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Resultados do 3T23 de Eneva (ENEV3) ainda foram afetados pelo nível dos reservatórios hídricos e por endividamento

Ainda assim, a companhia vem buscando contornar as adversidades e tem vários projetos no pipeline e um leilão em 2024.

Por Ruy Hungria

14 nov 2023, 10:56 - atualizado em 14 nov 2023, 10:56

Imagem de homem com uniforme da Eneva olhando para uma máquina de extração de gás Eneva (ENEV3)
Reprodução/Divulgação Eneva

A Eneva (ENEV3) reportou resultados ainda afetados pelo elevado nível dos reservatórios hídricos e pelo maior endividamento na comparação com o ano anterior. No entanto, vimos alguns sinais interessantes no trimestre, especialmente em termos de controle de custos e diversificação de receitas. 

Receita líquida cresceu no 3T23 graças a novos ativos de geração

A receita líquida cresceu 40% na comparação com o 3T22 e atingiu R$ 2,38 bilhões. Mas é importante ressaltar que boa parte desse crescimento não aconteceu por conta dos despachos, que seguem em níveis muito baixos, mas sim devido a novos ativos de geração, que passaram a contribuir para o faturamento da companhia. Estamos falando das usinas de geração a gás Celse e Termofortaleza (R$ 815 milhões de receita líquida) e do Complexo Solar Futura I (R$ 71 milhões de receita líquida).

Além desses novos ativos, as melhorias operacionais na usina Jaguatirica II também contribuíram para o crescimento da receita do ativo, que chegou a R$ 152 milhões no 3T23, quase o dobro do ano anterior. Por outro lado, as exportações de energia não ajudaram tanto como no ano passado, especialmente por conta das temperaturas mais amenas no inverno argentino. 

No Brasil, apesar dos despachos ainda muito baixos, a Eneva comentou que a recente onda de calor tem ajudado a trazer mais demanda por energia, inclusive com o retorno dos despachos por ordem de mérito em alguns momentos desde o início de outubro. 

Bom controle de gastos

Enquanto a receita segue pressionada, a Eneva apresentou um bom controle de gastos no período. Mesmo com a entrada de novas usinas no portfólio, as despesas operacionais caíram -23% no trimestre. Isso, combinado com a expansão da receita, ajudou o Ebitda a atingir R$ 903 milhões, alta de +51% na comparação com o 3T22. 

No entanto, o maior endividamento da companhia para realizar as aquisições recentes acabou pesando no resultado financeiro, que chegou a -R$ 635 milhões. 

Isso impactou a linha final, que passou de um lucro de R$ 238 milhões no 3T22 para um prejuízo de -R$ 87 milhões, mas esse aumento na despesa com juros já era esperado pelo mercado. 

Ebitda de Eneva ampliou no trimestre

Apesar do efeito negativo da maior alavancagem no resultado financeiro, é importante lembrar que essa foi uma decisão da companhia de investir em ativos menos dependentes dos níveis dos reservatórios, o que inclusive se traduziu em um bom crescimento do Ebitda no trimestre.

A relação dívida líquida/Ebitda fechou o trimestre em 4,2x, praticamente estável com relação ao 2T23 mas com perspectivas de redução à medida que os novos ativos são consolidados. Além disso, a própria Eneva tem buscado sócios para alguns deles, como o Futura I, o que também ajudaria a reduzir o endividamento. 

Nossa avaliação dos números de Eneva (ENEV3)

Apesar dos resultados ainda pressionados pelas condições hidrológicas, a Eneva vem buscando contornar as adversidades. Por 9x Valor da Firma/Ebitda esperado para 2024, com vários projetos no pipeline e um leilão importante em 2024, entendemos que boa parte do pessimismo com os despachos já estejam embutidos nos preços. A Eneva (ENEV3) segue em várias carteiras da Empiricus Research.  

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.