Ontem (13), após o fechamento do mercado, a Cosan (CSAN3) divulgou seus números do 3º trimestre 2023, que vieram consideravelmente acima do esperado: o Ebitda ajustado foi de R$ 5,7 bilhões, 18% acima da estimativa média do mercado e com crescimento anual de 38%.
Recuperação de margens e melhoria da alavancagem
A performance de Cosan foi sustentada pela recuperação de margens na Raízen Mobilidade, entrada em operação de Marketing & Serviços da Compass, crescimento de volume e melhoria de mix na Moove, ganho de volume e tarifa na Rumo e valorização de terras na Cosan Investimentos.
O forte resultado contribuiu para a redução da alavancagem do grupo (de 2,0x para 1,7x), um ponto de questionamento pelo mercado nos últimos trimestres. Por fim, a companhia disponibilizou um guia de cálculo do desconto de holding que deixa mais claro o valuation depreciado de CSAN3: a ação negocia a um desconto de 30% sobre o valor dos seus ativos.
Raízen (RAIZ4)
A Raízen, uma das controladas de Cosan, entregou um Ebitda ajustado de R$ 3,7 bilhões (+35%), puxado pela Raízen Mobilidade (R$ 1,9 bilhão, +160%), que se beneficiou dos maiores volumes de combustível distribuído e dos ganhos de rentabilidade provenientes de adequações no suprimento e distribuição. Houve um ganho de 28% na produtividade agrícola, mas a companhia segue segurando os estoques, tanto de Açúcar quanto de Renováveis, na espera de melhores preços. Com isso, o Ebitda de Açúcar caiu 5%, para R$ 1,2 bilhões, este impactado também por maiores custos comerciais de distribuição, e o de Renováveis caiu 18%, para R$ 845 milhões.
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Rumo (RAIL3)
A Rumo teve um forte desempenho: seu Ebitda foi de R$ 1,8 bilhão, o que representa uma alta de 31% ao desconsiderar os terminais T16 e T19, vendidos no ano passado, da base de comparação. A alta foi motivada pelo ganho de 4% no volume transportado, com a normalização da segurança na Baixada Santista (SP), e pela alta de 10% na tarifa média. Ajudou, também, a redução de 39% no preço do combustível, principal custo da operadora ferroviária.
Compass
Por sua vez, o Ebitda da Compass, também controlada por Cosan, se expandiu em 32%, para R$ 1,3 bilhão. O volume de gás natural distribuído teve uma queda de 11%, em função da atividade industrial ainda fraca e das temperaturas mais altas, efeito compensado pela correção inflacionária das tarifas, fazendo com que o Ebitda de Distribuição de Gás crescesse 5%. O grande destaque positivo, entretanto, foi a entrada em operação da vertical de Marketing e Distribuição, que contribuiu com R$242 milhões para o Ebitda do negócio. A nova frente foi anunciada no Cosan Day, mas sua contribuição era esperada para mais à frente.
Moove
A Moove, distribuidora de lubrificantes, viu seu Ebitda crescer 43%, para R$ 352 milhões, impulsionado pelo aumento no volume de lubrificantes (+9%) e melhoria de mix.
Cosan Investimentos
A Cosan Investimentos, que inclui principalmente o segmento de Terras, teve uma alta de 84% no EBITDA, que ficou em R$ 503 milhões. A melhora veio principalmente da receita de arrendamento das terras e da valorização das propriedades agrícolas.
Com isso, o Ebitda consolidado do conglomerado foi de R$ 5,7 bilhões, alta anual de 38%. Com isso, a dívida líquida ficou em R$ 21,7 bilhões, o que representa um múltiplo de 1,7x o EBITDA dos últimos 12 meses, redução sequencial de 15% no indicador.
Nossa visão sobre os resultados de Cosan (CSAN3)
À medida que a Cosan atravessa o pico do seu ciclo de investimentos, o que provavelmente está acontecendo agora, já é possível observar a desalavancagem do conglomerado, um ponto bastante esperado pelo mercado. Do nosso lado, continuamos a enxergar o amadurecimento das várias teses de investimento do grupo, que aglutina negócios de infraestrutura de posicionamento privilegiado no país. Negociando a um desconto de holding de 30%, CSAN3 está presente em diversas carteiras recomendadas da Empiricus Research.