As ações da companhia aérea Azul (AZUL4) são indicadas nas séries Empiricus FIRE e PRP, ambas lideradas por Rodolfo Amstalden, co-fundador da Empiricus.
Neste artigo, vamos explorar a trajetória da empresa e o mercado na qual está inserida, assim como os impactos da pandemia e expectativas para o futuro. Para facilitar a leitura, dividimos o conteúdo nos seguintes tópicos:
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A história da Azul (AZUL4) e o mercado aéreo
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Os céus sem aviões: o desempenho de AZUL4 em 2020
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Os motivos e alertas sobre o futuro de AZUL4
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Conclusão
A história da Azul (AZUL4) e o mercado aéreo
A Azul surgiu em 2008 com um investimento de US$ 250 milhões e o objetivo de conquistar seu espaço no “competitivo” mercado aéreo brasileiro, formado, até então, por pouquíssimos players e liderado pela Gol e Latam.
Ainda que competitividade não fosse o nome do jogo, os concorrentes eram grandes em termos de faturamento e a Azul precisava se destacar para sobreviver e prosperar. A estratégia foi investir em dois pontos negligenciados pelos adversários: i) experiência do cliente; e ii) abrangência da malha aérea.
Sobre o primeiro ponto, Rodolfo nos conta sua experiência, na qual Gol e Latam “provocam a mesma sensação: quando escolho voar de Gol, fico me perguntando o porquê de não ter escolhido a Latam; e quando, na vez seguinte, opto pela Latam, lembro-me exatamente o motivo que havia me levado a voar de Gol”.
Então, a Azul busca promover experiências mais confortáveis para os seus clientes por meio de aviões com mais espaço para as pernas, melhores serviços durante o voo (refeições melhores aqui) e, veja só você, telas individuais nas cadeiras.
Sobre o segundo ponto, a Azul expandiu sua atuação além da tríade priorizada pela concorrência — São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília —, atendendo o Brasil inteiro.
Fonte: Azul
A boa execução do plano ergueu a empresa, mas precisamos destacar que isso não foi tudo. Em 2012, realizou a fusão com a Trip Linhas Aéreas (que era a terceira maior empresa do setor); em 2015 fechou uma parceria com a United Airlines, empresa americana que abriu caminho para a brasileira construir sua operação de voos internacionais; e, em 2017, abriu seu capital (AZUL4) na B3 e na NYSE, a Bolsa de Valores americana.
Tudo isso colaborou para criar o cenário que contribui para a nossa tese em AZUL4: uma empresa com a maior malha aérea do país que, em números, se traduz em 916 voos diários atendendo 116 destinos.
E não para por aí.
Paralelamente à linha de transporte de passageiros, a companhia inaugurou a Azul Cargo, focada no transporte de cargas que atende, hoje, cerca de 3.700 cidades. Trata-se de uma avenida de crescimento pela economia do projeto e por surfar no e-commerce, mas vamos explorar isso mais adiante.
A Azul (AZUL4) é a única companhia aérea em 70% de suas rotas
As operações e estratégias da empresa se mostraram sólidas ao longo da sua história, mas 2020, como veremos na próxima seção, foi um ano que testou a competência dos gestores por trás da Azul (AZUL4) de forma extrema.
Os céus sem aviões: o desempenho de AZUL4 em 2020
A pandemia nos enclausurou dentro de casa e a mera possibilidade de sair na rua requisitava reflexão. Então, o que dizer de uma viagem nacional ou internacional?
Deixaram de existir.
Os impactos sobre a Azul foram enormes e a sugestão do Rodolfo, em abril, foi de zerar as posições em AZUL4, ou seja, excluir esse ativo do portfólio porque, naquele momento, não era a ação promissora antes indicada.
Só que a companhia elaborou uma estratégia de preservação do caixa, de forma que houvesse uma média superior a R$ 2 bilhões de liquidez imediata para sobreviver.
Em síntese, uma estratégia chamada “guardar dinheiro”.
Por outro lado, as pessoas compraram de tudo nos meios online e, com o perdão da obviedade, elas não estavam na loja para já levar a compra para casa. A necessidade do delivery era gritante e a Azul Cargo estava lá para salvar os consumidores — e a própria empresa, para sermos honestos.
A geração de caixa foi de cerca de R$ 760 milhões nos 9M20
A gestão também apostou em outra tática que, hoje vemos, foi bem-sucedida. Para suavizar a pressão financeira gerada pela crise estrutural, “o cronograma de pagamento [das dívidas] foi alongado, de forma que o curto prazo não ficou sobrecarregado”, explica Rodolfo.
A prévia de resultados da Azul em dezembro de 2020 foi positiva ao mostrar a recuperação dela em meio ao cenário caótico dos meses anteriores e até crescimento na linha da Azul Cargo — que já abocanha 33% do seu mercado de atuação.
