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Mercado em 5 minutos

Fed aumenta taxa de juros para maior nível em duas décadas e lança “PIX” americano; confira

O Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve aumentou sua taxa de fundos federais, estabelecendo uma meta de 5,25% a 5,50%, além de ter lançado o “FedNow” – novo sistema de pagamentos instantâneos.

Por Matheus Spiess

27 jul 2023, 08:29 - atualizado em 27 jul 2023, 08:29

taxas de juros - Fed
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Nesta quinta-feira, os mercados asiáticos tiveram alta após o Federal Reserve aumentar as taxas de juros para o nível mais alto em mais de duas décadas, conforme esperado pelo mercado. Agora, a atenção regional se volta para a reunião de política monetária do Banco Central do Japão, que pode resultar amanhã (sexta-feira) em mudanças na política ultrafrouxa que perdura há muito tempo.

Os mercados europeus começaram o dia em alta, seguindo o mesmo movimento dos futuros americanos. Na coletiva de imprensa após a reunião de ontem, o presidente do Fed, Jerome Powell, mencionou a possibilidade de aumentar as taxas novamente em setembro, dependendo dos dados econômicos até lá. A perspectiva de desaceleração da inflação pode indicar que o aumento desta quarta-feira foi o último.

Além disso, os investidores estão atentos aos anúncios de política monetária do Banco Central Europeu e do Banco do Japão, programados para quinta e sexta-feira, respectivamente. No continente europeu, também há expectativa em relação a várias medidas de sentimento do consumidor e dados sobre as vendas no varejo. Quanto ao mercado de commodities, o petróleo apresenta alta nesta manhã, enquanto o minério de ferro segue em queda. 

A ver…

· 00:46 — Mais sinalizações positivas

No Brasil, o Ibovespa alcançou uma nova máxima que não era vista desde agosto de 2021. Após o recente gatilho do IPCA-15, os investidores locais receberam uma boa notícia com a elevação do rating soberano do Brasil pela Fitch, de BB- para BB (ainda dois níveis abaixo do grau de investimento perdido em 2015), com perspectiva estável. 

Essas agências de rating são consideradas indicadores tardios, mas mesmo assim, o movimento reforçou a tendência positiva para o país. Agora, a tese de um corte de 50 pontos na taxa Selic na próxima semana ganhou força, o que poderia ser mais um impulso para o Ibovespa atingir os 125 mil pontos nos próximos dias, como mencionado anteriormente.

No entanto, o contexto internacional, questões políticas locais e a temporada de resultados podem eventualmente atrapalhar esse cenário positivo. Ontem, a Petrobras divulgou o relatório de vendas e produção do segundo trimestre, que será analisado ao longo do dia de hoje (as ADRs da empresa caem no mercado exterior). Além disso, a expectativa também se volta para o resultado da Vale, que pode trazer surpresas, assim como o relatório de produção.

· 01:30 — Podemos ter visto o fim do ciclo de aperto monetário americano

Nos Estados Unidos, o Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve aumentou sua taxa de fundos federais em 25 pontos-base, estabelecendo uma meta de 5,25% a 5,50%. Essa foi a 11ª elevação desde março de 2022, quando a autoridade monetária começou a elevar os juros para combater a inflação, levando a taxa para o nível mais alto em 22 anos. Os membros do Fed demonstraram um otimismo crescente em relação à economia dos EUA, um sentimento compartilhado pelo presidente Jerome Powell durante sua coletiva de imprensa após a reunião.

Uma das indicações desse otimismo foi uma mudança na redação da declaração de política do FOMC: a atividade econômica está se expandindo em um ritmo “moderado”, em vez de “modesto”, como foi mencionado após a última reunião. Powell também observou na coletiva de imprensa que a equipe do banco central não prevê mais uma recessão nos EUA este ano, apenas uma desaceleração no crescimento. Essa perspectiva dá ao Fed uma justificativa adicional para aumentar as taxas de juros, pois a economia parece ter condições de suportar tal medida. O curso das taxas dependerá da trajetória da inflação.

