A B3 (B3SA3) divulgou seus números do 3T23, que vieram em linha com as nossas expectativas e as do mercado. Com os dados operacionais do trimestre já conhecidos anteriormente, o resultado foi esperadamente morno, em função do baixo volume negociado em ações no período, mas com uma resiliência sustentada pelas outras fontes de receita da companhia.
Receita líquida de B3 se manteve estável
A receita líquida foi de R$ 2,2 bilhões, estável na comparação anual (-0,4%) e com uma leve alta em relação ao 2T23 (+0,8%). Mais uma vez, a performance foi pressionada pelo seu principal segmento de atuação, Ações e Instrumentos de Renda Variável, que teve um volume médio de negociação (ADV) 9% inferior contra o 3T22, levando a uma queda anual de 10% no seu faturamento líquido. A vertical de Juros, Moedas e Mercadorias também apresentou queda (-5%) em função de menores volumes de negociação e efeitos de variação cambial.
Por outro lado, os demais segmentos de B3 se expandiram, compensando a queda em ações:
- Balcão (+14%), que se beneficiou da maior captação bancária, dívida corporativa e Tesouro Direto;
- Infraestrutura para Financiamento (+8%), refletindo o maior financiamento de veículos;
- Tecnologia, Dados e Serviços (11%), explicado pela correção dos contratos pela inflação e a consolidação da Neurotech no resultado.
Despesas por efeitos não recorrentes aumentaram
Por sua vez, as despesas ajustadas por efeitos não recorrentes tiveram alta anual de 7%, para R$ 504 milhões. O crescimento se deve à correção anual dos salários pelo dissídio e a consolidação da Neurotech. Com isso, o Ebitda de B3 recorrente caiu 3,2%, para R$ 1,6 bilhão, com margem de 72,3% (-2 p.p.).
Lucro líquido teve alta marginal
O resultado financeiro melhor na comparação anual, além da alíquota de imposto de renda mais baixa, fez com que o lucro líquido crescesse marginalmente: a linha final ficou em R$ 1,2 bilhão, alta de 0,5% na comparação anual.
Apesar da performance ainda morna da sua principal fonte de receita, seguimos construtivos com a tese de investimento em B3.
Olhando para o cenário local, acreditamos que não houve mudança fundamental no Brasil que impeça o início de um ciclo mais positivo para os ativos de risco — principal pilar da tese de B3. Os ventos contrários vieram de contornos globais mais restritivos, que já deram sinais iniciais de alívio neste início de mês. Negociando a 14x seu lucro estimado para 2024, mantemos a recomendação de compra para B3 (B3SA3), que está em diversas carteiras recomendadas da Empiricus Research.