A Equatorial (EQTL3) realizou o seu Investor Day na última semana. Apesar de sem grandes novidades, os executivos utilizaram o evento para recapitular a história impressionante de crescimento da companhia, explorar algumas das oportunidades nas verticais do negócio “multi-utilities” e reforçar o compromisso com a estratégia de geração de valor.
Uma das principais vantagens competitivas da Equatorial está na vasta experiência em realizar turnarounds bem-sucedidos. Uma clássica compounder, a companhia gerou um retorno expressivo para os seus acionistas adquirindo negócios pouco eficientes e transformando-os em referências de mercado.
Sua história começou há cerca de 20 anos, com a aquisição da distribuidora de energia Cemar, no Maranhão. Hoje, o seu portfólio de utilities conta com 7 distribuidoras (+14 milhões de clientes), 9 linhas de transmissão, 12 ativos de geração (1,2 GW de potência instalada) e 1 concessão de saneamento, além de atuar também na comercialização de energia.
Vertical de distribuição
Na vertical de distribuição, sua principal atividade, sendo responsável por mais de 90% do lucro operacional, as oportunidades se concentram especialmente nas distribuidoras ainda em processo de turnaround: CEEE (RS), CEA (AP) e CELG (GO).
É notável a evolução nos 3 ativos desde que a Equatorial assumiu a operação, mas a companhia destacou que ainda há um caminho importante a ser percorrido em ganhos de eficiência operacional relacionados a redução de perdas, PMSO, melhorias dos indicadores de qualidade (DEC e FEC), além de espaço para investimentos na base de ativos regulatória (RAB). Enxergamos um upside importante a ser capturado a partir dessas iniciativas.
Evolução nos ativos desde o início da gestão Equatorial
Em relação à renovação das concessões, tema que gerou preocupação há alguns meses após o Ministério de Minas e Energia abrir uma consulta pública para discussão das regras do processo, a companhia afirmou estar otimista que o decreto para as renovações seja publicado no próximo mês, com boas condições tanto para o consumidor como para o prestador de serviço.
Segmentos de geração, saneamento e transmissão
No braço de geração (Echoenergia), hoje composto majoritariamente por ativos de energia eólica, há dois projetos de energia solar em construção (mais de 2 ⁄ 3 finalizados) e que juntos irão adicionar 733 MW/h de capacidade instalada ao portfólio da Equatorial. O objetivo é comercializar a energia destes ativos para consumidores de alta tensão (A4), recentemente autorizados a migrar para o mercado livre de energia a partir de 2024.
Já o segmento de saneamento (representado hoje pela Companhia de Saneamento do Amapá – CSA), é onde reside a maior oportunidade de crescimento inorgânico. Há um pipeline robusto de concessões de saneamento que virá a leilão nos próximos anos para a companhia avaliar — a diligência na escolha de bons projetos é uma das boas características da gestão da Equatorial. A experiência acumulada com a CSA deve ser uma vantagem competitiva importante para a Equatorial, tanto na avaliação da concessão em leilão, como na sua futura operação, se adquirida.
Na vertical de transmissão, a Equatorial vendeu parte do seu portfólio (Intesa) em um movimento de reciclagem de ativos recentemente, visando acelerar o seu ciclo corrente de desalavancagem financeira (3,6x DL/Ebitda no 3T23). Com um portfólio de ativos de transmissão maduros e de alta liquidez no mercado, a companhia indicou que pode realizar novas alienações com o mesmo objetivo.
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Equatorial (EQTL3): recomendação de compra
Por fim, acreditamos que a Equatorial possui hoje oportunidades interessantes de crescimento orgânico e inorgânico à frente e uma gestão extremamente capacitada para aproveitá-las. O nível de desalavancagem da companhia também está sendo endereçado rapidamente, o que abrirá espaço para novas aquisições e, consequentemente, mais geração de valor com os turnarounds destes ativos.
Negociando a 8 vezes seu valor da firma sobre o Ebitda (EV/Ebitda) para 2024 e com uma taxa interna de retorno (TIR) implícita de 10%, EQTL3 segue como uma recomendação da Empiricus.