de tecnologia, pois os lucros dessas empresas se tornam mais valiosos agora.

O próximo teste para o mercado de ações serão os dados de vendas no varejo divulgados hoje, que devem mostrar um aumento mensal de 0,4% nos gastos do consumidor. Além disso, as próximas semanas serão marcadas por uma onda de resultados corporativos, com empresas como Morgan Stanley, Bank of America, Lockheed Martin e Prologis divulgando seus números hoje.

· 04:03 — Cripto está de volta

As criptomoedas estão ressurgindo após uma decisão judicial. Recentemente, um tribunal determinou que um dos tokens em bolsas de criptomoedas não era um título não registrado, como alegado pela Comissão de Valores Mobiliários (SEC), o que tem implicações significativas para o setor de ativos digitais. Como resultado, as ações da corretora Coinbase Global dispararam, registrando um aumento de mais de 200% neste ano.

Após enfrentar desafios desde o pico em novembro de 2021, as criptomoedas passaram por quedas de preço ao longo do ano seguinte devido a vários obstáculos. O aumento agressivo das taxas de juros pelo Federal Reserve, escândalos na indústria, como o colapso da FTX, e um aumento no escrutínio regulatório foram alguns dos fatores que afetaram o mercado. Embora os ativos digitais tenham se recuperado, eles ainda estão abaixo de suas máximas anteriores.

As criptomoedas enfrentam importantes questões a serem respondidas. A SEC argumenta que as criptomoedas são consideradas títulos, assim como ações, o que implica que os emissores devem fornecer transparência por meio de demonstrações financeiras regulares. Por outro lado, a indústria de criptomoedas prefere que as moedas sejam tratadas como mercadorias, semelhante ao trigo. O Bitcoin, a maior e mais antiga criptomoeda, é a única que a SEC sugeriu ser uma commodity. No entanto, é improvável que essa seja a última palavra sobre o assunto, e mais desenvolvimentos devem impactar positivamente a indústria.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.