Investimentos

Equatorial (EQTL3) tem resultados bastante sólidos no 3T23, ajudados pela Distribuição de energia

Mesmo aumentando o endividamento, a companhia conseguiu melhorar a alavancagem contra o 3T22 e cresceu o lucro líquido em 25%.

Por Ruy Hungria

09 nov 2023, 11:19 - atualizado em 09 nov 2023, 11:19

Equatorial EQTL3
Imagem: Divulgação/Equatorial

A Equatorial (EQTL3) mais uma vez apresentou resultados bastante sólidos, ajudados pela Distribuição de energia, que apresentou ganho de volume, redução de perdas e melhorias nas métricas operacionais. Os outros segmentos – Transmissão, Saneamento e Renováveis – não brilharam no trimestre, mas também não impediram a Equatorial de superar as expectativas. 

Energia distribuída pela Equatorial foi 6,8% maior em comparação anual

Na Distribuição, a energia distribuída cresceu 6,8% ante o 3T22, com melhorias operacionais relevantes. O nível de perdas recuou quase -1 ponto percentual, enquanto os índices de qualidade de distribuição (DEC e FEC) melhoraram em todas as distribuidoras, exceto na recém adquirida Equatorial Goiás. 

Ajudada pela consolidação da Equatorial Goiás, aumento no volume distribuído, redução das perdas e reajustes tarifários, a Margem Bruta do segmento de distribuição cresceu 50% no período, para R$ 3,2 bilhões. Mesmo excluindo a Equatorial Goiás, para deixar os números mais comparáveis, o crescimento teria sido de +19,4%. 

A linha de PMSO (gastos gerenciáveis) aumentou +51% no período, mas a base de comparação não é muito justa, já que o 3T22 ainda não incluía os gastos da Equatorial Goiás. Desconsiderando este efeito, o crescimento teria sido de apenas +6% no período, mostrando a disciplina de costume da Equatorial. 

Por fim, o Ebitda do segmento de distribuição atingiu R$ 2 bilhões, alta anual de +46%, muito ajudada pela incorporação da distribuidora goiana. Mas mesmo excluindo esse efeito, o Ebitda teria aumentado quase +25%, por conta das melhorias citadas anteriormente (aumento nos volumes e tarifas, além de menores perdas). 

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Transmissão manteve Ebitda estável no trimestre

No segmento de Transmissão, o Ebitda de R$ 307 milhões permaneceu praticamente estável na comparação com o 3T22, já que o efeito positivo dos reajustes tarifários do período acabou sendo mitigado pelo aumento de custos por conta de um incidente em um de seus ativos (SPE 07). 

Segmento de Renováveis foi impactado por apagão de agosto

No segmento de Renováveis, o apagão de agosto trouxe restrições ao funcionamento de alguns agentes de geração renovável do Nordeste, o que impactou a receita da Echoenergia. Com isso, o Ebitda do segmento recuou aproximadamente -9%, para R$ 204 milhões vs 3T22. Apesar do impacto, não esperamos reações negativas dado que a Equatorial já havia adiantado esses efeitos em sua prévia operacional. Além disso, a companhia disse que o ONS tem reduzido as restrições gradualmente, o que deve minimizar os impactos daqui para frente. 

Saneamento teve evoluções operacionais em seu primeiro ano

Para fechar, no segmento de Saneamento à CSA completou seu primeiro ano sob o comando da Equatorial, com algumas evoluções operacionais importantes, mas resultados ainda negativos por conta do processo de turnaround.  Apesar do crescimento de +40% na receita com abastecimento de água e serviços de esgoto, as menores receitas de construção e o aumento da equipe neste início de concessão fizeram o Ebitda piorar -R$ 13 milhões na comparação com o 3T22. Mas além de ser um impacto pequeno para as dimensões da Equatorial, entendemos que há muita evolução por vir neste segmento ainda. 

No consolidado, o Ebitda chegou a R$ 2,5 bilhões, alta de +32,7%, ajudado principalmente pelo segmento de Distribuição. 

Por outro lado, o maior endividamento da companhia, especialmente para a aquisição da Equatorial Goiás, fez o resultado financeiro passar de -R$ 373 milhões para -R$ 942 milhões por conta das maiores despesas com juros. 

Resultado financeiro surpreendeu positivamente

Ainda assim, o lucro líquido ajustado cresceu 25,5% vs o 3T22, e chegou a R$ 851 milhões, acima das expectativas do mercado. 

Voltando ao endividamento, é importante ressaltar que, apesar de ainda elevado por conta da aquisição mencionada, a Dívida Líquida/Ebitda recuou de 3,8x para 3,6x no trimestre, desalavancagem que deve continuar à medida que os resultados operacionais melhoram e a necessidade de investimentos diminui. 

Por 8x Valor da Firma/Ebitda, um histórico de execução muito acima da média e boas oportunidades de crescimento, a Equatorial segue como uma recomendação da Empiricus Research. 

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.