Na parte operacional, 97% da sua malha voltou a operar e as taxas de ocupação também se recuperaram: a doméstica atingiu 80,8% no mês (vs. 82,3% na comparação anual); e a internacional registrou um ritmo menos animador, mas relevante, de 68,7% (vs. 86,9%).
Sobre a Azul Cargo, vimos um boom no segmento de e-commerce e, por consequência, no delivery dos produtos adquiridos. Em números, o 4T20 registrou um crescimento de 64% na comparação anual, o que é simplesmente brutal.
Além disso, há uma margem vantajosa aqui porque o serviço utiliza, no geral, o espaço vazio dos porões (bagageiro) dos aviões e, dessa forma, descarta maiores investimentos na operação.
Os motivos e alertas sobre o futuro de AZUL4
A pandemia ainda não acabou e as companhias aéreas, de modo geral, continuam sendo castigadas pelo isolamento social. Por quais motivos, então, devemos comprar AZUL4?
Nas séries Empiricus FIRE e PRP, Rodolfo adota uma ótica de longuíssimo prazo e a sugestão de AZUL4 precisa ser encarada dessa forma para que faça sentido.
A ideia, aqui, é comprar as “ações da Azul em meio à turbulência para que você vislumbre um pouso suave quando chegar a hora da aposentadoria”, explica Rodolfo.
Vamos para os motivos, então.
O primeiro deles é a via de crescimento do próprio setor, que “apesar de apresentar números expressivos, ainda é bastante incipiente”, aponta Rodolfo. Para fins de comparação, ele revela que “o indicador de voos domésticos per capita do Brasil é inferior ao de alguns países da América Latina, como México, Colômbia e Chile”.
Em termos de extensão territorial do país, no entanto, nós somos os gigantes da história. Isso nos leva a acreditar que o mercado nacional ainda tem muito para crescer.
E já temos visto o crescimento do volume de passageiros transportados nos últimos 15 anos, ainda que tímido e, atualmente, estagnado:
Fonte: Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)
Nesse cenário de potencial crescimento, vemos a Azul como uma empresa muito bem posicionada com cerca de 25% de market share e malha absurdamente distribuída pelo Brasil quando comparamos com seus pares de mercado:
Fonte: Azul | Elaboração: Empiricus
Tudo isso, felizmente para nós, investidores de AZUL4, traz resultados financeiros para a companhia. A presença no país, em lugares onde a concorrência não está, “permite a imposição de tarifas mais elevadas, o que, por sua vez, permite à empresa obter margens mais favoráveis que suas concorrentes (inclusive as internacionais):
Margem Ebitda no 2T19 Azul em relação ao seus pares nacionais e internacionais
Fonte: Azul e Empiricus
Ainda sobre a concorrência, a Azul persegue o primeiro e segundo lugar do pódio agressivamente. Em 2018, quando a Avianca saiu do mercado por problemas operacionais e financeiros, a Azul (AZUL4) foi a companhia que melhor se aproveitou da lacuna para expandir seus negócios e, assim, colar nas líderes de mercado.
A saída da Avianca se mostrou um prato cheio para todos os players, mas o destaque ficou para a Azul
Fonte: Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)
Por fim, o último motivo pelo qual enxergamos um potencial de valorização em AZUL4 é a renovação das suas frotas. Os antigos E-Jets (fabricados pela Embraer) serão substituídos pelos novos E2 (também fabricados pela Embraer).
Pode não parecer grande coisa, mas vamos chegar lá.
Esse movimento pode reduzir em até 14% o custo médio por viagem e em até 26% o custo por assento para os voos em que a Azul utilizar a frota da Embraer.
Quando consideramos que a Azul é um “negócio intensivo em capital e com baixa diferenciação entre produtos, ganhos de eficiência dessa magnitude são o que fazem a diferença para gerar retorno ao acionista em longo prazo”, explica Rodolfo.
Conclusão
A vacina já está aí e, com a sua disseminação, Azul (AZUL4) tem um caminho cada vez mais limpo para recuperar seu valor de mercado pré-pandemia. Ainda que o curto prazo seja volátil, é nos momentos de baixa que mais podemos surfar no upside dos ativos.
A recuperação já está acontecendo e a Azul está muito bem distribuída geograficamente para aproveitar a recuperação do mercado aéreo. Assim, com margens superiores às dos seus pares e a renovação da frota em andamento, acreditamos que vale a pena comprar AZUL4.
A reabertura da economia que veremos nos próximos meses favorece a valorização do ativo e, dessa forma, entendemos Azul como um player forte para se ter na carteira e aproveitar esse momento.
Por isso, nossa sugestão, aqui na Empiricus, é que você compre AZUL4.