Na manhã desta quinta-feira (23), o presidente do Grupo SBF (SBFG3), Pedro Zemel, participou de uma live com Felipe Miranda, sócio-fundador e chefe de análise da Empiricus Research, e Fernando Ferrer, analista da casa. A entrevista marcou mais uma celebração do aniversário de 14 anos da Empiricus.
Na conversa, o CEO, que está há mais de 10 anos na companhia, conta como ela tem se preparado para os próximos trimestres e os principais fatores que influenciaram nos últimos resultados divulgados.
“Esses últimos trimestres representam um pouco da transição que a empresa está vivendo. A gente ainda está vivendo ajustes de estoque e margens brutas inferiores para migrar para uma fase de extrair valor desse ativo e buscar lucro e caixa, que é o que vamos fazer nos próximos trimestres e anos”, afirma Zemel.
Aquisição de Fisia (Nike Brasil) foi estratégica para Grupo SBF
Para Ferrer, muito do crescimento que a companhia busca tem a ver com a aquisição da licença de distribuição dos produtos da Nike Brasil, realizada em 2019. Naquele ano, ele recorda, o faturamento da Nike foi de R$ 1,9 bilhões. Em comparação, só no 3º trimestre de 2023, a receita atingiu R$ 1,1 bilhão.
Segundo Zemel, de fato foi um movimento estratégico importante para SBF aproveitar a tendência global de as marcas acessarem diretamente o consumidor. “A gente via que as vendas da Fisia, que distribui exclusivamente Nike Brasil, eram 70% para o atacado, 20% em outlets (lojas de descontos) e 10% pelo site Nike.com, e tinha potencial de atingir mais o consumidor direto, inclusive com mais diversidade geográfica, além de a margem ser maior a partir do momento que a companhia participa desde a fabricação até a venda final e não divide o ganho com atacado”.
Além disso, o CEO conta que, das 40 lojas da Nike no Brasil, quase metade foram abertas nos últimos 12 meses.
Somada a essa linha de negócio, existem também as ventures de SBF, que são NWB, site especializado em conteúdo esportivo, que tem entre suas marcas o canal Desimpedidos. “Fizemos camisas da Nike específicas para o público dessas ventures e vendemos tudo, então elas têm ajudado a gerar ainda mais demanda para o nosso negócio”, explica.
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SBF melhorou a comunicação com o mercado
Felipe Miranda lembra que um dos deslizes da companhia foi a má comunicação com o mercado em relação aos resultados do 2º trimestre de 2023, o que causou sucessivas quedas nas ações.
Para divulgar os números do 3T23, Zemel conta que o Grupo SBF ajustou essa questão: “Essa é uma empresa relacional historicamente, temos relações profundas com marcas e que também tem interesse em construir uma comunicação melhor. Então, ajustamos o call [da divulgação dos resultados] para ser em vídeo, em que falamos da companhia sem ler, de forma muito mais espontânea. Abrimos também, ali ao vivo, para que os analistas pudessem fazer perguntas e já respondemos na hora“.
O que esperar do 4º trimestre de 2023?
O quatro trimestre do ano (outubro a dezembro) costuma ser um período crucial para o varejo brasileiro, por conta de eventos como Black Friday e do Natal.
Durante esses meses, Zemel destaca o importante ajuste a ser feito no excesso de estoque de SBF ao longo deste trimestre, que foi o “calcanhar de Aquiles” de períodos anteriores para a companhia e na alavancagem. “Vamos aproveitar que fizemos compras menores e que o volume de vendas tende a ser grande com esses eventos”, afirma.
“Ao mesmo tempo, é importante dizer que, para reduzir alavancagem, a gente não precisa de uma venda excepcional. Se o nível de vendas seguir nossas expectativas, relativamente conservadoras, já conseguimos voltar para uma alavancagem saudável”.
Além disso, conta que a companhia fez a “lição de casa” com o caixa também e olhou com muita firmeza para as os diferentes meios de pagamento. “Por exemplo, testamos descontos no PIX e percebemos uma sensibilidade enorme do consumidor a isso, então conseguimos reduzir bastante contas a receber”, explica.
Outro ponto de destaque, segundo Zemel, é a consistência da demanda pelos produtos de SBF. “Não me lembro, nem agora, nem antes, de viver um momento em que a gente tenha sido surpreendido por uma seca de vendas. São produtos de desejo; as pessoas continuam fazendo esporte, continuam preocupadas com saúde”.
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E para o longo prazo?
O presidente da companhia reforça a dificuldade de se cravar números específicos para os próximos balanços de SBF, mas ressalta o interesse em voltar para a margem Ebitda de 12%, como foi em 2019 – e só com a operação de Centauro, à época.
Zemel também reforça o quanto a empresa pretende aumentar a multicanalidade de vendas e aproveitar cada vez melhor a parceria com influencers de esporte assistidos por milhares de pessoas em canais como o YouTube.
“A Centauro pode, por exemplo, servir melhor os parceiros de marketplace. A marca tem a competitividade de ter mais de 200 lojas espalhadas por 26 cidades, e isso é uma vantagem para o e-commerce, inclusive, porque dá capilaridade para a empresa”, explica. “Para se ter ideia, o ‘clica e retira’ como venda de e-commerce tem o melhor NPS disparado e ainda é rentável para nós, porque a pessoa pode trocar e retirar produtos na loja mesmo quando vendidos por parceiros e não pela Centauro em si”.
“E claro que para melhorar a multicanalidade precisa investir em infraestrutura e dá trabalho, mas a gente orça tudo que faz e cuidamos com o volume disso de acordo com o momento que a companhia está vivendo”, finaliza.
Grupo SBF (SBFG3) segue como recomendação da Empiricus Research
Hoje, o papel de SBFG3 negocia a 5, 6 vezes lucro, um patamar que Felipe Miranda considera muito barato. A ação continua como recomendação da Empiricus Research.
Para conferir a entrevista completa com Pedro Zemel, presidente de Grupo SBF, clique neste player: