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Mercado em 5 minutos

Mercado de olho na temporada de resultados enquanto aguarda sinalização do Fed sobre os juros americanos; confira

No Brasil, Vale, Usiminas e Santander divulgam seus números do 2T23; nos EUA, os investidores anseiam por Microsoft e Alphabet (Google).

Por Matheus Spiess

24 jul 2023, 10:14 - atualizado em 24 jul 2023, 10:14

mercado em 5 minutos - livro bege, resultados corporativos dos EUA e aperto monetário europeu
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. No mercado asiático, as ações encerraram a segunda-feira sem uma direção única. As ações japonesas lideraram com resultados trimestrais fortes, mas o foco agora está voltado para a reunião do Federal Reserve nesta semana. Investidores internacionais estão se preparando para uma série de decisões dos bancos centrais, avaliando a resiliência da economia em relação a possíveis aumentos de juros. As ações chinesas tiveram desempenhos divergentes, com quedas adicionais devido a preocupações sobre o mercado imobiliário, o que gerou pessimismo no país. Os investidores aguardam medidas de estímulo por parte do governo chinês diante do desaceleramento econômico.

Enquanto isso, os mercados europeus abriram com predominância de altas, seguindo a tendência dos futuros americanos. Todos estão atentos à conclusão da reunião do Fed, agendada para quarta-feira, onde é esperado um aumento de 25 pontos base nas taxas. No entanto, o foco principal é saber se o Fed sinalizará o fim do ciclo de aumento de juros que dura quase 16 meses, considerando os recentes indícios de redução da inflação nos EUA. Uma pausa no ciclo de aumento de juros do Fed é vista com bons olhos pelos mercados de ações. Outras reuniões de bancos centrais também estão marcadas, incluindo o Banco Central Europeu e o Banco do Japão. Além disso, a temporada de resultados e outros dados econômicos devem atrair atenção dos investidores e ser destaque nos noticiários.

A ver…

· 00:56 — Vem mais deflação por aqui

No Brasil, a temporada de resultados está ganhando força nesta semana, com empresas importantes como Vale, Usiminas e Santander (setores de commodities e bancos, que representam mais da metade do índice) divulgando seus números.

No entanto, o mercado financeiro não se resume apenas aos resultados corporativos. Na terça-feira, teremos o IPCA-15 de julho, que é a prévia da inflação oficial. O mercado está apostando em mais uma queda no índice de preços neste mês, seguindo a tendência observada no mês passado. A mediana das projeções indica uma queda de 0,1%. Caso a queda seja ainda maior, as chances de um corte de 50 pontos-base na taxa Selic na semana seguinte aumentam.

Ainda acredito que um corte de 25 pontos na Selic parece mais provável, mas os dados divulgados ao longo da semana podem alterar essa perspectiva. Se esse cenário se confirmar, podemos caminhar para uma taxa Selic de pelo menos 12% até o final do ano, ou até mesmo menos (alguns analistas projetam 11,75% ou até mesmo 11,50%).

Além dos resultados corporativos e do índice de inflação, também teremos alguns dados fiscais importantes, como as contas do Governo Central referentes a junho, e informações sobre o mercado de trabalho brasileiro, com o Caged sendo divulgado na quinta-feira e a Pnad Contínua na sexta-feira.

No que diz respeito ao emprego, quanto mais fracos forem os dados, maiores serão as chances de um corte mais significativo na taxa Selic.

· 01:51 — E a temporada de resultados?

A temporada de resultados corporativos do segundo trimestre pode seguir o mesmo padrão de fraqueza observado no primeiro trimestre deste ano. No trimestre anterior, muitos resultados passaram praticamente despercebidos pelo mercado, sendo classificados como “OK”. Uma pesquisa revelou que 65% dos gestores acreditam que grande parte dos desempenhos fracos já está refletida nos preços das ações.

Apesar desse cenário, alguns setores podem se destacar na temporada de resultados. O setor da saúde pode ter menor pressão de custos, enquanto a construção civil registra aumento nos lançamentos de projetos, com algumas empresas, como a Direcional, apresentando prévias operacionais excelentes. O varejo de alta renda também pode se destacar, impulsionado pela capacidade de consumo das classes mais abastadas, assim como os shoppings.

