Na última quarta-feira (23), a Vibra Energia (VBBR3) assinou o termo que confirma a cisão com a Americanas (AMER3) e, consequentemente, a saída do quadro societário da Vem Conveniência.
A Vibra já havia expressado a intenção de rescindir o contrato assim que o rombo contábil da Americanas veio à tona, em janeiro.
A joint venture foi formada em uma divisão de 50% a 50% para cada empresa, com a ideia de aliar a experiência da Americanas no varejo com as lojas de conveniência da Vibra, BR Mania. “A parceria já nasceu gigante, com mais de 1.200 lojas. Fazia muito sentido em termos filosóficos”, lembrou o analista Fernando Ferrer, da Empiricus Research.
Agora, segundo o termo de encerramento, as lojas voltarão para as acionistas originárias – ou seja, as lojas Local, para a Americanas, e a BR Mania, para a Vibra. Pela diferença no volume de negócios dentro da participação, a Americanas receberá R$ 192 milhões pela rescisão.
Fim do contrato é positivo para a Vibra e para a Americanas
Na visão de Ferrer, o fim da joint venture é positivo para as duas empresas. No caso da Vibra, permite à companhia tocar o negócio sozinha, sem as amarras da Americanas, e eventualmente conseguir um novo sócio que esteja interessado em desenvolver esse mercado na sua rede de postos.
“A ideia de ter uma loja junto com o posto de gasolina é muito interessante, porque aumenta o ticket médio do cliente no mesmo lugar. Acho que, por enquanto, a Vibra vai continuar essa estratégia sozinha, mas pode ser que busque parceiros no futuro”, avalia.
Para a Americanas, o analista afirma que é “um nó a menos” para desatar em meio ao turbilhão de problemas – o principal deles, a falta de acordo com os principais credores.
“Os R$ 192 milhões não movem muito o ponteiro, mas é um respiro. [A rescisão] Deixa a operação mais enxuta e mantém o foco no core business, enquanto a companhia continua negociando com os credores. É uma situação delicada e qualquer chance de desatar nó e entrada de caixa é positivo para a Americanas”.
De acordo com o analista, com a parte da Americanas na joint venture retornando 100% para a companhia, ela pode acelerar o processo de venda dessas lojas e se organizar melhor.
“A Americanas já vem fechando algumas lojas, mas num passo na minha opinião mais lento do que deveria. O que eu espero são notícias relacionadas à venda de algum ativo estratégico. Tem o Natural da Terra, o portfólio do Grupo Uni.Co, das marcas Puket e Imaginarium. Tem formas de gerar valor, reduzir a companhia e tentar, mesmo que lentamente, equacionar o problema”, avalia.
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Ações não devem ser muito impactadas pela notícia
Apesar de ser um caso de ganha-ganha, as ações não devem ser muito impactadas pelo fim do contrato entre as duas companhias.
“No caso da Americanas, os investidores estão mais focados na negociação com os credores que em outros temas. Para a Vibra, também não vejo um gatilho para valorização dos papéis por conta disso, mas é importante para ela se desvencilhar de um problema e conseguir tocar um tema que é importante pra ela: ter um varejo no posto para aumentar o ticket médio. Pensando no médio e longo prazo, é interessante para a Vibra”, finaliza.
Confira abaixo a entrevista completa de Fernando Ferrer no Giro do Mercado: