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Mercado digere indicadores desfavoráveis na China enquanto aguarda PCE, medida de inflação predileta do Fed; veja os destaque desta quinta (30)

Além disso, possibilidade de novo corte de produção por parte da OPEP+ impulsionam commodities

Por Matheus Spiess

30 nov 2023, 09:04 - atualizado em 30 nov 2023, 09:05

Livro Bege Fed - Mercado

Bom dia, pessoal. Os investidores reagem a alguns indicadores desfavoráveis da China, que afetaram os mercados na Ásia, enquanto aguardam a medida predileta do Fed para a inflação, o PCE de outubro nos EUA. Um resultado abaixo do previsto seria um contraponto positivo ao robusto crescimento do PIB no terceiro trimestre, que já é considerado um dado passado, com impacto limitado nas considerações para os próximos trimestres. À espera desses números, os mercados europeus e os futuros americanos apresentam ganhos. Além disso, as commodities registram alta, impulsionadas pela possibilidade de um novo corte de produção por parte da OPEP+.

Cada vez mais, consolida-se a compreensão de que os bancos centrais das nações desenvolvidas não apenas estão prontos para concluir o ciclo de aperto monetário, mas também estão dispostos a discutir a redução das taxas de juros já no primeiro semestre de 2024. Destaca-se, por exemplo, a inflação ao consumidor na Alemanha e na Espanha, que ficou aquém das expectativas do mercado. O mesmo padrão se aplica à inflação na Zona do Euro como um todo, que também se situou abaixo das projeções. Declarações adicionais de autoridades monetárias podem reforçar essa percepção.

A ver…

· 00:41 — A agenda acabou andando mesmo com todo mundo viajando

No Brasil, é surpreendente observar que a agenda da equipe econômica está progredindo, mesmo com a presença da maioria das autoridades governamentais relevantes na COP28, nos Emirados Árabes Unidos. Ontem, André Mendonça, do STF, autorizou ação do governo solicitando o adiantamento de pagamento de precatórios. 

Com isso, o julgamento foi retomado hoje, desempenhando um papel crucial nos planos da Fazenda para cumprir as normas do novo arcabouço, reduzindo o déficit e desativando uma bomba-relógio de precatórios para os próximos anos (podendo atingir R$ 199,9 bilhões, ou 1,4% do PIB, até 2027). Já é conhecido que existe maioria para seguir a direção favorável à Fazenda, representando mais uma vitória para Haddad.

Paralelamente, as negociações no Congresso continuam para impulsionar a pauta econômica. O Senado aprovou, sem modificações, o projeto de taxação dos fundos exclusivos e offshores, agora aguardando a sanção presidencial. Quanto ao texto sobre apostas esportivas, ficou para a próxima semana, mas a aprovação é esperada, mesmo que com ligeiras alterações devido a algum acordo ainda pendente.

Outro ponto destacado foi a criação da comissão mista encarregada de discutir o texto referente à subvenção do ICMS, um tema de extrema importância para as finanças públicas. A intenção é aprovar tudo ainda neste ano, o que seria positivo para a curva de juros e para os ativos de risco. Na agenda, aguardamos a divulgação da Pnad Contínua, com a taxa de desemprego do trimestre encerrado em outubro, e a AGE da Petrobras para deliberar sobre mudanças no estatuto e provisão para dividendos.

· 01:57 — Desacelerando depois de um belo trimestre

Nos Estados Unidos, o Livro Bege confirmou as expectativas de que a economia americana está desacelerando neste quarto trimestre, após um terceiro trimestre fenomenalmente positivo, com crescimento revisado para 5,2% em termos anualizados (em comparação com os 4,9% anteriores). Antigamente, uma leitura forte teria provocado uma queda nas ações, à medida que os investidores antecipavam um aumento na probabilidade de elevações nas taxas. No entanto, hoje, a leitura do PIB é considerada um dado antigo, tendo um impacto menor do que poderíamos presumir.

Além disso, Tom Barkin, presidente do Fed de Richmond, afirmou que, embora o quarto trimestre seja atípico em termos de dados, devido às compras de fim de ano, ele prevê um crescimento mais moderado. Já observamos sinais de consumidores reduzindo o ritmo, o que, por sua vez, deve resultar em uma desaceleração mais acentuada da inflação.

