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Iguatemi (IGTI11) tem bom planejamento para os próximos meses e pode começar a pagar mais dividendos; entenda

Apesar dos desafios macroeconômicos do primeiro semestre, a companhia parece encaminhada para terminar 2023 com bons resultados.

Por Caio Araújo

05 set 2023, 15:24 - atualizado em 05 set 2023, 15:24

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Imagem: Freepik

Nos últimos dias, nos debruçamos sobre a ação de Iguatemi (IGTI11), rede de shopping centers, e temos atualizações sobre o case.

Para começar, precisamos falar do macro. O primeiro semestre de 2023 acabou sendo muito mais desafiador do que esperavam, por conta de um IGP-M abaixo do esperado (o que atrapalha o repasse de aluguéis) e um ritmo mais fraco no varejo, como pudemos notar em várias empresas do setor no 2T23. 

Para sustentar o resultado, a Iguatemi ajustou o mix de lojistas no período, além de buscar receitas extras em atrações, estacionamentos e luvas.

O que a empresa tem feito para melhorar os próximos resultados?

Com relação ao segundo semestre, a companhia acredita que pode capturar eficiências que se refletirão na margem Ebitda, já que nos últimos meses efetivaram duas reestruturações de pessoal – na holding e no e-commerce 365.

Sobre a ocupação dos shoppings, hoje está em 92,9%. Apesar de ainda abaixo do guidance até o fim do ano (95%), muitas locações foram realizadas já no final do 2T23 (cerca de 25 mil m² de ABL negociados), sendo que cerca de 90% já devem ser inauguradas neste ano.

Apesar do fluxo de pessoas ainda estar abaixo de 2019, o perfil do consumidor está um pouco diferente da época pré-pandemia, com dias festivos apresentando um fluxo bem maior que o mesmo período de 2019. 

No mês de julho (férias), quando normalmente há um menor fluxo de pessoas, as vendas cresceram +11,3% vs jul/22, com os filmes Barbie e Oppenheimer ajudando, além de alguns outros eventos realizados no mês. 

Sobre as expansões de portfólio, neste primeiro momento, o foco será no Iguatemi Brasília. Também existe um total de 6 mil m² para expansão do Iguatemi São Paulo e, apesar da burocracia, deve sair em um futuro próximo.

Os desafios com Iguatemi 365

Um assunto que não tem dado muitas alegrias nos últimos anos, mas que a companhia começou a endereçar, é o Iguatemi 365. 

De acordo com a equipe, a reestruturação já foi concluída com um corte expressivo de -75% de pessoal. Além disso, cortaram os produtos de segmentos com piores margens, com foco em marcas menos massificadas. 

Depois das mudanças, a perspectiva do management é atingir o breakeven da operação até o final deste ano, mas somos um pouco menos otimistas e projetamos a “virada” ao longo de 2024, o que não muda a nossa visão positiva sobre a companhia. 

Alívio no custo da dívida

Com relação ao endividamento, o custo da dívida caiu para 101% do CDI e devemos ver uma redução da dívida líquida/Ebitda para abaixo do patamar de 2x (atualmente em 2,36x). 

Isso deve contribuir para elevar o nível de distribuição de dividendos e de recompras. Para 2023, já foram aprovados 100 milhões em proventos, e em 2024 pensam em retomar o patamar de 2019 (R$ 150 milhões). 

Mas a redução da alavancagem também fará a companhia olhar com mais atenção para oportunidades de M&A. No entanto, ao que tudo indica, neste primeiro momento o foco é aumentar a participação nos ativos próprios. 

De maneira geral, mantemos uma visão positiva sobre a companhia, que inclusive deve começar a pagar mais dividendos daqui para a frente. 

Negociando por 10,8x Preço/FFO esperados para 2024 e cerca de R$ 16 mil/m2, contra R$ 24,5 mil/m2 de MULT3, Iguatemi segue uma recomendação da Empiricus Research.

Sobre o autor

Caio Araújo

Administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV) e profissional da Empiricus Research desde 2016. Com certificação CNPI, é o analista de Real Estate e responsável pela série Renda Imobiliária, que atua no mercado de fundos de investimento imobiliários.