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No 3T23, resultados da Apple (AAPL34) mostram certa dificuldade de retomar o caminho do crescimento

Apesar de ter divulgado números melhores do que o projeto por analistas, a big tech tenta reviver a demanda por seus produtos.

Por Enzo Pacheco, CFA

03 nov 2023, 09:36 - atualizado em 03 nov 2023, 09:44

Apple AAPL34 AAPL
Imagem: Divulgação/Apple

Em pleno feriado de Finados, a Apple (B3: AAPL34 | Nasdaq: AAPL) divulgou os seus balanços do quarto trimestre do ano fiscal de 2023 (encerrado em setembro). Os números divulgados pela empresa foram melhores do que as projeções dos analistas, mas ainda mostram uma certa dificuldade da empresa conseguir retomar o caminho do crescimento observado nos anos anteriores.

Receita com iPhones, iPads e Macs

No período, a criadora do iPhone reportou receita de US$89,498 bilhões, queda de menos de 1% na comparação com o mesmo trimestre de 2022, quando apresentou vendas de US$90,146 bilhões. Esse foi o quarto trimestre consecutivo de recuo no faturamento da companhia.

Analisando a receita por categoria, os principais detratores foram as vendas de Macs, que totalizaram US$7,614 bilhões (-33,8% vs. 4T22) e iPads, que somaram US$6,443 bilhões (-10,2%). 

Já o iPhone (principal produto da companhia, responsável por quase metade do faturamento) apresentou leve alta de 2,7% na comparação anual, com receita de US$43,805 bilhões.

Receita com serviços

O destaque positivo ficou com a linha de Serviços, que teve mais um trimestre de receita recorde, totalizando US$22,314 bilhões (+16,1% vs. 4T22).

Esse aumento da representatividade da parte de Serviços — que passou de 21% das vendas para quase 25% no último trimestre — permitiu à companhia melhorar ainda mais a sua lucratividade. O lucro bruto de US$40,427 no trimestre (+6,1% vs. 4T22) representa uma margem bruta de 45,2%, quase 3 pontos percentuais acima do reportado um ano atrás.

E isso percorreu todo o resultado da companhia. O lucro operacional totalizou US$26,969 bilhões, aumento de 8,3% na comparação anual; na linha final, o lucro líquido foi US$22,956 bilhões, ou US$1,46 por ação, crescimento de 13,2% em relação ao quarto trimestre do ano passado.

Queda na demanda

Um ponto que ainda pesa muito no resultado da Apple nos últimos trimestre é a queda na demanda na região da Grande China, tido como uma das principais avenidas de crescimento para a companhia. As vendas no gigante asiático recuaram 2,5% na comparação anual, somando US$15,084 bilhões no período.

Mas isso não significa que as outras regiões tenham apresentado números melhores. Na verdade, a única que viu um aumento no faturamento foram as Américas, e ainda assim irrisório para o porte da companhia (US$40,115 bilhões, 0,7% vs. 4T22).

Geração de caixa e endividamento da Apple

Um fator que deixa os investidores menos preocupados é o saldo em caixa que a gigante de Cupertino ainda possui: ao final do trimestre, eram mais de US$162 bilhões disponíveis para serem colocados a trabalhar em favor dos acionistas. Mesmo considerando a dívida total da companhia, ainda estamos falando de um montante na casa dos US$50 bilhões.

Além disso, a capacidade de geração de caixa do negócio permite à companhia continuar remunerando seus investidores. No trimestre, o CFO Luca Maestri afirmou que a Apple retornou quase US$25 bilhões aos acionistas.

A dificuldade de fazer com que consumidores do mundo inteiro voltem a comprar os seus produtos, contudo, parece ser o principal fator que os investidores estão considerando no momento: as ações caíam quase 1% no after-market.

Empiricus Research recomenda pequena posição em Apple (AAPL34)

Apesar de ser um grande admirador da companhia, entendo que esse momento de dificuldade em crescer somado ao valuation esticado (negociando por quase 30 vezes seus lucros futuros) enseja um maior cuidado em apostar na Apple (B3: AAPL34 | Nasdaq: AAPL), sugerindo uma posição pequena na carteira (1% a 3% do portfólio).  

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Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Desde 2017 atua na análise dos mercados internacionais na série da Empiricus voltada a este propósito (MoneyBets).