Portanto, é relevante prestar atenção nos dados de inflação de hoje. O índice de preços de despesas de consumo pessoal é a medida favorita do Fed para avaliar a inflação, principalmente devido à sua sensibilidade a possíveis mudanças nos padrões de consumo. Na mediana, espera-se que o núcleo do índice aumente 3,5% ano após ano, representando uma queda em relação ao aumento de 3,7% registrado em setembro. Números abaixo do esperado poderiam influenciar positivamente os mercados globais de maneira geral.

· 02:53 — Um lançamento diferenciado

A Tesla está programada para realizar hoje o muito aguardado evento Cybertruck em Austin, Texas, marcando o início das entregas aos compradores iniciais, e será transmitido ao vivo em seu site. Elon Musk, CEO da empresa, indicou que a produção de 250 mil Cybertrucks por ano não acontecerá até pelo menos 2025, devido a desafios de fabricação. Lançado em 2019, o Cybertruck visava posicionar a Tesla no competitivo mercado de caminhões, desafiando nomes como Ford Motor, General Motors, Dodge e Toyota, que, juntas, venderam cerca de 1,6 milhão de picapes grandes nos EUA nos primeiros três trimestres de 2023.

A Tesla revestiu sua picape elétrica com aço inoxidável ultrarresistente para maior durabilidade e eliminou a necessidade de pintura, seguindo a visão de Musk de tornar o Cybertruck à prova de balas. Estima-se que as variantes do Cybertruck – monomotor por US$ 49.990, motor duplo por US$ 59.990 e a versão trimotor por US$ 79.990 – se qualifiquem para o crédito fiscal federal de veículos elétricos de US$ 7.500.

Olhando para o futuro, a previsão é que a Tesla entregue cerca de 476 mil veículos elétricos globalmente no quarto trimestre de 2023 e aproximadamente 487 mil no primeiro trimestre de 2024. Os investidores estão otimistas de que o lançamento do Cybertruck impulsionará as vendas dos modelos Tesla mais antigos.

· 03:42 — Mais um corte vem aí

A OPEP+ continua hoje as suas reuniões para resolver um impasse nas quotas de produção de petróleo, potencialmente prestes a tomar novas medidas para cortar a oferta de óleo. A Arábia Saudita, líder do grupo, está pressionando os outros membros da aliança a se juntarem a ela na restrição da oferta, a fim de evitar um novo excedente de petróleo no próximo ano. Um corte coletivo mais profundo de 1 milhão de barris por dia ou mais poderá ser considerado na reunião de hoje.

Antecipando isso, o petróleo voltou a subir, já chegando próximo de US$ 85 por barril na manhã de hoje. As últimas informações eram de que os Emirados Árabes, a Nigéria e a Angola estavam se colocando contra o movimento de novos cortes. O fato é que o acordo para novos cortes ainda não está garantido, e a proposta ainda enfrenta resistência dentro do cartel. Um cenário de apenas prorrogar as restrições à produção já em vigor é possível e poderia jogar o petróleo para baixo de US$ 80 novamente.

· 04:30 — O falecimento de um dos pais “realpolitik” do século 21

Um dia após o falecimento de Charlie Munger, outro gigante mundial se despediu, desta vez do cenário da geopolítica e das relações internacionais: Henry Kissinger, que nos deixou aos 100 anos. Amado por alguns e repudiado por outros, Kissinger desempenhou papéis diplomáticos sob dois presidentes dos Estados Unidos, destacando-se como uma das figuras mais proeminentes do século 21 e moldando significativamente o conceito de “realpolitik” e a política externa americana.

Vencedor de um dos Prêmios Nobel mais controversos da história, Kissinger continuou participando ativamente de reuniões na Casa Branca e outros locais de destaque mesmo em idade avançada. Durante a década de 1970, ocupou uma posição central em eventos globais cruciais enquanto era o Secretário de Estado no governo do presidente republicano Richard Nixon. Suas contribuições abrangem desde a abertura diplomática com a China até as históricas negociações sobre controle de armas entre os EUA e a União Soviética, além da promoção dos laços entre Israel e seus vizinhos árabes, culminando nos Acordos de Paz de Paris com o Vietnã do Norte.

A influência de Kissinger como principal arquiteto da política externa dos Estados Unidos diminuiu com a renúncia de Nixon em 1974. Embora tenha sido substituído por Gerald Ford como Conselheiro de Segurança Nacional, ele permaneceu uma força diplomática significativa, expressando opiniões impactantes ao longo de sua vida. Ford o chamava de “supersecretário de Estado”. Independentemente da opinião pessoal sobre Kissinger, é incontestável sua relevância na construção do mundo contemporâneo.

· 05:18 — Construindo uma gigante brasileira

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.