A Enel Distribuição do Ceará, Coelce (COCE5), responsável pela distribuição de energia elétrica em todo o estado do Ceará, numa área abrangendo 184 municípios em 149 mil quilômetros quadrados, divulgou seus resultados referentes ao terceiro trimestre de 2023. Durante esse período, a empresa apresentou resultados modestos, mas com bons sinais, em linha com nossas expectativas.
Receita operacional
A receita operacional líquida no terceiro trimestre de 2023 registrou uma queda de 4,6% em comparação com o terceiro trimestre de 2022. Excluindo o impacto da receita de construção, a receita operacional líquida da empresa no terceiro trimestre de 2023 alcançou R$ 1.868,8 milhões, representando um aumento de R$ 328,9 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior.
Esse aumento na receita operacional líquida pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo um maior consumo de energia elétrica em relação ao terceiro trimestre de 2022, devido à normalização das chuvas em todo o estado e ao aumento no consumo da classe residencial. Além disso, houve um aumento na rubrica de marcação a mercado de ativo indenizável devido à deflação ocorrida no terceiro trimestre de 2022, o que reduziu a base de comparação, bem como um aumento na base de ativos resultante da revisão tarifária. Também houve um aumento dos ativos e passivos financeiros setoriais líquidos devido ao aumento das amortizações no período, e uma redução no total de tributos, principalmente na linha de ICMS incidente nas contas de energia elétrica desde julho de 2022.
Qualidade do fornecimento de energia de Coelce
Sob a perspectiva operacional, os indicadores DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) e FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora), que mensuram a qualidade do fornecimento de energia do sistema de distribuição, apresentaram redução e ficaram abaixo do limite regulatório, o que é positivo para a empresa.
No trimestre de 2023, o indicador DEC registrou uma queda de 12,5% em comparação com 2022, mantendo-se abaixo do limite regulatório estabelecido em 9,82. Esse declínio reforça a tendência de diminuição observada nos últimos anos. Já o indicador FEC do terceiro trimestre de 2023 apresentou uma redução de 8,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
As melhorias nos indicadores de qualidade resultam de ações complementares ao plano de manutenção, incluindo atividades como manutenção de defeitos, bem como a conclusão do plano de automação (self-healing) e da migração da comunicação dos telecontroles para satélite.
Custos e despesas operacionais
Em relação aos custos e despesas operacionais, houve uma queda de 14,7%. Desconsiderando o efeito dos custos de construção, os custos e despesas operacionais da empresa no terceiro trimestre totalizaram R$ 1.495,9 milhões, representando um aumento de 9,6% ou R$ 131,4 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior, quando foram de R$ 1.364,5 milhões.
Esse aumento nos custos e despesas operacionais se deve principalmente ao aumento na linha de despesas com pessoal devido à contratação de novos eletricistas, ao aumento nas despesas com materiais e serviços de terceiros, devido a ajustes nos preços matriciais e reequilíbrios de contratos de preços, bem como ao aumento das provisões para créditos de liquidação duvidosa.
Ebitda e lucro líquido
Consequentemente, o Ebitda da Coelce atingiu R$ 497,5 milhões, representando um aumento de R$ 254,1 milhões em relação ao terceiro trimestre de 2022. A margem Ebitda da empresa no terceiro trimestre de 2023 foi de 23,7%, um crescimento de 12,6 pontos percentuais em comparação com o mesmo período do ano anterior. Excluindo a receita de construção, a marge Ebitda foi de 26,6%, o que representa um aumento de 10,8 pontos percentuais.
No acumulado dos nove meses de 2023, o Ebitda alcançou R$ 1.362,3 milhões, representando um acréscimo de R$ 293 milhões em relação ao mesmo período de 2022. A margem Ebitda da empresa nos nove meses de 2023 foi de 21,04%, apresentando um aumento de 4,19 pontos percentuais em comparação com o mesmo período do ano anterior. Excluindo a receita de construção, a margem Ebitda foi de 24,84%, o que representa um aumento de 2,84 pontos percentuais.
No que diz respeito ao resultado financeiro, a empresa encerrou o terceiro trimestre com uma despesa líquida de R$ 181,4 milhões, o que representou um aumento de R$ 90,1 milhões em comparação com o mesmo trimestre de 2022.
Essa variação pode ser principalmente atribuída à oscilação monetária de ativos e passivos financeiros setoriais, que foi substancialmente afetada pela criação de ativos setoriais, pelo aumento da taxa CDI no segundo trimestre de 2023 em relação ao segundo trimestre de 2022, além de um aumento no volume de empréstimos contratados entre os períodos analisados.
Endividamento
Quanto ao endividamento, a dívida bruta de Coelce fechou o terceiro trimestre de 2023 em R$ 5.916 milhões, o que representa um acréscimo de R$ 1.381 milhões em relação ao terceiro trimestre de 2022. Além disso, houve um reconhecimento de ajuste positivo relacionado aos SWAPs de dívidas vigentes, totalizando R$ 39 milhões.
Esse aumento na dívida bruta se deve principalmente às novas captações de dívidas destinadas ao refinanciamento, investimentos e capital de giro, juntamente com o reconhecimento de juros e correção monetária, parcialmente compensados por amortizações e pagamentos de encargos ocorridos entre os períodos comparados. A companhia segue avaliada como triplo A pela Fitch.
Por fim, no terceiro trimestre, a empresa registrou um lucro líquido de R$ 138,2 milhões, o que representa uma melhora de R$ 57,8 milhões em comparação com o terceiro trimestre de 2022.
Essa melhora se deve principalmente ao aumento do Ebitda, embora tenha sido parcialmente compensada pelo aumento nas despesas financeiras mencionadas anteriormente, pelo crescimento das despesas de depreciação e amortização, relacionado ao aumento da base de ativos da empresa, e pelo aumento dos impostos.
A percepção da Empiricus Research sobre Coelce (COCE5)
Operacionalmente, a empresa está bem encaminhada, e o principal gatilho para o seu desempenho está relacionado à possível venda da empresa por parte de seu controlador, a Enel. Recentemente, tornou-se público que empresas como a Equatorial (EQTL3) e a CPFL (CPFE3) manifestaram interesse no ativo e que a Enel pretende vendê-lo ainda neste ano.
No entanto, há notícias que indicam que as negociações foram temporariamente paralisadas, em grande parte devido à incerteza sobre a forma de pagamento pelo ativo e ao vencimento da concessão, previsto para 2028.
Acreditamos que, embora dependa de processos regulatórios ainda em discussão, há pressa para resolver essa situação para retomar as negociações. A renovação da concessão, por exemplo, deve ser resolvida nos próximos meses. Após isso, é provável que as negociações voltem à mesa com mais força (possivelmente até antes, se houver um caminho claro).
Essa abordagem faz sentido, uma vez que a base da empresa abrange aproximadamente 4,2 milhões de unidades consumidoras e uma população de cerca de 9,2 milhões de habitantes. Considerando o desempenho aceitável no trimestre e a perspectiva contínua de progresso em relação a uma possível transação, mantemos nossa posição na tese de Coelce (COCE5).
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