As autoridades do Fed terão dois meses de dados à frente antes de tomar a próxima decisão política. No momento, os futuros de taxas de juros precificam uma probabilidade de aproximadamente um em quatro de outro aumento. Ao mesmo tempo, o mercado não sugere chances significativas de um corte na taxa dos fundos federais até 2024. A agenda também inclui a temporada de resultados (a Meta surpreendeu positivamente ontem) e dados do PIB, que serão relevantes para acompanhar o desempenho da economia e o cenário das políticas monetárias.

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· 02:36 — O PIX americano

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve lançou o “FedNow”, um novo sistema de pagamentos instantâneos com o objetivo de modernizar o sistema bancário do país, que atualmente é considerado antiquado. Essa iniciativa é uma espécie de equivalente ao PIX brasileiro e está sendo inicialmente apoiada por 57 organizações, incluindo grandes bancos como Bank of New York Mellon, JPMorgan Chase, Wells Fargo e U.S. Bancorp, mas a ideia é integrar mais credores e cooperativas de crédito no futuro próximo. Vale mencionar que outros países, como Índia e Reino Unido, já possuem serviços semelhantes.

Atualmente, as liquidações de pagamentos em dinheiro nos EUA podem levar de um dia a muitos dias, devido à necessidade de verificar transações, contas e compensar fundos. Com o FedNow, todas essas etapas aconteceriam instantaneamente, complementando os sistemas de pagamentos em tempo real já existentes no setor privado. Essa inovação permitirá que consumidores e pequenas empresas realizem transações diretamente através de contas do banco central. Contudo, é importante destacar que a implementação completa do sistema pode levar algum tempo e resultados significativos só devem ser percebidos no próximo ano. O FedNow representa um passo importante rumo a uma maior agilidade e eficiência nas transações financeiras nos Estados Unidos.

· 03:24 — E a decisão europeia

Hoje, o Banco Central Europeu (BCE) realizará sua reunião para definir sua política monetária. É amplamente esperado que a autoridade eleve as taxas de juros em 25 pontos-base, para 3,75% ao ano, seguindo a trajetória de aumento já adotada pelo Federal Reserve nos Estados Unidos. A grande questão que se coloca é se esse aumento de hoje será o último da campanha de aperto monetário do BCE ao longo de um ano. O mercado ainda considera provável que haja mais um aumento de 25 pontos-base na reunião de setembro, levando as taxas para 4% neste segundo semestre de 2023.

No entanto, os europeus são menos inclinados a oferecer indicações claras sobre os próximos passos. Enquanto alguns membros do BCE parecem estar adotando uma postura mais conciliatória ultimamente, o debate sobre o futuro dos aumentos de juros ainda está em curso. Nas últimas semanas, houve um aumento do suspense em relação ao posicionamento da autoridade monetária, especialmente após alguns dirigentes emitirem sinais indicando que o ciclo de aperto pode estar chegando ao fim. A incerteza reside em saber o quão próximo do fim esse ciclo está. A inflação na zona do euro continua bem acima da meta de 2%, o que coloca em evidência a necessidade de cuidado e avaliação cuidadosa das ações do BCE em relação à política monetária.

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· 04:17 — Uma relação atribulada

Os laços entre os EUA e a China têm enfrentado desafios ao longo deste ano. No entanto, a questão em que ambos têm buscado encontrar terreno comum é a questão do clima. Com ondas de calor recorde atingindo grande parte do planeta nas últimas semanas, a cooperação entre os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo torna-se ainda mais urgente.

Nos últimos anos, os EUA e a China têm emitido sinais mistos em relação ao clima. Enquanto o governo Biden aprovou legislações que investirão bilhões de dólares em energia verde, também deu luz verde a novos planos para exploração de petróleo e gás natural no Alasca e no Golfo do México. Por sua vez, a China aumentou a parcela de fontes renováveis em seu mix energético, mas também tem recorrido intensamente ao carvão após uma escassez recente de energia.

Em meio a essa situação, o emissário para o clima dos EUA, John Kerry, visitou Pequim para três dias de negociações, buscando iniciar um diálogo antes da cúpula do clima COP28 em Dubai, em novembro. Kerry é o terceiro alto funcionário dos EUA a visitar a China em um curto período de tempo, com o objetivo de aliviar as tensões e promover o diálogo. Ele está propondo que a China contribua para um fundo destinado a auxiliar nações pobres, compensando-as pelos efeitos da mudança climática. No entanto, dado que ambos os lados estão relutantes em fazer concessões, é provável

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.