O Bitcoin não é somente uma criptomoeda, mas sim uma rede de pagamentos que devido a sua natureza distribuída, torna possível a transferência de valores entre fronteiras, a qualquer hora, de maneira desintermediada. Devido ao tamanho da rede, e da ausência de pontos de falha únicos, o Bitcoin é um dos sistemas mais resistentes já construídos pelo ser humano.
O Bitcoin incorpora também um sistema de incentivos próprio, que garante a escassez e finitude da oferta de BTC, bem como o processamento de transações através da sua rede de nós mineradores (aqueles que imbuem as transações dos usuários no blockchain).
Entenda mineração como o ato de gastar energia e poder computacional para encontrar um segredo criptográfico único que permitirá ao minerador postar um bloco novo na blockchain.
A cada bloco minerado, um minerador recebe uma quantia de BTC que varia de acordo com o tamanho do blockchain. A cada 210.000 blocos (por volta de quatro anos), a recompensa por bloco minerado cai pela metade – evento chamado de halving.
Quando o Bitcoin foi lançado, a recompensa era de 50 BTCs, o equivalente a 1,8 milhão de dólares, atualmente. Em abril de 2024, essa recompensa passa a ser de 3,125 BTCs.
Historicamente, o halving demarcou a metade de cada grande ciclo de valorização do Bitcoin, conforme no gráfico abaixo (o qual já trouxemos algumas vezes aqui no Palavra).
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Ralis do Bitcoin antes e após o Halving
Entretanto, dado que o halving é apenas uma redução na emissão atual, em tese, ele deveria se tornar cada vez menos relevante para o preço ao longo dos anos. O que mais poderia explicar as tamanhas valorizações do BTC?
Coincidentemente, o halving tem ocorrido bem próximo de viradas no ciclo de liquidez global. No gráfico abaixo, plotamos a variação anual Bitcoin, e do M2 (medida de dinheiro em circulação) das quatro regiões econômicas mais relevantes do mundo: Estados Unidos, Europa, Japão e China. Perceba como o bitcoin reage fortemente a um ambiente de política monetária mais frouxa, apresentando, quase sempre, uma alta correlação com a variação do M2.
Mais uma vez, o BTC parece estar respondendo a uma flexibilização da política monetária ao redor do mundo, e que deve continuar conforme as taxas de juros nos EUA se aproximam de um corte, já em 2024.
Além disso, com a entrada de gigantes institucionais como BlackRock, Fidelity, dentre outros, certamente uma parte do capital de fundos de hedge, fundos de pensão e family offices deverá acessar esse mercado via os inéditos ETFs à vista nos Estados Unidos.
Em uma pesquisa anual de Hedge Funds envolvidos em cripto, a PwC constata que de 104 respondentes, 77% tem exposição em cripto pela expectativa de retornos superiores a longo prazo, e pela diversificação (ao aumentar os sharpes do portfolios, enquanto adiciona uma fonte de retorno frequentemente descorrelacionada de ativos tradicionais).
Estudos da CoinShares estimam que com os ETFs de bitcoin à vista, haverão cerca de US$14,4 bilhões de dólares em novos fluxos, possivelmente levando o preço do Bitcoin aos arredores de US$140 mil dólares por BTC.