Esta semana, uma obra digital amealhou a bagatela de US$ 70 milhões em um leilão promovido pela tradicional casa britânica Christie’s.
A obra é uma colagem do artista Beeple, pseudônimo do norte-americano Mike Winkelmann.
Trata-se do maior valor já pago por um NFT, superando em mais de dez vezes o recorde anterior atingido por uma obra do mesmo Beeple.
NFT é a sigla de non-fungible token. Diferentemente dos tokens digitais utilizados em criptomoedas, que podem ser negociados e trocados por sua natureza fungível, os NFTs são únicos, contendo dados que os diferenciam de todos os outros.
Os tokens têm sido utilizados para registrar criações únicas, por vezes artísticas ou simplesmente especiais, para quem as coleciona. Os tokens são gravados no blockchain, sistema digital de registro que garante a autenticidade do ativo.
Confesso que até a semana passada nunca tinha ouvido falar em NFTs. Típico das ideias marginais, meu assunto da newsletter anterior, os non-fungible tokens eram um tema restrito a especialistas e entusiastas de tecnologia cripto.
De repente, passei a ser impactado por notícias, textos e comentários sobre isso.
Como o futuro é opaco, ainda não sabemos se NFTs terão algum valor no longo prazo.
O que sabemos é que já há gente ganhando dinheiro de verdade com isso. Antecipo que o valor das próximas obras superará em muito o que vimos no leilão desta semana.
Inspirado nisso, proponho-me aqui a explorar um pouco mais as forças de ideias não convencionais, especialmente sua aplicação nos nossos investimentos.
Peço licença, mas serei obrigado a trazer um conceito matemático, um assunto não exatamente popular, especialmente para newsletters de fim de semana.
Talvez você se lembre da curva normal que aprendemos no segundo grau. Caso não se lembre, trago a figura abaixo com uma breve explicação.
Uma curva normal, ou curva de sino, mostra a distribuição de uma série de eventos. Há uma aglomeração em torno da média, sendo que os mais distantes são progressivamente mais raros.
Um bom exemplo de distribuição normal seria a altura de um ser humano adulto. A maioria das pessoas tem estatura média, e tanto baixinhos como gigantes são raras exceções. As exceções são progressivamente raras quanto mais afastadas da média até que simplesmente deixam de existir. Assim, não há registro de pessoas com mais de 3 metros de altura.
Nem tudo, porém, pode ser encaixado dentro deste padrão. Entram em cena as caudas longas. Para entender, pense em modificar levemente a curva acima, achatando um pouco o centro e esticando as linhas de cada lado, de modo que eles avancem para as duas direções do eixo X.
O resultado seria um gráfico com longas linhas laterais, as chamadas caudas longas.
Um bom exemplo de caudas longas seria a distribuição das variações diárias nos preços de ativos financeiros. Usualmente, as variações são moderadas e vamos nos acostumando com isso. Nos índices de ações são raras as variações acima de 5% num dia; 10% então é extremamente raro. Basta voltar um ano no tempo e constatamos que isso de fato acontece.
Outra maneira de aplicar as caudas longas aos investimentos é pensar em como se distribuem as opiniões sobre um certo ativo. No meio há uma aglutinação de ideais, é o chamado consenso de mercado. Os preços pelos quais os ativos são negociados refletem esse consenso.
As grandes oportunidades se originam justamente quando discordamos do consenso. Quanto mais afastada nossa ideia do mainstream, maior o potencial de ganho. Analistas são pagos justamente para identificar oportunidades de investimento afastadas do lugar comum.
Ideias óbvias não têm valor, pois já estão devidamente incorporadas no preço.
Desta forma, é desafiador produzir um ângulo novo sobre um ativo de ampla cobertura.
Por outro lado, ativos mais marginais, assim como as ideias, permitem aos que os acompanham uma amplitude muito maior de expectativas.
Quem estiver equivocado, vai errar grande. Assim como ideias novas desaparecem sem nunca terem prosperado, ações que representam empresas emergentes podem falhar em fazer vingar sua proposta de negócio.
Reciprocamente, aqueles que apostaram na infância em algo que se torna mainstream têm ampla vantagem sobre aqueles mais tardios.
Caso vinguem mesmo, os NFTs darão vastas alegrias aos arrojados investidores que estão se aventurando na novidade.
Em ações, as grandes oportunidades estão nas microcaps, ações cujas teses de investimentos ainda precisam sair da cauda longa e escalar a curva para a ampla aceitação.
Dado seu fantástico histórico de acertos, não vejo ninguém mais bem preparado para identificar as microcaps vencedoras do que o nosso guru, Max Bohm.
Encerro recomendando que você conheça a mais recente oportunidade que o Max identificou. Ele anunciará a novidade na próxima segunda-feira (15).
Não perca!
Deixo você agora com os destaques da semana.
Boa leitura e uma abraço,
Caio