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Mercado em 5 minutos

Segunda fase da reforma tributária é adiada e relatório de produção da Vale é positivo enquanto minério de ferro deprecia; confira

Enquanto isso, em Brasília, estamos atentos às projeções de curto e médio prazo do Ministério da Economia para o PIB, inflação e resultado fiscal.

Por Matheus Spiess

19 jul 2023, 08:51 - atualizado em 19 jul 2023, 08:51

Mercado em 5 minutos - temores bancários
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Nos mercados asiáticos, não houve uma direção única nesta quarta-feira, com os investidores acompanhando os movimentos amplamente positivos dos mercados globais durante o pregão de ontem. Eles reagiram positivamente aos resultados otimistas de importantes instituições financeiras dos Estados Unidos, o que ajudou a aliviar as preocupações em relação às perspectivas de crescimento global, apesar dos problemas econômicos na China. A temporada de divulgação de resultados nos Estados Unidos começou de forma satisfatória, reduzindo ainda mais as chances de uma recessão.

Os mercados europeus abriram o dia em alta, seguindo o desempenho dos futuros americanos. Hoje teremos mais resultados, incluindo empresas como Goldman Sachs, Netflix, Tesla e IBM.

Além disso, serão analisados os índices de preços ao consumidor do Reino Unido e da Zona do Euro, que devem aumentar a pressão sobre as autoridades monetárias para elevar as taxas de juros novamente.

Ao mesmo tempo, em Skopje, na Macedônia do Norte, um membro do Conselho de Administração do Banco Central Europeu, Boris Vujcic, fará um discurso.

Nesta manhã, os preços do petróleo estão em alta, enquanto os do minério de ferro estão em queda.

A ver…

· 00:44 — Exceções que Mudam o Jogo

No Brasil, os investidores estão reagindo ao positivo relatório de produção da Vale referente ao segundo trimestre, que impulsionou as ADRs da empresa listadas em Nova York ontem à noite. No entanto, enfrentam dificuldades em superar o pessimismo causado pela queda nos preços do minério de ferro nesta manhã.

Apesar disso, os investidores ficaram satisfeitos com os números, incluindo o aumento de mais de 6% na produção de minério, totalizando 78,7 milhões de toneladas no trimestre. Agora, aguardamos pelo resultado financeiro da empresa, que será divulgado no dia 27, para avaliar se corresponderá aos bons resultados operacionais. Além disso, hoje marca o início da temporada de divulgação de resultados, com destaque para a Weg.

Enquanto isso, em Brasília, estamos atentos às projeções de curto e médio prazo do Ministério da Economia para o PIB, inflação e resultado fiscal.

Chamou a atenção o aumento do lobby no Senado em busca de tratamento especial na alíquota do IVA dual da Reforma Tributária. Se mais exceções forem confirmadas, isso será prejudicial tanto para a reforma quanto para a alíquota padrão.

É importante lembrar que reclamamos do alto imposto no país, e quanto mais exceções existirem, mais elevada será a alíquota padrão. Embora o objetivo seja simplificar o sistema, se houver muitos pedidos atendidos, a reforma tributária poderá perder sua essência. O ideal seria a eliminação das exceções o máximo possível. Em sendo o caso, o mercado reagiria bem.

· 01:40 — E a segunda parte da reforma tributária?

Em declaração recente, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, anunciou que o Executivo tinha a intenção de enviar a segunda parte da reforma tributária à Câmara dos Deputados em agosto, abordando temas como o Imposto de Renda. No entanto, houve uma mudança de planos, e o governo agora planeja enviar essa segunda fase da reforma tributária, relacionada ao Imposto de Renda, apenas no final do ano, em vez de agosto.

Essa alteração é algo que devemos acompanhar atentamente, considerando que a oportunidade para reformar o Imposto de Renda é limitada ao segundo semestre deste ano.

À medida que nos aproximamos do ano eleitoral, torna-se mais desafiador aprovar qualquer medida nesse sentido. Porém, esse adiamento oferece mais tempo para focarmos nas questões relacionadas aos impostos de consumo. Até lá, a equipe econômica poderá recorrer a algumas estratégias alternativas para aumentar a receita, como a implementação de um imposto sobre apostas e loterias (apostas esportivas).

