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Nvidia (NVDC34): surfando na crista da onda da inteligência artificial no 3T23

O grande expoente quando o assunto é IA apresentou números melhores que o esperado pelos analistas referentes ao 3º tri de 2023.

Por Enzo Pacheco, CFA

22 nov 2023, 10:26 - atualizado em 22 nov 2023, 10:27

Nvidia (NVDA/NVDC34)
Imagem: Divulgação/Nvidia

Ontem à noite (21), após o fechamento do pregão regular, a Nvidia (B3: NVDC34 | Nasdaq: NVDA) reportou os seus resultados do terceiro trimestre do ano fiscal de 2024 (encerrado no final de outubro). O grande expoente quando o assunto é Inteligência Artificial apresentou números melhores que o esperado pelos analistas.

Receita 206% maior em 12 meses

No período, a companhia apresentou receita recorde de US$18,120 bilhões, um valor 206% maior na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. 

Quando analisado por mercado de atuação, o grande vetor de crescimento segue sendo a parte de Data Center, que reportou vendas de US$14,514 bilhões (+279% vs. 3T23). A linha de Gaming, segundo maior mercado para a empresa, também apresentou forte aumento na receita, que totalizou US$2,856 bilhões (+81%).

O melhor mix de produtos vendidos — uma vez que os chips voltados para IA possuem um preço de venda muito maior do que outros itens oferecidos pela companhia — permitiu à empresa reportar uma margem bruta ajustada de 75%, quase 20 pontos percentuais a mais do que um ano atrás. 

Despesas operacionais cresceram 13%

Somado ao controle nas despesas operacionais, que aumentaram 13% na comparação anual, fez com que o lucro operacional encerrasse o trimestre nos US$11,557 bilhões, comparado com US$1,536 bilhão no mesmo trimestre de 2023 (+652% vs. 3T23).

Lucro líquido ajustado aumentou quase 7x anualmente

Na linha final de resultado, o lucro líquido ajustado foi de US$10,020 bilhões, ou US$4,02 por ação, quase sete vezes maior do que o reportado no 3T23 (US$1,456 bilhão, US$0,58/ação).

O que disse a direção da Nvidia

Não bastassem os ótimos números divulgados, a direção informou que espera que a receita do 4T24 deve ficar próximo dos US$20 bilhões e uma margem bruta ajustada de 75,5%. Caso consiga entregar esses resultados, estamos falando de um crescimento de 230% nas suas vendas e uma margem quase 10 pontos percentuais acima do reportado no quarto trimestre fiscal de 2023.

De acordo com o CEO, Jensen Huang, a transição observada na indústria — de uma inteligência artificial de propósito geral para uma IA generativa e de alta necessidade de processamento — demonstra todo o potencial de crescimento da Nvidia para os próximos anos, com a sua oferta de GPUs, CPUs, software, entre outros.

Um ponto de atenção na divulgação do resultado foi o comentário da CFO, Colette Kress, a respeito das limitações impostas pelo governo americano para a venda de determinados produtos para algumas regiões, principalmente a China. 

Ainda que essa política não tenha afetado os resultado do trimestre (uma vez que foi anunciado perto do final do período), a executiva pontuou que esses países tem representado cerca de 20% a 25% das vendas trimestrais do segmento de Data Center — considerando o número atual, seria algo perto dos US$3,3 bilhões.

Contudo, a companhia espera que a queda observada nas vendas para os clientes desses países seja mais do que compensada pelo aumento da demanda em outras regiões do globo.

Aparentemente os investidores gostariam de saber mais sobre essas restrições e como elas podem impactar de fato os negócios, uma vez que durante a teleconferência com os analistas a ação da companhia caía perto de 1% no after-market.

Como a Empiricus Research vê Nvidia

Difícil tecer críticas para uma empresa que tem sido a principal aposta no tema que tem dominado os mercados ao longo dos últimos meses. O fato de ter entregue um resultado acima das expectativas fez com que a ação passasse a negociar com um múltiplo Preço/Lucro de 62 vezes nos últimos 12 meses e pouco mais de 32 vezes para os lucros projetados para o próximo ano — antes do resultado, os múltiplos eram de mais de 112 vezes e quase 50 vezes, respectivamente.

Ainda assim, com mais de US$1,2 trilhão de valor de mercado, a margem para erro me parece cada vez menor caso a companhia eventualmente decepcione os investidores. Infelizmente não conseguimos aproveitar essa onda antes…

Caso haja uma retração no papel, obviamente a empresa estará no nosso radar de oportunidades, mas por ora seguimos apenas como um espectador da perfomance da Nvidia (B3: NVDC34 | Nasdaq: NVDA) no mercado atual.

Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Formado em Administração pela Universidade Federal do Espírito Santo e pós-graduado em Operador de Mercado Financeiro pela FIA. Desde 2017 atua na análise dos mercados internacionais na série da Empiricus voltada a este propósito (MoneyBets).