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Possibilidade de Petrobras antecipar receitas do pré-sal para ajudar na arrecadação do governo enxuga liquidez da Bolsa; confira

A possível medida da petroleira visa auxiliar o governo na meta de eliminar o déficit em 2024; saiba mais

Por Matheus Spiess

05 set 2023, 09:05 - atualizado em 05 set 2023, 09:05

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Plataforma de extração de pré-sal. Imagem: Divulgação

Bom dia, pessoal. A agenda do dia conta com a retomada de liquidez do mercado americano, que volta hoje do feriado do Dia do Trabalho. Neste contexto, as bolsas europeias recuam após um novo conjunto de dados económicos pessimistas da Zona do Euro e da China, enquanto a moeda da região caiu para a mínima em quase três meses em relação ao dólar.

Sobre o dado asiático, o PMI/S&P Global de serviços voltou a cair na China, de 54,1 em julho para 51,8 em agosto. Mesmo em terreno de expansão, o número ficou abaixo das expectativas de mercado. Na Europa, o mesmo tom pessimista ocorreu.

Na Ásia, o pregão já não havia sido dos melhores, com os principais índices em baixa na terça-feira. O anúncio de novas medidas de estímulo na China ajudou a limitar a queda, mas longe do ideal. O principal responsável pelo planeamento econômico da China disse que iria estabelecer um departamento designado para reforçar a vacilante economia privada do país. A notícia é positiva e se soma à notícia de que a gigante do setor imobiliário Country Garden também evitou a ameaça de um possível incumprimento. Boas sinalizações, mas que ficaram escanteadas.

A ver…

· 00:43 — Novo Retrato Ministerial

No Brasil, o mercado doméstico enfrentou uma falta de liquidez recentemente, com os investidores mais uma vez direcionando sua atenção para a questão fiscal do país. Isso ocorreu após notícias de que a Petrobras está considerando antecipar receitas provenientes do pré-sal para auxiliar o governo na busca por atingir a meta de eliminar o déficit em 2024. Essa situação ilustra os esforços de um governo que se encontra desesperado por fontes adicionais de receita.

Na Câmara, o presidente Arthur Lira está empenhado em avançar com medidas destinadas a aumentar a arrecadação, e para isso, ele aguarda ansiosamente o anúncio da tão aguardada Reforma Ministerial por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Esse rearranjo ministerial abrirá espaço para a inclusão de mais figuras políticas do Centrão no governo.

A dança das cadeiras ministeriais, que estava atrasada desde antes do recesso legislativo, finalmente parece estar avançando, com acomodações planejadas para os partidos Progressistas (PP) e Republicanos no governo.

Ao que tudo indica, André Fufuca, do PP, deve assumir o Ministério do Esporte, enquanto Silvio Costa Filho, do Republicanos, deve ficar responsável pelos Portos e Aeroportos, o que pode afetar a relação do governo com o PSB, já que França deixará o cargo. Espera-se que haja progresso no que diz respeito ao Porto de Santos, uma vez que o futuro ministro é membro do mesmo partido do governador Tarcísio.

A falta de coesão do governo em encontrar novas fontes de recursos tem levado os atores políticos a considerarem os gastos públicos. Tanto é verdade que a tão desejada Reforma Administrativa tem sido mencionada com certa frequência em Brasília, inclusive por Lira.

Embora o Partido dos Trabalhadores (PT) seja contrário a essa reforma, que provavelmente está sendo discutida no momento para implementação futura (possivelmente no próximo governo), ela tem causado uma impressão positiva no mercado. Afinal, nas condições atuais, ainda são necessários R$ 168 bilhões para eliminar o déficit em 2024.

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· 01:57 — Municípios apertados

De acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), com base em informações de 4.616 prefeituras, estima-se que pelo menos metade das cidades brasileiras encerrou o primeiro semestre deste ano com suas contas no vermelho. Esses resultados foram apresentados recentemente durante uma mobilização de gestores municipais em Brasília.

O propósito dessa ação é exercer pressão sobre o Congresso para que aprove projetos que ampliem os repasses financeiros do governo federal e solicitar a liberação de emendas parlamentares.

