Setembro encerrou um trimestre complicado para os ativos de risco. O Ibovespa, principal índice de ações brasileiro, até subiu +0,71% no último mês, mas encerrou o 3T23 em queda de -1,29%.
Por conta do desempenho ruim das bolsas globais no período, o analista-chefe da Empiricus Research, João Piccioni, acredita que os papéis presentes na carteira de 10 ideias para outubro recomendada pela casa de análise estão subvalorizados e em bom ponto de entrada.
Alta dos títulos do tesouro dos EUA derrubou as bolsas pelo mundo
O principal vilão do trimestre foi a alta dos títulos do tesouro norte-americano. O estresse nos mercados globais, com a percepção de juros mais altos por mais tempo, impulsionou o Treasury de 10 anos ao maior patamar dos últimos 16 anos.
Com o título de 10 anos pagando cerca de 4,6% ao ano, houve uma fuga de capital da renda variável global para o título. Deste modo, as bolsas globais despencaram e o dólar se apreciou frente às demais moedas, explica Piccioni.
“É como se os investidores estivessem muito preocupados com o que está acontecendo na economia global e estão colocando seu dinheiro em um colchão seguro, demandando mais dólar. Se o dólar paga na casa dos 4,6%, livre de risco, o investidor começa a rebalancear o portfólio”.
Ações da carteira de 10 ideias estão em ponto de entrada ainda melhor
Na contramão, o Brasil deve seguir seu ciclo de afrouxamento monetário no ritmo de 50 pontos-base nas duas reuniões que faltam em 2023.
O movimento é favorável para os ativos de risco mas, na balança, o cenário externo pesa mais no curto prazo, avalia Piccioni.
“O Ibovespa teve leve alta porque a Petrobras carregou o índice. Mas quando olhamos o índice de small caps, que carrega muitas empresas do cíclico doméstico, despencou. [Isso] É o sentimento de que os ativos de risco deveriam pagar mais no longuíssimo prazo”, afirmou.
Com o cenário externo pesando negativamente, o analista vê o Ibovespa cada vez mais barato e com boas oportunidades a serem capturadas.
“É o momento do investidor manter a calma e empilhar as ações. Esquecer um pouco o ambiente macro e acumular ativos a preços mais baixos. Essa deveria ser a estratégia, sem esperar respostas no curto prazo. Vai ser necessária paciência, mas é hora de empilhar ações”, recomendou.
Weg (WEGE3): um play safe na carteira
A carteira de 10 ideias para outubro sofreu apenas uma alteração: a saída de B3 (B3SA3) para a entrada de Weg (WEGE3).
“Tiramos B3 sob uma ótica de que a carteira é restrita, com 10 ações. Continuamos gostando da companhia, que é uma recomendação da casa”, explicou.
A opção por Weg tem fundamento na segurança da empresa, aliada à força mostrada pelo dólar nos últimos meses.
Vale destacar que, recentemente, a companhia fez a maior aquisição da sua história, que a deixou líder de mercado no segmento de geradores nos Estados Unidos.
“Devemos continuar numa corrida forte em direção ao dólar, especialmente nos mercados desenvolvidos. Esse deal recente vai ajudar a impulsionar a Weg na América do Norte, com o dólar bastante inerente ao negócio. Se o dólar sobe em relação ao real, a empresa vai muito bem”, avalia Piccioni
Ele vê a companhia como um porto seguro para o momento. Se a Weg deve acompanhar o dólar, que tem subido, ela também tem grande mercado no Brasil e se beneficia do cenário local.
“Não é uma ação barata, mas complementa bem o portfólio que temos hoje. É uma empresa que sustenta bem a carteira, que tende a dar bons resultados no longo prazo”.
Incorporadoras Cyrela e Direcional seguem no portfólio
O analista também comentou sobre as incorporadoras Cyrela (CYRE3) e Direcional (DIRR3), que continuam na carteira.
Por conta do cenário macroeconômico, as ações tiveram forte queda e, na visão de Piccioni, estão sendo negociadas a preços atrativos.
Além disso, os papéis possuem gatilhos no curto prazo. “São dois ativos que devem divulgar suas prévias no meio de outubro e devem ser números bastante positivos. Isso pode gerar algum estímulo aos investidores”, avaliou.
Vale (VALE3) e a resiliência do minério de ferro
A Vale (VALE3) também está na carteira recomendada para outubro. O analista espera que, ao longo do tempo, a economia chinesa se mostre mais estabilizada, o que seria boa notícia para a mineradora.
Além disso, Piccioni elogiou a resiliência do minério de ferro, que mesmo com a previsão mais fraca do PIB da China, maior importadora da commodity, não desabou. “De certa forma é favorável para a Vale, que deve continuar gerando resultado”.
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