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Mercado em 5 minutos

Reunião da Opep e seus aliados pode ter impacto adicional no preço do petróleo nesta sexta (4); confira

Além disso, No Brasil, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic gerou repercussões (não muito animadoras) no mercado.

Por Matheus Spiess

04 ago 2023, 09:07 - atualizado em 04 ago 2023, 09:36

Imagem representando o investimentos em petróleo, mostrando uma plataforma de petróleo. PETR4

Bom dia, pessoal. Hoje, a maioria das ações asiáticas encerrou o pregão com predominância de ganhos, mesmo após os sinais amplamente negativos nos mercados globais durante o pregão anterior. Os investidores adotaram uma postura cautelosa antes dos principais dados do mercado de trabalho dos EUA. As ações chinesas, em particular, tiveram uma alta impulsionada por novas promessas de estímulo do governo. A aversão ao risco ainda persiste no cenário global, após o corte inesperado da classificação soberana dos EUA pela Fitch.

Enquanto isso, os mercados europeus e os futuros americanos abriram o dia em alta. Essa tendência foi influenciada pelos fortes pedidos de manufatura da Alemanha em junho, impulsionados por pedidos de exportação robustos. Na agenda do dia, a reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) pode ter um impacto adicional no preço do petróleo. Além disso, há a expectativa dos dados de payroll dos EUA, que serão importantes para avaliar a situação do mercado de trabalho do país. Não podemos esquecer também da análise e repercussão dos resultados corporativos divulgados ontem, após o fechamento dos mercados.

A ver…

· 00:43 — Digerindo a decisão do Copom

No Brasil, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) gerou repercussões no mercado. De forma geral, a decisão é considerada benéfica para os ativos de risco locais. No entanto, na quinta-feira, houve um notável ajuste de posição, com forte volume e volatilidade na curva de juros, resultando no dólar voltando aos R$ 4,90 (diferencial de juros menor). Os investidores ficaram relativamente mais nervosos em relação ao voto de duas personalidades técnicas em direção aos 25 pontos-base. Parece haver um pouco mais de ansiedade no curto prazo, com muitos ruídos que precisam ser absorvidos.

A trajetória aponta para mais cortes de 50 pontos-base ao longo do segundo semestre, o que ainda deve ser positivo. As projeções indicam que a Selic deve caminhar para 11,75% até o final do ano, podendo chegar a 9% até o final de 2024. Entretanto, a declaração da autoridade monetária sobre manter a taxa básica no campo contracionista para assegurar a convergência das expectativas provocou um ajuste maior do que o esperado nas projeções da Selic terminal, levando a um movimento atípico na curva de juros.

O mercado parece estar polarizado, com uma ala que acredita na manutenção do gradualismo do Banco Central e outra que aposta em uma maior agressividade, com cortes de 75 pontos-base em certo ponto. Historicamente, o Brasil foi premiado quando optou pelo gradualismo, como na gestão de Ilan Goldfajn. A incerteza persiste, mas é esperado que ao longo do tempo o mercado se ajuste e as expectativas se alinhem de forma mais clara.

· 01:40 — O peso dos dividendos

Ontem à noite, as ADRs (American Depositary Receipts) do Bradesco e da Petrobras tiveram reações distintas, com o Bradesco fechando em queda e a Petrobras próxima da estabilidade. O Bradesco reportou lucro líquido recorrente de R$ 4,5 bilhões no segundo trimestre, o que representa uma queda de 35,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Enquanto isso, a Petrobras apresentou um lucro líquido de R$ 28,7 bilhões, 47% menor do que há um ano e 24,6% abaixo do primeiro trimestre. O mercado espera um dia intenso de análises e movimentações.

Sobre a Petrobras, embora os resultados não tenham sido tão bons, eles não foram tão terríveis quanto as estimativas medianas previam, o que trouxe um certo alívio. No entanto, o problema surgiu com a aprovação do pagamento de dividendos aos acionistas no valor de R$ 14,8 bilhões. Já na nova política de dividendos, esse valor é 83% inferior ao dividendo de R$ 87,8 bilhões do segundo trimestre de 2023 (que foi uma aberração, na verdade) e também inferior aos R$ 24,7 bilhões do começo do ano.