Outro ponto de atenção será para as empresas ligadas às commodities. Devido à estabilidade dos preços das matérias-primas subjacentes, há espaço para surpresas positivas nos resultados. Contudo, é importante considerar que a valorização do real pode reduzir os lucros das exportadoras. Caso ocorram surpresas positivas em alguns setores, o Ibovespa pode ser beneficiado, gerando um efeito positivo no mercado. No entanto, os investidores devem estar atentos aos detalhes dos resultados e às projeções futuras para tomar decisões informadas em relação às ações e aos setores.

· 02:40 — Semana importante para o Fed

Nos Estados Unidos, os investidores estão sentindo nervosismo à medida que se aproximam os resultados de importantes empresas do setor de tecnologia, incluindo Microsoft e Alphabet. Há uma expectativa de que os resultados dessas empresas possam dar um novo impulso ao rali do mercado.

Até agora, a temporada de resultados tem sido razoável, mas não tão positiva quanto os otimistas esperavam. Mais de 150 empresas do S&P 500 devem apresentar seus relatórios nesta semana. Entre os destaques estão Alphabet, Microsoft, Visa, General Electric, Verizon Communications, General Motors, Meta Platforms, eBay, Intel, Chevron, Exxon Mobil e Procter & Gamble.

Além dos resultados corporativos, a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) será acompanhada de perto pelos investidores. Existe quase uma certeza de que o banco central aumentará a taxa de juros nominal em 25 pontos-base. No entanto, o que acontecerá em seguida é a grande questão. Espera-se que o Fed aumente as taxas em 25 pontos-base e, provavelmente, sinalize uma abordagem de “esperar para ver” na reunião de setembro, com a decisão possivelmente sendo adiada para o final de agosto durante o simpósio de Jackson Hole. Os investidores estão atentos aos sinais do Fed para obter uma visão sobre suas futuras ações em relação à política monetária.

· 03:30 — Um novo logo

Uma das aves mais reconhecidas do mundo pode estar prestes a ser extinta, se Elon Musk for fiel à sua palavra. O bilionário disse que substituirá o famoso logotipo de pássaro (o que a empresa chama de “ativo mais reconhecível”) por um “X”. Abandonar a marca clássica do Twitter é a indicação mais clara de que Musk pretende criar um “aplicativo para tudo” sob uma nova empresa chamada X Corp.

Cerca de seis meses depois de adquirir o Twitter por US$ 44 bilhões, ele fundiu a empresa em uma entidade chamada X Corp. As muitas mudanças de Musk no Twitter até agora não funcionaram bem para as partes interessadas. Em maio, a Fidelity disse que a plataforma valia apenas um terço do que Elon Musk pagou por ela. Ainda não se sabe se a perda da identidade do Twitter terá efeitos para a companhia.

· 04:05 — Quem venceu?

Na Espanha, as pesquisas prévias de intenção de voto à eleição geral apontavam para uma vitória da direita, mas os partidos dessa vertente política não conseguiram obter a maioria necessária. O primeiro-ministro Pedro Sanchez, no entanto, conseguiu uma reviravolta durante os últimos dias da campanha eleitoral espanhola para evitar que seus oponentes de direita alcançassem a maioria parlamentar.

Embora o Partido Popular, de centro-direita, tenha conquistado o maior número de assentos, o bloco de direita ficou com apenas 170 no total, precisando de pelo menos 176 para derrubar o atual governante, que tem 51 anos. Por outro lado, Sanchez, com uma gama mais ampla de possíveis parceiros, poderia reunir 172 votos, formando uma coalizão progressista junto com partidos bascos, catalães e minoritários regionais.

Após a contagem dos votos, tanto Sanchez quanto o líder do PP, Alberto Nunez Feijoo, comemoraram a vitória perante seus apoiadores, mas é Sanchez quem está em vantagem, pois permanece no cargo por enquanto. A menos que uma coalizão o substitua com uma alternativa que obtenha votos suficientes, ele permanecerá no governo. No entanto, a incerteza sobre a formação de uma coalizão pode afetar os ativos espanhóis no curto prazo, pois uma votação inconclusiva seria considerada o pior resultado para os investidores.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.