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Petrobras (PETR4): apesar dos riscos políticos, ação já subiu quase 50% em 2023; ainda vale a pena investir?

Ações da Petrobras superaram os temores de interferência política e subiram 47% em 2023; tem espaço para mais?

Por Juan Rey

15 set 2023, 16:08 - atualizado em 15 set 2023, 22:40

Bandeira da Petrobras (PETR4) ao lado de bandeira do Brasil dividendos
Fonte: Shutterstock

Durante o pregão da última quinta-feira (14), as ações da Petrobras (PETR4) bateram sua máxima em 2023: R$ 34,00. No acumulado do ano, os papéis apresentam alta superior a 47%.

Caso algum investidor tenha ficado um tempo sem acompanhar o case, o desempenho estelar pode surpreender. 

Isso porque, após a eleição de Lula (PT) para a presidência da República, o temor do mercado com relação à possibilidade de interferência política na companhia fez as ações derreterem.

De 21 de outubro de 2022, 10 dias antes da eleição de Lula, até 14 de dezembro, PETR4 chegou a despencar 43% na bolsa. 

O que mudou para o mercado?

Quando Lula foi eleito – e até mesmo antes disso -, havia receios sobre vários fatores que envolvem a companhia. O principal deles, a precificação dos combustíveis, como explica o analista Ruy Hungria.

“O mercado tinha receio de que o governo segurasse o preço do combustível e forçasse a Petrobras a vender abaixo do preço de custo. Em outras palavras, a companhia iria subsidiar os consumidores. Isso já causou estragos gigantescos no balanço da companhia na época do governo Dilma”.

Ao longo de 2023, a companhia deu sinais de que não seria bem assim. Há um mês, por exemplo, a Petrobras anunciou aumento de 16,3% na gasolina e 25,8% no diesel, e arrefeceu parte das preocupações do mercado.

Outro temor era os investimentos excessivos em fontes renováveis de energia. O analista lembra que, apesar da importância da pauta, a alocação de recursos em áreas que a Petrobras têm pouca experiência é ruim em termos de retorno para os acionistas e para a própria companhia.

No entanto, o que se viu até o momento foi um plano de investimento em energias renováveis que, apesar de grande, não afeta de maneira significativa a geração de caixa multibilionária da companhia. Isso, claro, também contribuiu para aliviar o temor do mercado.

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  • Ainda vale a pena investir na Petrobras?

    Em termos de valuation e com o olhar voltado apenas para o lado operacional da companhia, Ruy ainda vê as ações da Petrobras sendo negociadas a preços atrativos.

    “Negocia abaixo de 3 vezes os seus lucros e com um dividend yield que, apesar de não ser igual ao dos anos anteriores, ainda é um dos maiores da bolsa. São números que, se olhar o operacional da companhia, são interessantes e sugerem um preço maior para as ações”

    “Se não tivesse risco de interferência política, a Petrobras deveria negociar a 6 ou 7 vezes os seus lucros, com yield entre 8% a 10%. Para embutir esses parâmetros, você teria que ter um preço de R$ 50 ou R$ 60 reais”, avalia.

    No entanto, não é porque as ameaças de interferência foram reduzidas que elas deixaram de existir. 

    Os riscos ainda existem e podem impactar severamente os resultados da companhia, atrapalhando muito os lucros e os dividendos. Se não tivermos interferência, a ação pode ter mais espaço para andar, porque está barata. Mas você vai dormir sempre com o risco e a possibilidade de acordar com alguma interferência”.

    Por conta disso, o analista não acredita que o investimento valha a pena como anteriormente. Deste modo, a Empiricus Research deixou de recomendar as ações no início do último mês.

    “Enquanto estava com yields de 40% e abaixo de 2 vezes os lucros, tínhamos na nossa carteira. Mas depois da forte alta preferimos sair”.

    Hungria reitera que a ação ainda pode subir caso os resultados operacionais se mantenham estáveis e o governo não interfira no dia a dia da companhia. “Mas dados os riscos, entendemos que hoje as ações estão bem precificadas”.

    Confira a entrevista completa do analista no vídeo abaixo: 

    Sobre o autor

    Juan Rey

    Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br