Apesar de a nova regra ter sido recebida de forma relativamente positiva por não ser tão ruim quanto o esperado, as comparações com 2022 vão chamar a atenção. O governo, que frequentemente reclama dos dividendos, acaba sendo o principal beneficiado com esses pagamentos. Para ilustrar, a União deve receber até R$ 5,4 bilhões dos dividendos aprovados, acumulando mais de R$ 14 bilhões em 2023. Essa receita adicional é de grande ajuda para a arrecadação do governo, que vem caindo.

· 02:35 — Os tão aguardados dados de emprego

Nos Estados Unidos, no dia anterior ao relatório de emprego (payroll), os rendimentos dos títulos continuaram a subir. O rendimento da nota do Tesouro de 10 anos, por exemplo, alcançou 4,188%, aumentando 11 pontos base no dia e chegando ao nível mais alto desde 7 de novembro. Embora os investidores tenham mostrado menos preocupação com a inflação nas últimas semanas, ainda há indícios de que a chamada desinflação levará mais tempo.

Com essas informações em mente, todos estarão atentos aos dados de emprego referentes ao mês de julho. A expectativa é que a economia tenha adicionado 200 mil empregos não agrícolas após um ganho de 209 mil em junho. A taxa de desemprego deve permanecer inalterada em um nível historicamente baixo de 3,6%. O mercado de trabalho continua em situação apertada e qualquer surpresa nos números pode impactar os mercados globais.

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· 03:18 — E os números das big techs?

Ainda nos Estados Unidos, as ações da Apple e da Amazon têm apresentado um crescimento vigoroso neste ano, com alta de cerca de 50% em 2023. Entretanto, a entrega dos resultados corporativos das empresas ontem à noite pode alterar o cenário, pelo menos no futuro próximo. As ações da Amazon fecharam o pregão com um aumento de 10%, enquanto as ações da Apple tiveram uma queda de 2,4% — nem um iPhone sem bordas ao redor da tela, como se espera no novo modelo do iPhone 15, deverá conseguir reverter a percepção negativa.

A Apple registrou seu terceiro trimestre consecutivo de queda nas vendas e previu um desempenho semelhante no período atual, prejudicada por uma queda em todo o setor que minou a demanda por telefones, computadores e tablets. Por outro lado, as ações da Amazon ganharam destaque depois que a empresa apresentou uma perspectiva de vendas que superou as estimativas, indicando um forte desempenho de seu principal negócio. A receita projetada para o trimestre atual será de US$ 138 bilhões a US$ 143 bilhões, em comparação com a projeção média dos analistas de US$ 138,3 bilhões.

· 04:02 — Mais estímulos, finalmente?

Nesta sexta-feira, as ações chinesas apresentaram um desempenho superior à maioria de seus pares regionais, com os índices Shanghai Shenzhen CSI 300 e Shanghai Composite subindo 0,4% e 0,3%, respectivamente. Enquanto isso, o índice Hang Seng de Hong Kong registrou uma alta de 0,9%. A razão para esse impulso foi um comunicado conjunto dos principais comitês econômicos da China, que anunciaram que o governo implementará mais medidas para aumentar os gastos do consumidor e melhorar a liquidez local.

Essa ação é considerada relevante, dado que os dados de atividade empresarial divulgados nesta semana revelaram que a economia chinesa ainda está fragilizada no início do terceiro trimestre. No entanto, as autoridades não forneceram detalhes importantes sobre o estímulo planejado, o que gerou certo descontentamento entre os investidores. Apesar de a perspectiva de mais medidas de estímulo ter apoiado as ações chinesas nas últimas sessões, a ausência de informações concretas do governo azedou as expectativas dos investidores.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.