Bom dia, pessoal. Nos mercados internacionais, as bolsas de valores globais experimentaram uma queda nesta sexta-feira (11), à medida que os investidores continuam a assimilar os dados divulgados no início da semana, que mostraram uma queda nas exportações da China em níveis não vistos desde o início da pandemia de Covid-19. Isso aumentou as preocupações em relação ao crescimento econômico do país asiático.
Enquanto isso, os números de inflação nos Estados Unidos ficaram abaixo das expectativas, reforçando a crença de que o Federal Reserve dos EUA manterá as taxas de juros inalteradas. No entanto, declarações duras de membros do Fed limitaram o entusiasmo.
Os mercados europeus e os futuros das ações americanas também apresentaram quedas nesta manhã. Na Europa, a falta de eventos de destaque resulta em um cenário menos agitado, com apenas alguns dados de preços ao consumidor de julho sendo divulgados em países menos influentes da região. Por outro lado, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido no segundo trimestre superou as expectativas, mostrando melhorias relativamente abrangentes. No entanto, essa notícia não foi suficiente para impulsionar o otimismo entre os investidores. As tensões geopolíticas entre China e Estados Unidos também estão marcando o cenário no encerramento da semana. Enquanto isso, os preços das commodities estão registrando uma tendência ascendente.
A ver…
· 00:50 — E a inflação brasileira?
No Brasil, recebemos hoje pela manhã os dados referentes ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho. A mediana das projeções sugere um aumento de +0,06% na comparação mensal, com a taxa de inflação acumulada em 12 meses subindo para 3,93%, frente a 3,16% registrado em junho (já era previsto que a inflação acelere na segunda metade do ano, influenciada por efeitos estatísticos). É importante destacar que ainda existe a possibilidade de uma deflação mensal.
O foco recai não apenas no valor absoluto do índice, mas também na análise da sua qualidade. Portanto, especial atenção será dedicada ao núcleo da inflação e aos indicadores de variação de preços de serviços. No tocante a este último, é fundamental que haja uma desaceleração em julho.
Considerando que apenas os preços administrados devem apresentar aceleração, em grande parte devido à reoneração de impostos federais sobre combustíveis como gasolina e etanol, esses dados deverão fortalecer as expectativas em relação ao ciclo de flexibilização da política monetária. Caso os números fiquem aquém das estimativas, isso poderá reforçar a perspectiva de que um corte mais substancial de 75 pontos-base possa ser realizado ainda neste ano. Em sua recente audiência no Senado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sinalizou que os juros poderão atingir o nível mais baixo possível, desde que esse movimento seja responsável. Essa postura mais inclinada à flexibilização monetária deverá impulsionar os mercados nos próximos meses.
· 01:46 — Digerindo os preços ao consumidor…
Nos Estados Unidos, os dados de inflação se mostraram mais moderados do que as expectativas iniciais, resultando em um novo impulso positivo para o mercado de ações na abertura do pregão de ontem. No contexto anual, os preços ao consumidor aumentaram 3,2% em julho, um leve acréscimo em relação ao ganho de 3% registrado no mês anterior. O indicador central de inflação, que é observado de perto e exclui os componentes mais voláteis como alimentos e energia, teve um incremento de 4,7%, comparado a 4,8% em junho. No entanto, mesmo com essas boas notícias em relação à inflação, o mercado não conseguiu manter um rali de alta, principalmente devido a declarações duras de membros do Federal Reserve (Fed).
Embora a desaceleração do indicador central de inflação seja apenas marginal, as perspectivas de inflação de médio a longo prazo voltaram a crescer. Essa tendência também suscita preocupações dentro do Fed, uma vez que suas autoridades alertaram sobre o risco de a inflação se consolidar ainda mais caso os consumidores mantenham a expectativa de preços elevados por mais tempo, o que dificultaria a contenção. Além disso, a continuidade da desaceleração econômica é uma tendência evidente.
Olhando para a agenda, um índice relevante a ser observado é o sentimento do consumidor para o mês de agosto, cuja previsão é de uma queda para uma pontuação de 71, um pouco abaixo do mês anterior. Em julho, os consumidores esperavam uma inflação acumulada de 3,4% para o ano. Apesar do recente aumento notável do índice, as expectativas inflacionárias ainda permanecem relativamente estáveis. Além disso, o índice de preços ao produtor para o mês de julho também merece atenção, embora possa ter seu impacto mitigado após os desenvolvimentos ocorridos no último dia.
