Na última quarta-feira (8), o Banco do Brasil (BBAS3) aprovou a distribuição de R$ 2,25 bilhões em proventos, sendo R$291.052.643,24 em dividendos e R$1.958.323.968,37 sob a forma de Juros sobre Capital Próprio (JCP), referentes ao 3º trimestre do ano.
O valor do dividendo é de R$0,10198860740 por ação e do JCP é de R$0,68622202551 por ação, pagos em 30 de novembro de 2023. A distribuição tem como base a posição acionária de 21 de novembro de 2023 e as ações ficam “ex” a partir de 22 de novembro de 2023.
Agora, para avaliar esse anúncio de BB sobre o pagamento ‘gordo’ de proventos, Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, faz um giro pelos resultados do 3T23 reportados pela companhia.
Os resultados do 3T23 de Banco do Brasil
O Banco do Brasil encerrou o 3º tri de 2023 com receitas de prestação de serviços no total de R$ 8,670 bilhões, número 4,6% maior em comparação com o trimestre anterior e 1,7% em relação ao 3T22.
O lucro líquido ajustado de R$ 8,785 bilhões, número estável em relação ao trimestre anterior e 4,5% acima do obtido há 12 meses. Já o lucro líquido contábil foi de R$ 8,396 bilhões, alta trimestral de 0,5% e anual de 3,1%.
O ROE (retorno sobre patrimônio líquido) ficou em 21,3% em setembro, mesmo patamar de junho e com avanço em relação aos 21,9% de setembro de 2022. O índice de Basileia foi de 16,24%, ante 15,72% e 16,72%, respectivamente.
Carteira de crédito
A carteira de crédito ampliada registrou R$ 1,07 trilhão em setembro, com altas de 2% e 10%, respectivamente. Segundo Larissa, esse indicador de BB cresceu mais do que o dos pares privados brasileiros por conta do posicionamento privilegiado que a companhia tem no segmento do agronegócio já há alguns trimestres.
“O agro tem passado por um movimento muito positivo de inadimplência mais baixa, e muitas vezes tem acesso a linhas de crédito com mais opções de garantia. Isso dá um conforto maior para a gestão expandir a carteira de crédito, em comparação a outros bancos”, explica.
Para se ter ideia, a carteira de agro cresceu em 18,9% no ano e em 5,7% contra o 2T23, totalizando R$ 340 bilhões.
Inclusive, de acordo com a analista, boa parte do bom resultado da margem financeira bruta (receita de juros menos o custo de captação) da companhia é explicada pela expansão da carteira de crédito. O indicador subiu 21,1% em relação ao terceiro trimestre de 2022 e 3,5% quando comparado ao 2T23, com um total de R$23,680 bilhões.
“Em compensação, quando olhamos para as carteiras de crédito da pessoa física e de empresas, o indicador não cresce tanto assim e fica até abaixo dos pares privados”, complementa. A carteira de PF atingiu R$ 304 bilhões, com aumento de 0,7% no trimestre e 7,9% em 12 meses. Em pessoas jurídicas, somou R$ 371 bilhões, com queda de 0,1% no trimestre e alta de 4,7% em um ano.
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Caso Americanas pesou nas despesas de provisão
Além disso, no 3º tri, a inadimplência avançou para 2,81%, contra 2,73% no 2º tri de 2023 e 2,34% há 12 meses.
A inadimplência da pessoa física foi de 5,02%, contra 5,27% na comparação trimestral e 5,25% na anual. A de pessoa jurídica foi de 3,04%, ante 2,58% no trimestre e 1,47% no anual.
Somado a isso, as despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD) ampliadas totalizaram R$ 7,516 bilhões, com alta trimestral de 4,7% e anual de 66,4%. O spread global ficou em 4,9%, de 4,9% no segundo trimestre e 4,2% no terceiro trimestre de 2022.
Larissa esclarece que a inadimplência PJ e os elevados 66% de aumento no PDD no 3º tri têm a ver com o caso das Lojas Americanas, que entrou com pedido judicial em janeiro. “Tirando o BTG Pactual, o Banco do Brasil foi o último banco a colocar Americanas com 100% de provisão para perdas. Se a gente excluir esse caso em especial, que representa R$ 500 milhões do PDD, a provisão teria, na verdade, caído um pouquinho”.
Outro ponto considerado positivo pela analista é a redução do número de descontos concedidos na parte de crédito e uma queda nos calotes – indicadores que pesaram no resultado do trimestre anterior.
O que esperar de Banco do Brasil daqui para frente?
Na visão da analista, pode haver uma piora da inadimplência nos próximos meses, associada a dois pontos. “A gente espera uma atuação muito forte do Banco do Brasil no Desenrola [programa de renegociação de dívidas] do que dos demais bancos, e também tem a questão de que o agro não deve ter um bom comportamento de crédito para sempre, principalmente com as commodities caindo”.
Vale a pena investir em BBAS3 como case de dividendos?
Mesmo considerando a “bolada” em proventos que a companhia aprovou distribuir ainda em novembro, a resposta final da analista é “não”.
Um dos pontos levantados por ela é o fato de a instituição ainda ter algum resquício de redirecionamento para o lado social, que costuma impactar muito no comportamento das ações. “Sempre que tem alguma manchete envolvendo o BB e política, ou sobre troca do management da companhia, coisas assim, a cotação do papel cai no pregão“.
Até poucos meses atrás, ela ressalta, o papel de BBAS3 era recomendação da Empiricus Research, com foco nos dividendos da estatal, mas foi encerrada recentemente. “Optamos por capturar os ganhos quando a ação subiu 50% e encerrar a recomendação, porque passamos a achar ruim a companhia distribuir proventos ‘gordos’ e, ao mesmo tempo, jogar fora todo a rentabilidade na desvalorização da ação. Foi uma questão de gestão de risco mesmo”.
Para quem pensa em buscar dividendos, no setor financeiro a casa de análise prefere Itaú (ITUB4). “Dentre os bancões, optamos por Itaú. A ação paga proventos mensalmente e o banco continua entregando resultados muito fortes“.
Além de ITUB4, neste relatório gratuito, a Empiricus Research recomenda outras 4 ações boas pagadoras de dividendos e melhores que BBAS3 para investir agora.