Times
Investimentos

Lojas Quero-Quero (LJQQ3) dá sinais de melhora em 3T23 ainda pressionado pela Selic elevada

3T23 da Quero-Quero evidencia ambiente desafiador, mas finalmente é possível ver evolução nos resultados operacionais da companhia

Por Ruy Hungria

31 out 2023, 14:47 - atualizado em 31 out 2023, 14:47

Lojas Quero Quero LJQQ3

Em um ambiente ainda desafiador, a Lojas Quero-Quero (LJQQ3) mostrou resultados pressionados mais uma vez, mas com alguns sinais de melhora, especialmente em seu braço de serviços financeiros. 

A venda de mercadorias segue pressionada pelas taxas de juros elevadas e deflação de alguns produtos. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, houve recuo de -1% nas vendas de mercadorias, já que a abertura de 19 unidades não foi suficiente para compensar o recuo de -6% nas vendas mesmas lojas

Apesar da dificuldade, a margem bruta de mercadorias ficou estável em 25,9% – este é o segundo trimestre seguido em que a margem bruta não cai na comparação anual, um bom sinal. 

Braço de serviços financeiros foi destaque no 3T23

Os serviços financeiros e cartão de crédito, por outro lado, mostraram melhora relevante no trimestre, especialmente com relação às margens. A receita desse segmento cresceu 15,1% na comparação com o 3T22 e chegou a R$ 193,7 milhões, com aumento no volume transacionado especialmente fora das lojas da Quero-Quero, em estabelecimentos conveniados (off-us).

Importante mencionar que apesar do ambiente difícil e do aumento do volume de transações, a inadimplência ficou abaixo do que vimos no 3T22

Fonte: Lojas Quero-Quero. 

Essa inadimplência controlada combinada com a queda na taxa de juros (e no custo de captação) permitiu ao segmento apresentar um ganho relevante de 10 pontos percentuais de margem bruta, depois de praticamente três anos de contração. 

Fonte: Lojas Quero-Quero. 

Com isso, a Receita Bruta consolidada atingiu R$ 715 milhões, alta de 3,4% ante o 3T22, com ganho de +3,3 pontos de margem bruta

No entanto, a queda nas vendas mesmas lojas acabou impactando a produtividade por loja e a alavancagem operacional, o que fez com que boa parte do ganho de margem bruta fosse perdido na linha de despesas. 

Ainda assim,o Ebitda cresceu de R$ 20,4 milhões para R$ 25,8 milhões, com margem de 3,6% sobre a receita bruta. Não é um ganho relevante, mas finalmente voltou a crescer depois de anos de queda. 

Fonte: Lojas Quero-Quero. 

Apesar da melhora dos resultados operacionais, as despesas com juros aumentaram no trimestre por conta da Selic elevada, o que fez o prejuízo aumentar de -R$ 7,6 milhões para -R$ 12,3 milhões

No entanto, vimos uma boa geração de caixa operacional no trimestre (+R$ 250 milhões), com a sazonalidade favorável do capital de giro, o que combinado com a melhora do Ebitda também ajudou a reduzir a alavancagem para 1,1x dívida líquida/Ebitda. 

LJQQ3 segue com recomendação de compra

Como já esperávamos, o 3T23 da Quero-Quero deixou claro que o ambiente ainda segue desafiador. Por outro lado, depois de vários trimestres de contração de margens, finalmente começamos a ver uma evolução nos resultados operacionais, o que aumenta as chances de que o pior tenha ficado para trás. 

Apesar de ser uma tese mais sensível às condições macro, o upside também é bastante interessante se o ambiente finalmente voltar a melhorar. Por 7x EV/Ebitda, a LJQQ3 segue no Microcap Alert, carteira de small caps da Empiricus Research. 

  • ETF do Nubank (NDIV11) é nova opção na Bolsa para receber dividendos todo mês; vale a pena investir?

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.