Investimentos

Fed aumentou a taxa de juros (de novo): como ficam as Bolsas americanas e o Ibovespa?

Além disso, os EUA divulgaram nesta quinta (27) o PIB referente ao segundo trimestre de 2023, que também deve mexer com expectativas para as próximas decisões do Fed.

Por Nicole Vasselai

27 jul 2023, 15:13 - atualizado em 27 jul 2023, 15:13

Imagem representando o Fed, mostrando a fachada da instituição.

Ontem (26), nos Estados Unidos, o Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve (FOMC) aumentou a taxa de juros americana em 25 pontos-base, estabelecendo uma meta de 5,25% a 5,50%, como já esperado pelo mercado. Essa foi a 11ª alta desde março de 2022, quando a autoridade monetária começou a elevar os juros para combater a inflação, levando a taxa para o nível mais alto em duas décadas.

Na reunião, segundo João Piccioni, analista da Empiricus Research, os membros do Fed demonstraram otimismo crescente em relação à economia dos EUA. “O próprio Jerome Powell [presidente do Fed] passou uma mensagem muito mais leve e suave, mesmo com mais esse aumento”.

Para o analista, esse comunicado mais “dovish” pode abrir espaço para, nas próximas reuniões, o FOMC frear ou mesmo encerrar o aperto monetário nos EUA.

“Os dados de inflação ao longo do mês de julho, referentes a junho, foram positivos, mostraram que o processo de deflação está acontecendo de alguma forma. Além disso, as métricas de confiança do consumidor também dão um certo ‘desafogo’ para a economia. E ficou bastante claro que os próximos passos do Fed devem olhar muito mais pros dados que a economia vai produzir”.

Inclusive, Piccioni ressalta a tranquilidade com a qual os mercados responderam à decisão de política monetária. Tanto as Bolsas de Nova York, Nasdaq e Dow Jones, quanto o VIX, conhecido como “índice do medo” apresentaram volatilidade bastante controlada.

Os ativos de risco vão continuar se valorizando?

Na visão do analista, sim.

Para defender esse ponto, ele lembra que o Fed deve continuar dando suporte a bancos regionais, por exemplo, evitando qualquer quebradeira.

Além disso, as empresas listadas que tomaram dívida em anos anteriores, a taxas menores que as atuais, vão ver esses títulos vencerem apenas daqui um, dois, três anos. “Até lá, elas têm um ‘colchão de tempo’ suficiente para se prepararem para se refinanciarem a taxas mais altas”.

Esses fatores, segundo Piccioni, tendem a manter os investidores confiantes, como estiveram até agora.

Como foi o PIB dos EUA no 2º trimestre?

“Da ótica do investimento nos EUA, o PIB surpreendeu bastante, porque estamos vendo um investimento grande da indústria no setor residencial, em infraestrutura e equipamento. Isso puxou os investimentos das empresas, em geral, muito para cima nesse trimestre”, explica o analista.

Além disso, ele chama atenção para um detalhe importante: o resultado da economia no segundo trimestre foi inflado também pelo investimentos locais. “No período da pandemia, muitos distritos receberam uma ‘bolada’ que até agora não havia sido usada e agora foi ‘pedida de volta’ pelo governo federal caso não fosse usada. Com isso, muitas regiões dos EUA aumentaram o investimento público no 2T23”.

Por outro lado, o consumo da pessoa física ainda não voltou com força total, pela própria taxa de juros elevada. Para Piccioni, uma vez que a confiança do consumidor for retomada de verdade, a tendência é a indústria também se “entusiasmar mais”, formando uma “bola de neve” positiva, que tende a empurrar as Bolsas americanas ainda mais para cima.

A decisão do Fed prejudica investimentos estrangeiros na B3?

Piccioni não acredita exatamente nisso.

“Se a gente afasta a recessão nos EUA para 2024 ou cada vez mais pra frente, o risco de calda para o Brasil também é afastado, e abre espaço para a Bolsa brasileira continuar subindo”, avalia.

Para conferir a entrevista completa de João Piccioni para o Giro do Mercado, clique aqui:

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.