Em resposta a essa situação, o governo convocou o ministro Fernando Haddad e os líderes do governo no Congresso para discutir uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa instituir um adicional de 1,5% nos repasses mensais ao Fundo de Participação dos Municípios. Se essa medida for aprovada ainda neste semestre, os prefeitos poderão contar com esses recursos adicionais já a partir de 2024. Os recursos seriam bem-vindo, só quero saber de onde vai sair o dinheiro.

· 02:45 — Voltando do feriado

Nos Estados Unidos, os investidores estão de volta após o feriado, ansiosos pelos dados de pedidos às fábricas referentes a julho. Globalmente, a produção de bens de consumo tem demonstrado enfraquecimento, e os EUA não são uma exceção a essa tendência. O período de alta na demanda por bens de consumo duráveis em 2021 e 2022 parece ter afetado negativamente a procura em 2023 (e possivelmente até 2024). Portanto, espera-se que os pedidos às fábricas tenham diminuído no início do terceiro trimestre.

Na sexta-feira, o S&P 500 registrou um ganho de 0,2%, enquanto assimilava os números do emprego que sugeriam que o mercado de trabalho poderia estar perdendo força. Isso levantou a esperança de que o Federal Reserve pudesse adotar uma postura mais moderada em relação aos aumentos das taxas de juros, visando controlar a inflação. Os dados de emprego relataram a criação de 187 mil empregos em agosto, um aumento em relação aos 157 mil revisados de julho. No período de junho a agosto, a economia gerou 449 mil empregos, o menor total de empregos criados em três meses em três anos.

As robustas contratações e os gastos dos consumidores ajudaram a evitar uma recessão em 2023, mas também tornaram mais complexa a missão do banco central de controlar a inflação, à medida que impulsionam os aumentos nos salários e nos preços. As preocupações do mercado em relação à possibilidade de o Fed manter as taxas de juros elevadas por um período prolongado levaram a uma queda nos mercados em agosto. Pelo menos a autoridade monetária não deve elevar as taxas de juros em sua reunião de setembro.

· 03:39 — O imbróglio europeu

As bolsas europeias estão operando em território negativo nesta manhã, influenciadas por dados econômicos desanimadores, que incluem os Índices de Gerentes de Compras (PMI) para França, Alemanha e Itália. Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), participou de um painel na conferência jurídica do banco central, focando em bancos centrais e sanções internacionais. Ela optou por não dar indicações sobre se o BCE aumentará ou manterá as taxas de juros na próxima semana, em 14 de setembro.

Isso manteve a incerteza em torno de uma das decisões mais aguardadas em sua luta de um ano contra a inflação, concentrando-se, em vez disso, nos desafios de comunicação em um momento incerto. Na próxima reunião, o BCE deverá avaliar se o recente abrandamento da economia justifica uma pausa no ciclo de aperto monetário que começou há mais de um ano. Enquanto isso, os preços no produtor da Zona do Euro continuam a declinar, conforme os dados de julho indicam.

· 04:28 — E essa China?

O setor de serviços na China registrou seu crescimento mais lento deste ano em agosto, fornecendo evidências adicionais de que a recuperação econômica está perdendo força e diminuindo o otimismo anterior em relação aos estímulos do governo. Os números decepcionantes do Índice de Gerentes de Compras (PMI) da China tiveram um impacto significativo nos setores europeus que dependem da segunda maior economia do mundo, com empresas de luxo e consumo, como LVMH e Kering, bem como a fabricante de roupas esportivas Adidas, sofrendo quedas em suas ações.

Esses dados arrefeceram o sentimento positivo gerado na segunda-feira pelas notícias de vendas expressivas de casas novas em duas grandes cidades chinesas no fim de semana, o que parecia indicar que as medidas de estímulo das autoridades estavam começando a surtir efeito. No entanto, a Country Garden, pelo menos, ofereceu uma notícia positiva ao informar que pagou os cupons de seus títulos dentro dos prazos de vencimento. O mercado continua aguardando mais medidas de estímulo por parte de Pequim para impulsionar o crescimento do crédito, e, caso isso aconteça, é esperado um novo impulso nas commodities.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.