· 02:45 — O destino do streaming
Recentemente, a Disney divulgou os resultados do trimestre, revelando planos para um reajuste nos preços de seus serviços de streaming. Essa iniciativa é parte de um esforço mais amplo para solidificar a lucratividade de seu negócio. O aumento de preço proposto será de aproximadamente US$ 3, elevando a mensalidade para US$ 13,99, ainda abaixo dos valores praticados pela Netflix. A principal plataforma de streaming da renomada empresa de entretenimento encerrou o mês de junho com um total de 105,7 milhões de assinantes, indicando um incremento de 1% em relação ao ano anterior. O número total de assinantes atingiu a marca de 154 milhões, ligeiramente superior ao ano anterior.
A ação da Disney reflete uma evolução na dinâmica competitiva do setor de streaming. Inicialmente, a disputa girava em torno da aquisição de público e o critério de avaliação era o crescimento do número de assinantes. Para isso, a oferta de conteúdo original e exclusivo era fundamental. Entretanto, a atual tendência aponta para um movimento generalizado de aumento de preços, a introdução de anúncios e a adoção de medidas para conter o compartilhamento indevido de senhas. Vale ressaltar que o objetivo por trás desse impulso para aumentar a receita no setor de streaming não se deve aos custos crescentes. Em vez disso, visa conferir uma maior lucratividade aos streamings, priorizando esse aspecto em detrimento da expansão da oferta de programas uma vez que a maioria das plataformas continua operando com prejuízos financeiros.
· 03:43 — Os problemas econômicos da Alemanha
A Alemanha, amplamente reconhecida como a força motriz econômica da Europa, exerce uma influência significativa na formulação das políticas financeiras da União Europeia (UE). No entanto, as preocupações emergem devido aos desafios econômicos recentes enfrentados pelo país. Desde o início de 2023, a Alemanha está tecnicamente em recessão, uma situação que levanta sérias questões.
No momento, registra a segunda menor taxa de crescimento entre as nações da UE, e essa desaceleração é alimentada pela combinação de uma demanda doméstica insuficiente e uma procura enfraquecida por exportações, especialmente em mercados cruciais como a China. Infelizmente, não há indícios de que essa situação esteja prestes a se reverter.
O robusto setor manufatureiro, que uma vez prosperou, está agora enfrentando desafios consideráveis devido aos custos elevados de energia e mão de obra. Consequentemente, muitas empresas estão optando por realocar suas operações para o exterior, acarretando uma perda significativa. Surgem inquietações entre os investidores de que essa desaceleração econômica possa ser mais do que um mero ciclo temporário, e sim uma condição estrutural duradoura. A falta de participação na nova onda tecnológica da indústria também coloca a Alemanha em desvantagem.
Além desses desafios, a nação enfrenta um envelhecimento demográfico, com uma força de trabalho escassa em termos de qualificação. Essa conjuntura representa um prognóstico sombrio, não apenas para a Alemanha, mas também para a UE como um todo. Países menores da Europa Central e Oriental, que dependem da Alemanha como motor econômico, estão particularmente vulneráveis às ramificações dessa desaceleração alemã.
· 04:32 —Uma mudança na política chinesa
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, manifestou preocupação devido a uma série de desafios econômicos e demográficos que têm convertido a China em uma espécie de “bomba-relógio”, representando uma ameaça potencial ao cenário global.
Até a recente reunião trimestral do Politburo chinês, duas narrativas distintas delineavam a lenta retomada da economia chinesa. Uma delas, denominada de “recessão do balanço”, delineava um cenário de crise deflacionária semelhante à vivenciada pelo Japão na década de 1990. A outra narrativa sugeria que o governo chinês evitaria implementar estímulos para impulsionar o crescimento, focando-se, em vez disso, em amortecer os impactos das ações dos EUA contra setores como tecnologia, energia e comércio. Independentemente da perspectiva, o ritmo de crescimento na China permanece lento, e as medidas fiscais não foram adotadas de forma abrangente.
Como consequência, observou-se uma queda nos preços das ações chinesas, nos rendimentos dos títulos do governo e na valorização da moeda nacional nos últimos meses. No entanto, com a recente reunião do Politburo, houve uma mudança na retórica, com a nova ênfase em alcançar estabilidade nos mercados-chave. Dado o peso das declarações no contexto chinês, influenciado pela história do Partido Comunista, essas mudanças devem ser encaradas com seriedade. Consequentemente, nos próximos meses, é possível que sejam implementadas medidas de estímulo, o que poderia impulsionar os mercados de commodities, as bolsas de valores chinesas e a própria moeda do país. Caso isso se concretize, é menos provável que haja um impacto deflacionário sobre o restante do mundo.