Na última sexta-feira (25), a Taesa (TAEE11) anunciou por meio de fato relevante a descontinuidade das projeções de capex nominais para 2023. Na prática, isso significa que a companhia não vai mais divulgar as estimativas de investimentos em seus projetos neste ano.
A descontinuação vem depois que o empreendimento Sant’Ana, vencido pela companhia em leilão de 2018, entrou em fase de energização – ou seja, em fase final.
O acionista precisa se preocupar com o fim das projeções de capex?
Segundo o analista Ruy Hungria, da Empiricus Research, a resposta é não.
Ele explica que a Taesa, quando ganhou lotes nos leilões de 2017 e 2018, se comprometeu a divulgar as estimativas do quanto investiria nesses empreendimentos.
Agora, os projetos já estão sendo finalizados e entrando em operação, como é o caso do Sant’Ana. “O anúncio da companhia não é nada que muda o jogo, ela apenas entregou esses projetos e, a partir de agora, não é mais necessário divulgar esse tipo de informação”, explica Hungria.
O analista lembra que nada impede que a companhia volte a divulgar o guidance dos investimentos no futuro.
No entanto, para ele, a preocupação com relação à companhia é outra.
Taesa: analista vê valuation pouco atrativo e possibilidade de diminuição dos dividendos
Hungria vê duas questões que tornam o investimento da Taesa pouco atrativo: o primeiro deles, o preço da ação. “Gosto muito da Taesa em termos operacionais, mas entendo que ela está precificada hoje em um nível que traz pouco upside para o investidor”.
A segunda questão que deixa a tese de TAEE11 menos interessante são os dividendos, que devem diminuir nos próximos anos.
“Ela ainda paga muitos dividendos, mas com novos projetos entrando em operação e os eventuais encerramentos de contratos que a gente pode ter no início da próxima década, essa perspectiva muda um pouco. Temos preocupação com relação a isso”, avalia.
“Vai ser difícil para a Taesa conciliar novos investimentos – que vão ser necessários por conta dos leilões mais recentes que ela venceu – e essa distribuição elevada de dividendos que os acionistas gostam tanto” Ruy Hungria
Para o analista, a distribuição de dividendos é um dos fatores que fez a ação da Taesa performar bem nos últimos anos e uma eventual mudança pode tornar o preço do papel ainda menos atrativo.
“Conhecemos muito bem histórias de empresas que pagavam muitos dividendos e, a partir do momento que deixaram de pagar ou começaram a pagar menos, o mercado puniu bastante. É o que a gente chama de de-rating, que é quando o mercado começa a negociar essas ações a múltiplos mais baixos do que antes porque elas não têm mais um prêmio de valuation pelos dividendos altos”, explica.
Alupar (ALUP11): analista vê maior upside na tese
Por outro lado, o analista vê a Alupar (ALUP11) em situação mais favorável, tanto no preço da ação quanto no futuro dos dividendos. “Vemos uma relação de risco vs retorno mais atrativa”, afirma.
Segundo ele, apesar de a empresa ter hoje um dividend yield menor que a Taesa, a tendência é que isso mude nos próximos anos.
“A gente vê na Alupar uma tese com mais upside. A empresa está num processo de entrega de vários projetos que demandaram muito investimento e a partir de agora começam a entrar em operação com uma taxa de retorno atrativa e sem necessidade de investimentos, o que deve resultar num aumento dos dividendos distribuídos nos próximos anos”, finaliza.
Para conferir outras cinco empresas indicadas pela Empiricus Research para quem busca dividendos, clique aqui.
Confira a entrevista completa de Ruy Hungria no Giro do Mercado: