Bom dia, pessoal. Nos mercados asiáticos desta quarta-feira (9), observou-se uma queda após a divulgação de dados que indicaram a primeira redução nos preços ao consumidor na China, aumentando as preocupações em relação à segunda maior economia global. O sentimento nos pregões já estava abatido por conta da queda em Wall Street, agravada por novas inquietações no setor bancário e discussões sobre uma possível nova elevação das taxas pelo Federal Reserve. Agora, a atenção se volta para a desaceleração da economia chinesa, um receio ampliado com deflação após o anúncio de que as exportações da China tiveram a maior queda desde o início da pandemia.
Nesta manhã, tanto os mercados europeus quanto os futuros das ações nos Estados Unidos estão se recuperando após as quedas do dia anterior.
Os investidores agora aguardam com expectativa a divulgação dos dados de inflação dos EUA na quinta-feira, buscando insights sobre a estratégia do Fed em relação às taxas de juros. Após um aumento anunciado no mês anterior, as autoridades haviam indicado que as decisões futuras dependiam dos dados econômicos, gerando esperanças de uma possível pausa no aumento das taxas.
Contudo, um relatório de empregos contraditório na semana passada e declarações mais agressivas de alguns membros da autoridade monetária criaram certa incerteza entre os investidores.
A ver…
· 00:49 — Sim, houve um trecho mais “dove” na ata
No contexto brasileiro, a divulgação da ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) indicou a possibilidade de um aumento no ritmo de corte da taxa Selic para 75 pontos-base, sob certas condições, o que preparou o mercado para essa perspectiva.
O cenário base permanece em três reduções de 50 pontos-base ao longo de 2023, levando a taxa para 11,75% até o final do ano.
No entanto, embora seja menos provável, a aceleração do ritmo de corte, que anteriormente se previa apenas para o próximo ano, pode ser considerada nos próximos meses, dependendo do processo de desinflação.
Para que haja cortes mais substanciais, é necessário que as expectativas de médio e longo prazo continuem a cair, que o governo aprove as reformas fiscais planejadas e que a inflação de serviços desacelere mais intensamente do que tem ocorrido até agora.
Essa perspectiva ganha mais força para 2024, à medida que se espera uma taxa Selic em torno de 9% até o final do ano que vem.
Entre os anos de 2025 e 2026, é plausível que a taxa de juros alcance um patamar entre 8% e 7%, sendo mais e menos provável, respectivamente.
Essa análise leva em consideração um juro real neutro de 4,5% e uma meta de inflação de 3%.
A concretização desse cenário depende de vários fatores, incluindo os dados econômicos, como o IPCA de julho, que será divulgado na sexta-feira. Até o momento, há indícios de desaceleração na inflação geral, na inflação de serviços e nos núcleos de inflação, além de sinais de queda na atividade econômica, como demonstrado pelo IBC-Br de maio. Diante disso, a perspectiva de médio e longo prazo parece favorecer ativos de risco, contrastando com as impressões mais pessimistas transmitidas pelos últimos pregões.
· 01:59 — Afinal, qual é a alíquota?
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou uma nota técnica da pasta ontem, abordando as implicações da reforma tributária com base no projeto aprovado pela Câmara em julho. O estudo englobou oito cenários, abrangendo alíquotas que variam de 20,73% a 25,45% no cenário mais viável e de 22,02% a 27% no cenário mais cauteloso. Contudo, considerando que o texto ainda está sujeito a significativas modificações no Senado, há diversas variáveis que impossibilitam estimativas precisas.
É importante destacar que as alíquotas propostas estão em um patamar elevado em comparação com padrões internacionais. Isso, na verdade, evidencia a alta carga tributária no Brasil, atualmente mascarada por uma complexa estrutura de tributos sobre o consumo no país.
De acordo com as projeções da Fazenda, no cenário mais viável, a alíquota básica do novo imposto atingiria 25,45%, mantendo a carga tributária atual. No cenário mais conservador, essa alíquota seria de 27%. A alíquota-padrão seria definida para manter a proporção da carga tributária dos impostos que seriam extintos em relação ao PIB. As divergências entre os dois cenários decorrem, em parte, das complexidades em calcular o chamado “hiato de conformidade”, que representa a diferença entre a arrecadação potencial e a efetiva, influenciada por fatores como sonegação.
É crucial reconhecer que há ainda muitos aspectos a serem debatidos no âmbito desta reforma tributária, especialmente considerando a natureza dinâmica do processo legislativo e as diversas variáveis em jogo.
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· 02:45 — Para onde foi o rali?
Nos Estados Unidos, as ações enfrentaram mais um declínio ontem.
Globalmente, o cenário estava relativamente tranquilo, com os relatórios de resultados corporativos começando a desacelerar e poucos desenvolvimentos significativos no cenário econômico. Isso fez com que a atenção se voltasse para as notícias desfavoráveis provenientes da China, que divulgou dados comerciais fracos. Como mencionado anteriormente, as exportações chinesas caíram 14% em julho, acompanhadas por uma queda de 12,5% nas importações.
