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Ritmo de crescimento de Arezzo (ARZZ3) desacelera, mas margens surpreendem positivamente no 3T23

Mesmo com varejo pressionado por demanda fraca, o posicionamento premium e poder de marca permitem à companhia continuar repassando preços e crescendo volumes organicamente.

Por Larissa Quaresma, CFA

08 nov 2023, 15:22 - atualizado em 08 nov 2023, 15:22

Arzz3 - Frente da loja Arezzo. Há vários calçados em exposição, sobretudo femininos
Imagem: Divulgação

O resultado do 3T23 da Arezzo &Co (ARZZ3) foi positivo e, em sua maioria, em linha com os nossos números e com os do mercado. Assim como esperado, o ritmo de crescimento da companhia desacelerou frente aos últimos trimestres, mas as margens surpreenderam positivamente. 

Receita bruta cresceu 13% contra 3T22

A receita bruta total cresceu 13% na comparação anual, atingindo R$ 1,6 bilhão, puxada pela forte performance da AR&CO (+25%), Arezzo (+10%) e Vans (+21%), os destaques positivos do resultado. No mercado externo, as vendas brutas cresceram 13%. No consolidado, o crescimento das vendas nas lojas abertas há mais de 1 ano foi de +13% para os canais externos, e -3% para o canal de franquias. 

Margem bruta de Arezzo atingiu 53,8%

Olhando para a rentabilidade, o crescimento das vendas diretas ao consumidor (DTC), principalmente através das lojas próprias (+23% vs 3T22), e o maior volume de vendas a preço cheio, fizeram com que a margem bruta surpreendesse: alcançou 53,8%, ganho anual de 1 ponto percentual — compensando a pressão negativa da margem bruta da operação internacional, que foi de 43,8% (-10,8 p.p vs 3T22).

Ebitda teve alta anual de 28%

Apoiado também pela redução das despesas operacionais, que caíram 1,3 p.p. (% da receita líquida) na comparação anual, o Ebitda ajustado da companhia foi de R$ 218 milhões, alta anual de 28%, implicando uma margem de 17,2% (+2,3 p.p vs 3T22). No fim, impactado pelas despesas financeiras, o lucro líquido ajustado foi de R$ 107 milhões (+4% vs 3T22). 

Ligeiro aumento da alavancagem financeira

Olhando para a alavancagem financeira, que segue em patamar saudável (0,6x dívida líquida sobre Ebitda), houve um ligeiro aumento em relação ao segundo trimestre (0,5x dívida líquida sobre Ebitda), em função do pagamento de JCP no período, o que reduziu a posição em caixa. A geração de caixa operacional no período foi de R$ 115 milhões, beneficiada pela evolução do Ebitda, que mais do que compensou as pressões de capital de giro (provenientes do aumento no prazo de recebimento). 

Como interpretamos o resultado de Arezzo (ARZZ3)

Um ponto mal-recebido pelo mercado e que, em nossa visão, foi endereçado na teleconferência de resultados, é a queda nos volumes vendidos. O número de pares de calçados caiu 6% na comparação anual, mas a redução é atribuída ao encerramento da marca MyShoes, responsável por cerca de 260 mil pares. Birman, CEO da companhia, afirmou ainda na conferência que não há preocupação ou tendência negativa esperada no volume de vendas para os próximos trimestres. 

Olhando à frente, também foi ressaltado, durante a teleconferência, que as vendas a preço cheio seguem crescendo no quarto trimestre. Além disso, há um espaço importante para melhorias no capital de giro (aumento de prazo com fornecedores e diminuição do prazo de recebimento), o que deve beneficiar a geração de caixa da Arezzo &Co. 

Do nosso lado, esperamos que a companhia continue com um crescimento de 2 dígitos ao longo dos próximos trimestres, além de ganhar alavancagem operacional e capturar os ganhos de rentabilidade de uma base de despesas agora menor. Isso é um fruto do seu posicionamento premium e do poder das suas marcas, fatores que a permitem continuar repassando preços e crescendo volumes organicamente, mesmo em meio a um varejo pressionado pela demanda fraca.

Negociando a 13x o lucro que estimamos para 2024, Arezzo &Co (ARZZ3) segue presente em diversas carteiras recomendadas da Empiricus Research.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de Ações focada em Bancos e Instituições Financeiras, integra a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Mais de 5 anos de experiência em análise de empresas, com passagens pela Núcleo Capital e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, com certificações CFA, CNPI e CGA.