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Mineradora de lítio que já subiu 2.500% em 5 anos lança BDRs na Bolsa brasileira; conheça a Sigma Lithium

Conhecido como ‘petróleo branco’, lítio é matéria-prima das baterias de carros elétricos e deve ter demanda ascendente nos próximos anos

Por Juan Rey

01 ago 2023, 10:10 - atualizado em 01 ago 2023, 10:10

Sigma Lithium SGML lítio
Imagem: Divulgação/Sigma Lithium

Em prol de uma melhora nas condições climáticas, o mundo busca novas alternativas energéticas que possam diminuir os danos ao meio ambiente. Neste contexto, o lítio aparece com um potencial enorme. É a partir deste mineral que são produzidas as baterias, não só dos aparelhos eletrônicos, mas também de um mercado que cresce cada vez mais: o de carros elétricos.

Por conta do potencial e da relação com a indústria automobilística, o lítio ganhou o apelido de “petróleo branco”, o que evidencia as fortes expectativas sobre a commodity.

Grande parte das perspectivas otimistas com o mineral estão relacionadas justamente aos carros elétricos. Como lembra o analista da Empiricus Research, Matheus Spiess, existem hoje ao redor do globo diversos projetos de eletrificação das frotas. 

“Na Europa, a expectativa é que todos os países tenham 100% da frota eletrificada até 2040. Outros países maiores estão fazendo projeções agressivas. A China quer de 25% a 30% da frota composta por carros elétricos nos próximos anos”, afirmou.

Por isso, a tendência é que a demanda por lítio seja ascendente a cada ano. Consequentemente, as empresas que atuam na mineração da commodity devem se beneficiar fortemente da evolução deste mercado. 

Sigma Lithium: o player favorito do setor de mineração de lítio

Uma das principais é a canadense Sigma Lithium (SGML). A companhia, até então listada na bolsa de Toronto, no Canadá, e na Nasdaq, nos EUA, chegou à B3 na última segunda-feira (24) por meio de BDRs.

A empresa atua na extração e exportação de lítio. A mineração é feita na Grota do Cirilo, região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.

Nos últimos cinco anos, as ações da Sigma já valorizaram mais de 2.500%. A alta exponencial se deve, claro, às expectativas em torno da indústria de carros elétricos.

Segundo Spiess, a demanda esperada de lítio em 2040 é na casa das 7 milhões de toneladas. 

“Existe a oferta de lítio ao redor do mundo, mas não para compreender essa demanda ao longo dos próximos anos. Em outras palavras, deve haver um déficit estrutural de oferta para uma demanda crescente”, explica.

Além de inserida em um mercado altamente promissor, o analista explica que o lítio minerado pela companhia pode ser considerado “premium”. A maior parte da reserva mundial da commodity está armazenada em salmouras de lagos salgados, o que não é o caso do lítio extraído pela Sigma.

“Existem duas maneiras de extrair o lítio: em salmoura ou em pedra dura. A pedra dura normalmente é mais vantajosa e tem um prêmio maior. Tem um custo menor para a extração e um prêmio melhor na venda”, explica.

Sigma já enviou 30 mil toneladas de lítio à China

Spiess explica que a Sigma trabalha com “fases”. A primeira, está em andamento: a companhia já entregou cerca de 30 mil toneladas de lítio para a China.

“Até então tínhamos conhecimento de três fases, que já trariam um valuation potencial muito atrativo, mas como era pré-operacional existia um desconto. Agora estamos vendo que a companhia consegue entregar resultados, mas é só a primeira fase, tem mais algumas”.

“Caso tenhamos confirmação do que foi apresentado pela companhia, estamos falando de um potencial de valor de mercado de mais de US$ 10 bilhões até a fase 3. Hoje a companhia vale um pouco mais de US$ 4 bilhões”, afirmou.

A grosso modo, os números apresentam um potencial aumento de valor de mercado de cerca de US$ 6 bilhões “se considerarmos só as fases mais próximas de serem concluídas”, aponta Spiess.

“São projeções, têm o risco de não se materializarem. Mas até agora a ação tem entregado e o mercado tem percebido isso. O papel está sendo acompanhado por grandes casas de análises e bancos internacionais”, afirmou.

Tese é arriscada, mas tem grande potencial

No entanto, nem tudo são flores. O case, lembra o analista, é arriscado e o investimento nas ações deve representar uma pequena parte da carteira. 

“Estamos lidando com uma tese de crescimento ao longo dos próximos anos, de maturação mais longa e, consequentemente, de risco”.

Feito o disclaimer, mesmo com a alta superior a 120% nos últimos 12 meses, o analista acredita que há espaço para mais. “Ainda vejo atratividade e assimetria no investimento”.

Adicionalmente, a companhia é um case importante no que diz respeito à temática ESG. A Sigma tem trazido um desenvolvimento importante para a região do Vale do Jequitinhonha, onde opera a mina de lítio, além da contribuição para a transição energética.

“Estamos falando de uma indústria verde. Por mais que seja mineração, é uma indústria que no final da cadeira trata da eletrificação de frotas. Confiamos na governança da companhia atendendo os três itens do ESG”, conclui Spiess.

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br