A reabertura da economia chinesa após a pandemia não gerou o impulso econômico observado nos Estados Unidos, o que levanta questionamentos sobre a sustentabilidade de longo prazo da economia chinesa.
Ao mesmo tempo, enquanto o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos continua a implementar medidas para controlar a inflação, a China enfrenta uma trajetória de queda nos preços. As últimas informações sobre os preços, programadas para serem divulgadas amanhã, provavelmente mostrarão uma diminuição anual de 0,4%.
Agravando a situação nos EUA, as ações dos bancos sofreram queda após a Moody’s rebaixar as classificações de crédito de 10 bancos regionais, além de emitir alertas para os bancos de maior porte sobre possíveis rebaixamentos. Essas preocupações ecoam parte do que a agência de classificação Fitch afirmou na semana passada, quando reduziu o rating soberano dos EUA para AA+. Embora os dados indiquem uma economia ainda sólida, os rendimentos dos títulos e os custos de empréstimos estão em níveis elevados, o que limita a margem de manobra disponível para ajustes quando a economia eventualmente mudar de rumo.
Uma nota positiva é que a recente ação da Moody’s ressalta que as condições de crédito estão suficientemente robustas, o que deve contribuir para evitar que o Fed endureça ainda mais sua postura.
· 03:31 — Uma loucura bancária
Ontem, o gabinete da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, deu sinal verde para a implementação de um imposto surpresa sobre os “lucros extraordinários” dos bancos ao longo deste ano. Essa medida “brilhante” surge em um país que frequentemente lida com instabilidade e problemas no sistema bancário.
A nova taxa foi incorporada em um abrangente conjunto de medidas, planejado para financiar reduções fiscais e fornecer suporte a diversos setores, desde licenças de táxi até assistência hipotecária para compradores de primeira viagem.
A estimativa é de que essa iniciativa possa injetar mais de US$ 2,2 bilhões nos cofres estatais. Dado o alvoroço gerado pela medida, a Itália emitiu um esclarecimento adicional sobre o imposto sobre lucros imprevistos dos bancos, assegurando que o impacto será limitado para algumas instituições financeiras e que a taxa não ultrapassará 0,1% dos ativos das empresas. Contudo, essa explicação veio um tanto tarde, já que o caos havia se propagado.
Isso ocorreu após a agência de classificação Moody’s optar por rebaixar o rating de crédito de 10 bancos regionais dos Estados Unidos e colocar outros seis em estado de alerta para possíveis cortes, reacendendo as preocupações sobre o setor após a turbulência ocorrida em março.
No segundo trimestre, os bancos americanos relataram aumento nas perdas provenientes de empréstimos, o que em parte justifica a atitude da agência. Entre os bancos rebaixados encontram-se o M&T Bank e o Pinnacle Financial, enquanto o U.S. Bancorp e o Truist Financial estavam entre aqueles que aguardavam uma possível redução em sua classificação.
A Moody’s levantou preocupações acerca de custos mais elevados de financiamento, fragilidades potenciais em termos de capital regulatório e riscos associados a uma exposição significativa do setor ao mercado imobiliário comercial, que enfrenta desafios. Essa situação continuará sendo acompanhada atentamente.
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· 04:22 — Deflação chinesa
A inflação dos preços ao consumidor na China em julho entrou em território negativo, juntando-se aos preços ao produtor que também registraram deflação em termos anuais. A queda de 0,3% nos preços ao consumidor chineses em julho marcou o primeiro declínio desde o início de 2021, revelando os efeitos do abrandamento dos gastos internos sobre a recuperação pós-pandemia no país. Esse dado segue o impacto das quedas nas exportações e importações, desencadeando um movimento global de aversão ao risco, e reacendendo preocupações sobre uma possível recessão. Contudo, a indicação de pressões deflacionárias provavelmente será transitória, uma vez que as autoridades estão sendo instadas a intensificar o apoio monetário e fiscal.
A China está atravessando um raro período de queda nos preços, à medida que a demanda de consumidores e empresas enfraquece após um breve aquecimento no primeiro trimestre, imediatamente após o afrouxamento das restrições pandêmicas. Apesar das promessas feitas pelos líderes chineses nas últimas semanas de implementar estímulos, principalmente no setor imobiliário, muito poucas medidas concretas foram tomadas, exceto por algumas reduções modestas nas taxas de juros do Banco Popular da China.
Além disso, duas outras notícias agravam o panorama. Primeiramente, há um plano nos Estados Unidos para restringir investimentos na China, que provavelmente será direcionado a empresas chinesas que obtêm pelo menos metade de sua receita de setores de ponta, como computação quântica e inteligência artificial. Em segundo lugar, há preocupações no setor imobiliário chinês.
As ações da empresa chinesa Country Garden, anteriormente a maior incorporadora imobiliária do país, sofreram uma queda abrupta após dois detentores de títulos afirmarem não terem recebido os pagamentos de juros programados no início da semana. A empresa tinha uma dívida de US$ 10,5 milhões em juros de um título em dólares com vencimento em 2026 e US$ 12 milhões em uma nota com vencimento em 2030. O não pagamento dessas dívidas poderia minar ainda mais a já frágil confiança do mercado.