Investimentos

Apple (AAPL) reporta queda nas vendas de iPhones e Macbooks no 2T23; veja a avaliação da Empiricus Research

Apesar de vendas abaixo das expectativas no 2T23, rentabilidade e lucro por ação da Apple surpreendem positivamente

Por Richard Carboni Camargo

04 ago 2023, 09:01 - atualizado em 04 ago 2023, 09:05

Apple AAPL34 AAPL
Imagem: Divulgação/Apple

A Apple (Nasdaq: AAPL | B3: AAPL34) divulgou após o fechamento de mercado de ontem (3) seus resultados do 2T23, com queda marginal nas vendas, porém com uma rentabilidade melhor que a esperada pelo mercado.

No total, a Apple apresentou uma receita de US$ 81,8 bilhões no trimestre, 1,5% inferior na comparação anual.

Após a divulgação, as ações caíram cerca de 2% no pregão noturno.

Entre as linhas de negócio, a receita com a venda de iPhones totalizou US$ 39,6 bilhões, uma queda de 2,3% na comparação anual e abaixo do esperado pelo mercado.

Podemos dizer que, até este momento, a Apple era último pilar firme do segmento mobile a não sofrer com a desaceleração geral do setor desde 2022. 

Quarta-feira (2), por exemplo, a Qualcomm (a maior empresa de semicondutores para o segmento mobile do mercado) reportou resultados fracos e um guidance tão amplo que talvez fosse melhor nem ter sido comunicado. As ações caíram 8% ontem.

Essa desaceleração agora chega também ao iPhone, cujas vendas se mantiveram resilientes nos últimos trimestres.

Da nossa parte, não observamos nada que devesse preocupar o investidor; numa análise relativa, a Apple ainda é de longe o player mais resiliente do setor.

Vendas de Macbooks caíram 7% no 2T23

No segmento de PCs, a venda de Macbooks totalizou US$ 6,8 bilhões, queda de 7% versus o ano anterior.

Como vimos nas últimas semanas, através dos resultados como os da AMD, as vendas de PCs ainda estão caindo entre 20% e 30%, sofrendo com a ressaca da pandemia.

No geral, os fabricantes tem praticado com seus distribuidores e parceiros um “sell-in” abaixo do “sell-out”. Ou seja, entregando menos dispositivos do que os vendidos na ponta final.

Essa dinâmica é típica de períodos onde há um problema de estoques, e a indústria de computadores pessoais trabalha neste momento para corrigir esse problema.

No caso da Apple, há um fator adicional: as vendas do primeiro semestre de 2022 não só ainda contavam com o impulso da pandemia, mas também se beneficiavam de um efeito novidade, com o lançamento da linha Mac com chips M1 (os chips proprietários da Apple). 

Esperamos que essa dinâmica deixe de fazer parte dos resultados já nos próximos trimestres.  

Por outro lado, receita da divisão de serviços da Apple cresce 8%

A divisão de serviços, que compila as receitas da Apple Store, do iCloud e outros, teve receitas de US$ 21,2 bilhões, crescimento de 8% na comparação anual

Em serviços, a Apple se beneficiou sobretudo dos aumentos de preços realizados nos últimos meses.

Sob uma perspectiva geográfica, a Europa voltou a crescer e até que enfim encontramos uma empresa cujos resultados permitem falar em reabertura chinesa sob níveis interessantes.

Na China, as vendas totalizaram US$ 15,75 bilhões, um crescimento de quase 8% versus 2022. 

Em termos de rentabilidade, a margem bruta foi de 36%, em linha com o histórico.

2T23 da Apple: avaliação mista

No geral, esse foi um trimestre misto para a Apple: apesar da queda nas vendas e da performance mais fraca do iPhone, o seu extenso programa de recompra de ações e a ajuda de alíquota efetiva cerca de 2,5 pontos percentuais menor que no 2T22 permitiram uma surpresa de US$ 0,05 no lucro por ação, que encerrou o trimestre em US$ 1,26.

Negociadas a 30 vezes os lucros estimados para os próximos 12 meses, as ações da Apple estão presentes na série Investidor Internacional há mais de 5 anos e acumulam um retorno superior a 350% no período, em dólares.

Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.