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Super Semana dos bancos centrais: por que sinalização do Fed pode ser positiva para o Brasil

Na próxima quarta (26), a reunião do Fed pode ser decisiva para uma mudança de perspectiva da taxa de juros americanas; entenda

Por Matheus Spiess

25 jul 2023, 10:58 - atualizado em 25 jul 2023, 10:58

taxas de juros - Fed
Imagem: Freepik

Esta semana representa um ponto crucial para os mercados globais. Todos estão atentos à conclusão da reunião do Federal Reserve (Fed), agendada para quarta-feira (26), a partir da qual é amplamente esperado um aumento de 25 pontos-base nas taxas de juros.

Contudo, o foco principal está em saber se o Fed irá sinalizar o fim do ciclo de aumento de juros que já dura quase 16 meses, considerando os indícios de redução da inflação.

Uma pausa no ciclo de aumento de juros é vista como uma notícia positiva para os mercados de ações. Porém, antes de nos concentrarmos nos acontecimentos dos Estados Unidos, é importante observar outras regiões também relevantes.

Para além do Fed

O Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão (BoJ), por exemplo, também estão na lista de autoridades monetárias com reuniões agendadas nesta semana.

O que esperar do BCE

Na Europa, vale destacar que o BCE tem elevado as taxas há um ano. A campanha de aumento do BCE tem sido considerada a mais difícil de todas até o momento.

Ainda é esperado mais um aumento de 25 pontos-base na taxa de depósito, elevando-a para 3,75%, além dos 400 pontos de aperto monetário já decretados desde julho passado (será o nono aumento consecutivo).

No entanto, os europeus são menos propensos a oferecer orientações futuras. Paralelamente, o euro está em seu nível mais alto já registrado, o que pode levar o BCE a adotar uma postura mais dovish, uma vez que o BCE pode adotar uma postura mais dovish.

Tanto é verdade que alguns dirigentes têm dado sinais nessa direção, sugerindo que o ciclo de aperto pode estar chegando ao fim.

No entanto, a inflação na zona do euro ainda se mantém bem acima da meta de 2%, o que demanda atenção, mesmo tendo desacelerado bem desde o pico de 10,6% em dezembro. Alternativamente, outra medida que pode ajudar a combater a inflação é a aceleração do processo de redução das carteiras de títulos.

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Japão não deve mudar a rota

Por outro lado, no Japão, não se espera alteração na estratégia para o controle da curva de juros.

Os dirigentes preferem avaliar mais dados para garantir que os salários e a inflação continuem aumentando.

De qualquer forma, estamos prestes a testemunhar uma série de decisões monetárias que terão impacto significativo.

Fonte: Bloomberg

Voltando ao Fed

Falando novamente sobre os Estados Unidos, além dos resultados corporativos do segundo trimestre, a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) será observada de perto pelos investidores.

É praticamente certo que o banco central aumentará a taxa de juros nominal em 25 pontos-base. No entanto, a grande incógnita é o que acontecerá em seguida.

Prevê-se que o Fed sinalize uma abordagem de “esperar para ver”, com a decisão de efetivamente pausar possivelmente adiada para o final de agosto, durante o simpósio de Jackson Hole.

Uma pausa após o aumento desta semana pode ser benéfica, já que uma política de aperto contínuo para desacelerar a economia pode levar a mais estresse corporativo, como já ocorreu com os bancos no início do ano.

O Fed vai tolerar mais inflação?

Ao mesmo tempo, há crescentes esperanças de um “pouso suave” (“soft landing”, em inglês) para a economia dos EUA, o que provavelmente dependerá da disposição do Federal Reserve em tolerar uma inflação significativamente mais alta do que preferiria.

Nesse contexto, as ações e os títulos tiveram uma forte alta neste mês, impulsionados pelo crescente otimismo de que o próximo aumento de taxa de juros pelo banco central dos EUA em 26 de julho poderia ser o último para este ciclo.

No entanto, ambas as classes de ativos tiveram momentos de incerteza desde a semana passada, devido a preocupações de que o presidente do Fed, Jerome Powell, possa adotar uma postura mais agressiva em relação à política monetária.

Fontes: Citi e Bloomberg

Como isso pode ser bom para o Brasil

A preocupação aumentou recentemente, à medida que os indicadores do mercado de trabalho destacaram o potencial de que as principais pressões de custo permaneçam presentes, mesmo com a desaceleração do ritmo da inflação.

Essa situação tem sido um desafio, pois a economia dos EUA parece estar desafiando a ideia de que o ciclo de aperto mais acentuado em 40 anos resultaria em desaceleração.

No final, porém, resiliência demonstrada pela economia pode levar a uma postura menos severa do Fed em relação às ações, com a expectativa de que os lucros das empresas voltem a crescer.

Interessante para outros países, como o Brasil, que já flertam com o início do ciclo de flexibilização (iniciado provavelmente na semana que vem). O fim do aperto americano pode deixar as coisas mais fáceis para nós.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.