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Mercado em 5 minutos

Mercado aguarda resultados do 2T23 de Santander e Vale e relatório de produção de Petrobras; confira

Além disso, lá fora tivemos a divulgação dos balanços de Alphabet (Google) e Microsoft, enquanto os americanos esperam uma possível nova alta de juros.

Por Matheus Spiess

26 jul 2023, 09:09 - atualizado em 26 jul 2023, 09:09

Agenda-de-Resultados-do-2T23-2T-2023

Bom dia, pessoal. Hoje, os mercados asiáticos registraram quedas em várias importantes bolsas, incluindo Xangai, Tóquio, Hong Kong e Seul. Isso aconteceu após Wall Street alcançar sua máxima em 15 meses antes de uma aguardada reunião do Federal Reserve, onde os investidores esperam que seja concluído o último aumento das taxas de juros deste ciclo. O foco também estava na forma como o Partido Comunista da China irá cumprir sua promessa de sustentar o crescimento econômico, após o governo chinês anunciar seu apoio aos empresários e ao setor imobiliário em dificuldades, mas sem fornecer detalhes específicos. Estímulos claros poderiam servir de suporte para as commodities.

Apesar do bom desempenho da Alphabet, controladora do Google, ontem à noite, os futuros americanos estão em queda hoje, devido à expectativa de um aumento de 25 pontos-base na principal taxa de empréstimo pelo Federal Reserve, levando-a ao seu maior nível em 22 anos. O que realmente está em jogo é a sinalização futura do Fed. Alguns setores do mercado voltaram a acreditar que o banco central dos EUA poderá implementar um “pouso suave”, controlando a inflação e evitando uma recessão. Enquanto isso, os mercados europeus também estão em baixa, assim como os preços do petróleo. O cenário global permanece atento às decisões do Federal Reserve e aos desdobramentos da economia mundial, afetando os movimentos dos mercados.

A ver…

· 00:53 — E avançamos para além dos 120 mil pontos

No Brasil, a temporada de resultados está ganhando impulso após os fortes números da Telefônica. Hoje, teremos os resultados do Santander e o relatório de produção da Petrobras, enquanto amanhã ficaremos com o resultado da Vale.

A queda do petróleo pode impactar a manhã de hoje, mas os preços favoráveis do minério de ferro proporcionam algum conforto. A expectativa pelos estímulos chineses e as projeções mais otimistas do FMI para a economia global têm sustentado as commodities.

Entretanto, o ponto central de atenção é a divulgação do IPCA-15 de julho. A prévia da inflação mostrou uma deflação maior do que o previsto, fortalecendo a tese de um corte de 50 pontos-base na reunião do Copom na semana que vem. Alguns investidores já estão projetando cortes de 75 pontos-base ainda em 2023, o que poderia levar a taxa Selic para níveis entre 12% e 11,5% até o final do ano.

Esse cenário tem impulsionado o Ibovespa, que superou definitivamente os 120 mil pontos e pode buscar 125 mil pontos e, posteriormente, 130 mil pontos nos próximos dias. Os próximos gatilhos para o mercado são a reunião do Copom na semana que vem e o desempenho das empresas durante a temporada de resultados. Com o progresso da flexibilização da política monetária, o mercado parece ganhar confiança e tração em direção a patamares mais altos.

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· 01:46 — E essas reformas?

Durante a primeira metade do ano, o mercado mostrou otimismo com os avanços na reforma tributária e no arcabouço fiscal no Congresso, além da convergência da inflação para a meta, o que impulsionou o retorno das ofertas públicas. No entanto, o segundo semestre se apresenta mais desafiador, especialmente para uma das pautas relevantes do governo: a reforma tributária da renda.

A proposta do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de taxar fundos offshore, fundos exclusivos de investimentos e distribuição de lucros e dividendos, enfrenta resistência de empresários e agentes de mercado, que já apresentaram um pedido para que a equipe econômica abandone essa ideia. A possível eliminação dos juros sobre capital próprio (JCP) também gerou reações negativas no mercado.