· 02:18 — Tudo bem até aqui

Nos Estados Unidos, as ações tiveram um dia positivo, especialmente as do setor financeiro e de tecnologia, impulsionadas pelos últimos relatórios de resultados corporativos e por um anúncio da Microsoft relacionado à inteligência artificial. 

Começando pelos resultados dos grandes bancos americanos no segundo trimestre, o Bank of America registrou um aumento de 11% na receita trimestral, alcançando US$ 25,2 bilhões, e um salto de 19% nos lucros, totalizando US$ 7,4 bilhões.

Já o Morgan Stanley apresentou resultados melhores do que o esperado, apesar de sua dependência do banco de investimento. Suas receitas subiram 2,5%, chegando a US$ 13,5 bilhões em comparação com o ano anterior, enquanto os ganhos caíram 12%, atingindo US$ 2,2 bilhões.

No âmbito da Microsoft, a empresa colocou novamente em destaque o tema da inteligência artificial. Anunciou que cobraria US$ 30 por mês dos clientes corporativos que utilizam o Microsoft 365 Copilot, seu chatbot com inteligência artificial e assistente de produtividade integrado a produtos como Word, PowerPoint, Excel, Outlook e Teams. Esse valor é mais alto do que o esperado pelos analistas e se soma aos US$ 12,50 a US$ 57 mensais já pagos pelos clientes corporativos.

Agora, podemos quantificar o potencial impacto da inteligência artificial.

Quanto à agenda do dia, teremos mais resultados corporativos, incluindo nomes como ASML, Baker Hughes, Crown Castle, Goldman Sachs, IBM, Nasdaq, Netflix, Tesla, U.S. Bancorp e United Airlines.

Além disso, o mercado está atento aos dados de rendas residenciais de junho. Surpresas nesse sentido podem influenciar o sentimento dos investidores.

· 03:17 — Um rebalanceamento importante

As principais ações do setor de tecnologia já foram chamadas de FAANGs (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google) e depois de MAMAA (Meta, Apple, Microsoft, Alphabet e Amazon), antes de evoluírem para a atual denominação: as “Sete Magníficas“. Independentemente do nome que se escolha, a influência descomunal desse grupo está começando a causar alguns problemas nos índices de mercado.

Após um rali no setor de tecnologia impulsionado em grande parte pela febre da inteligência artificial (IA), o Nasdaq 100 (NDX) agora está desafiando as regras de diversificação. Em vez de uma reconstituição completa, um reequilíbrio ajusta os pesos do índice e as porcentagens dos componentes das ações.

A Nasdaq tomará medidas caso o peso total de todas as ações com pesos individuais acima de 4,5% no índice exceda 48% – atualmente, as “Sete Magníficas” representam 55% do peso total do Nasdaq 100. Essa mudança será muito significativa para evitar concentrações excessivas, como as que temos testemunhado em 2023.

· 04:01 — Qual o resultado da Cúpula da OTAN?

Na semana passada, ocorreu a aguardada Cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A grande novidade foi a concordância do presidente turco, Erdogan, em permitir a entrada da Suécia na aliança. Embora esse evento fosse esperado, é uma boa surpresa para os membros dos EUA e da OTAN que tenha ocorrido agora.

Por outro lado, não é surpreendente que a adesão da Ucrânia à OTAN continue sendo adiada para o futuro. Embora o apoio militar à Ucrânia esteja se intensificando semana após semana, os principais membros da OTAN, especialmente os EUA e a Alemanha, não têm a intenção de se envolverem automaticamente em um conflito direto com a Rússia. Eles estão dispostos a participar de uma guerra por procuração (a primeira guerra proxy da nova Guerra Fria), mas não estão dispostos a arriscar uma Terceira Guerra Mundial que possa colocar suas próprias tropas em perigo.

Essa é a mesma razão pela qual os americanos se recusam a impor uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia. No entanto, há discordâncias, é claro. Poloneses, bálticos, finlandeses e até mesmo franceses desejam a adesão imediata. De qualquer forma, a cúpula serviu para demonstrar a crescente força da OTAN. Os membros estão geralmente alinhados e a aliança se tornou crucial para a segurança internacional, não apenas no Atlântico Norte, mas em todo o mundo.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.