Qual o destaque da semana?
Finalmente agosto acabou.
Mês difícil para nossos investimentos, com as classes de ativos de risco registrando perdas dentro do mês.
A queda de 5,1% do Ibovespa, nosso principal índice de ações, não chegou a ser desastrosa, porém, mesmo assim, foi o segundo pior mês do ano para as ações brasileiras, só perdendo para fevereiro (queda de 7,5%).
A tendência baixista agoniou até os mais otimistas. Houve apenas 5 dias de movimento positivo no índice durante o mês que também teve a maior sequência diária de pregões negativos (13) que se tem história.
Numa edição anterior, apontei para os Estados Unidos como a origem do mau humor do mercado. Havia razões técnicas que empurravam a taxa de juros para cima por lá, drenando a liquidez do mundo todo.
Esta semana o foco voltou ao macro, com a temida estagflação assombrando os mercados internacionais.
O noticiário brasileiro também não tem ajudado, notadamente por questões relacionadas à nossa situação fiscal. O recente anúncio do déficit do governo federal no mês de julho renovou as preocupações quanto a capacidade do Governo em cumprir sua meta fiscal para o ano.
Aqui volta aquela questão recorrente quando avaliamos investimentos.
Como separar ruído de sinal ao interpretar informações que podem, ou não, afetar o preço dos ativos?
Voltando ao início do atual governo, perdeu dinheiro quem interpretou a verborragia do Presidente como real intenção de dar uma banana na situação fiscal, o que faria nosso calhambeque brasuca capotar na reta.
Antes de prosseguir, um pequeno desvio.
Na semana passada, fui forçado a me afastar das obrigações profissionais diárias, tendo passado os últimos nove dias no hospital acompanhando a internação da Larissa.
Tudo começou apenas como um inchaço no joelho. A primeira vista, pensou-se que era um furúnculo.
Depois de finalizar o ciclo de 7 dias do antibiótico prescrito pelo primeiro médico visitado, minha mulher não só continuava com o joelho inchado como também se queixava das dores que estavam aumentando.
O exame no pronto-socorro resultou em um diagnóstico de celulite infecciosa, uma inflamação na pele causada por bactéria.
Se não tratada adequadamente, a celulite infecciosa pode se agravar. Em casos mais extremos, pode inclusive levar a óbito.
O tratamento é feito com antibióticos. Pela agressividade da bactéria identificada, a staphylococcus, Larissa teve que ser internada para receber o medicamento por via endovenosa.
Felizmente o tratamento dela foi exitoso. Assim mesmo, há um trabalho de recuperação a ser feito, incluindo fisioterapia para recuperar a musculação da perna atrofiada pelo período longo de repouso.
Note aqui o paralelo da dificuldade de separar o ruído do sinal também nas questões de saúde.
Como saber se aquele desconforto que sentimos é somente isso, um desconforto, ou algo mais sério que necessite de acompanhamento médico?
Eu, assim como muitos outros, resisto em ir ao médico. Talvez esteja influenciado pela leitura de Nassim Taleb sobre os riscos da iatrogenia, que são as complicações derivadas por intervenções médicas.
Frequentemente, sintomas não passam de ruídos que são naturalmente superados pelo nosso corpo.
Por outro lado, aquilo que avaliamos como ruídos são na realidade sinais de que algo verdadeiramente está errado e merece cuidado médico, como o joelho inchado da Larissa.
Voltando ao mercado, infelizmente setembro não começou animado tampouco, com o mercado digerindo o noticiário negativo.
Estaríamos ainda sofrendo sob a cacofonia do noticiário ou realmente estamos diante de sinais de que a crise ainda nos assombra?
A epistemologia do tema nos força a esperar a fim de colher mais evidências sobre a gravidade, ou não, do estado atual das economias.
Esperemos então.
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e um abraço.