O objetivo de Haddad é elevar a arrecadação para eliminar o déficit das contas públicas em 2024, mas essa proposta tem encontrado obstáculos e ruídos no cenário político e econômico, especialmente por parte dos bancos. A dificuldade em promover reformas no Brasil é claramente ilustrada por essas reações divergentes e os desafios que o governo enfrenta em relação ao tema da reforma tributária.

· 02:39 — Vem aumento de juros aí

Nos Estados Unidos, o Dow Jones Industrial Average está prestes a fazer história com uma série impressionante de ganhos. O índice está em sua décima segunda sessão consecutiva de valorização, a sequência mais longa desde fevereiro de 2017. Surpreendentemente, esse movimento ocorre exatamente quando o Comitê Federal de Mercado Aberto está prestes a anunciar sua decisão de taxa de juros. Caso o índice obtenha um ganho hoje, será a maior sequência de alta desde janeiro de 1987, com 13 dias de valorização. O recorde histórico do Dow foi estabelecido em 1897, com 14 pregões consecutivos de ganhos.

Enquanto isso, os investidores praticamente têm certeza de que o banco central aumentará a taxa de juros em 25 pontos-base, chegando à faixa de 5,25% a 5,5%, marcando o décimo primeiro aumento desde o início de 2022. Isso levará as taxas a níveis não vistos desde janeiro de 2001. Contudo, o que realmente importa é a direção futura do Fed. A coletiva de imprensa do presidente Jerome Powell será acompanhada de perto para buscar sinais de que o banco central está considerando seus próximos passos em relação à política monetária. Com base no trabalho realizado até agora, espera-se que o Fed mantenha a possibilidade de um novo e último ajuste na próxima reunião, mas estará disposto a renunciar a esse aumento caso os dados econômicos o permitam nas próximas semanas.

· 03:24 — De que lado está a Índia: dos EUA ou da China?

Com base nos recentes encontros entre o presidente Biden e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, especialmente a visita à Casa Branca de Modi em junho, pode-se pensar que os dois líderes eram aliados muito próximos. No entanto, a Índia tem uma longa história de política externa denominada “não-alinhamento estratégico”.

Depois de enfrentar um século de domínio colonial britânico, é compreensível que os indianos resistam a se envolverem em alianças globais. Além disso, a Índia tem a ambição de não depender de ninguém. A nação já ultrapassou a China como o país mais populoso do mundo e sua economia pode superar a da Alemanha e do Japão.

No entanto, a postura de equilíbrio da Índia foi fortemente desafiada quando se recusou a condenar explicitamente a invasão da Ucrânia pela Rússia. Isso levanta a questão de que a Índia precisa escolher um lado. Dadas as circunstâncias recentes, parece cada vez mais provável que a Índia se incline para o lado dos americanos.

· 04:12 — Sem comum acordo

Por falar no gigante do sudeste asiático, representantes das principais economias do mundo se reuniram recentemente em Goa, Índia, para discutir a transição energética, em meio ao aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos em várias regiões do planeta. A Reunião do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, que abrange mais de três quartos das emissões globais e do produto interno bruto mundial, tinha o objetivo de definir uma estratégia para a eliminação dos combustíveis fósseis.

No entanto, apesar de alguns pontos de acordo, a cúpula terminou sem um consenso claro sobre como realizar essa transição. Os gases de efeito estufa, como dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, continuam batendo recordes, e o aumento das temperaturas e a perda de biodiversidade tornam-se cada vez mais intensos. A fabricação de combustíveis fósseis está sendo terceirizada para nações em desenvolvimento, onde a desregulamentação é usada para impulsionar suas economias.

A reunião dos líderes do G20 em setembro e o fórum COP28 em dezembro são eventos aguardados por investidores em energia e renováveis, pois ainda não foi definida uma meta global específica para o desenvolvimento de energia renovável, e persistem divergências sobre a eficácia das tecnologias de captura de carbono. A busca por uma abordagem conjunta continua sendo um desafio para enfrentar as questões urgentes relacionadas às mudanças climáticas.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.