No último dia 12 de julho, a Eletrobras (ELET6) realizou seu primeiro investor day como uma companhia privatizada, mostrando os primeiros avanços e o que podemos esperar para os próximos anos.
O maior destaque do evento foi o anúncio da redução de custos e despesas que, como já comentamos algumas vezes, é a grande avenida de criação de valor dessa história.
O potencial estimado de redução nos gastos gerenciáveis (PMSO, pessoal, material, serviços e outros) é de -42% frente aos níveis de 2022.
Já falamos sobre a enorme ineficiência da Eletrobras, mais especificamente sobre o número de funcionários que extrapolam muito as médias do setor. No evento, a Eletrobras trouxe um outro dado assustador: o custo médio por funcionário no nível operacional é de R$ 30 mil reais por mês (!), praticamente três vezes maior do que o das novas contratações pós-privatização.
Além disso, há outras frentes em que a companhia está avançando, como por exemplo a redução de subsidiárias (SPEs) e centralização de estoques.
É importante lembrar que esses quase R$ 4 bilhões de reais que a companhia gastará a menos até 2026 se transformarão quase que integralmente em Ebitda.
Até o fim de 2023, as economias devem chegar a R$ 2 bilhões com dois planos de demissão voluntários e alguns ganhos de eficiência já alcançados até aqui.
Além de cortar custos, a Eletrobras vem tentando gerar valor através do reaproveitamento de créditos fiscais da ordem de R$ 15 bilhões na holding. Para ajudar a resolver parte desse problema, a companhia criou um braço de comercialização na holding que não apenas vai ajudar na estratégia de compra e venda de energia, como também contribuirá para o aproveitamento de cerca de ⅓ desses créditos fiscais.
A outra parte, a companhia vem tentando abater via incorporação de ativos e dívidas de subsidiárias, além da emissão de debêntures.
Outra forma de destravar valor é via redução dos passivos relacionados aos empréstimos compulsórios. Apesar da redução de R$ 1,5 bi no saldo de contingências, a evolução até aqui não tem sido tão acelerada quanto imaginávamos. Mas com um corpo jurídico dedicado, a companhia espera acelerar. Neste momento, cerca de R$ 4 bilhões de passivos estão em negociação.
Esse é um ponto sensível à tese, já que a companhia ainda possui um saldo de R$ 24 bilhões provisionados no balanço e que, a depender do andamento dos processos, podem ser revertidos em investimentos, por exemplo.
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Oportunidades de negócios
Falando em investimentos, a Eletrobras falou sobre as oportunidades de negócios para os próximos anos, com cerca de R$ 70 bilhões mapeados. Desses, R$ 17 bilhões já estão contratados, outros R$ 16 bilhões estão relacionados à melhorias no segmento de transmissão, e outras oportunidades ainda devem surgir dos leilões de transmissão e projetos no segmento de renováveis.
A gestão também mencionou o investimento nas próprias ações (buyback) como forma de gerar valor ao acionista enquanto as ações estão em patamares muito baixos, o que inclusive trouxe ótimos retornos desde a privatização.
Para fechar, também falaram sobre o momento de preços muito baixos no mercado de energia. O cenário de curto prazo segue desafiador, com reservatórios cheios, excesso de incentivos para energia renovável e atividade econômica ainda baixa.
Olhando o copo meio cheio, a companhia entende que, com os preços onde estão, qualquer piora hidrológica ou crescimento mais forte que o esperado do PIB deve trazer preços de energia favoráveis no médio prazo.
O evento mostrou os primeiros passos após a privatização da Eletrobras, mas entendemos que ainda há muito mais para ser entregue nos próximos anos e ajudar a fechar o gap de valuation que existe para as pares. Por isso, ELET6 segue na carteira da série Vacas Leiteiras.