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Mercado tem olhos voltados para a última Super Quarta do ano; confira agenda econômica

Esta quarta (13) é reservada para a última reunião de 2023 sobre as taxas de juros brasileira e americana.

Por Matheus Spiess

13 dez 2023, 08:48 - atualizado em 13 dez 2023, 08:49

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Bom dia, pessoal. Os investidores globais hesitam em realizar movimentos significativos antes do anúncio final da política monetária do Federal Reserve dos EUA este ano, durante o pregão de hoje. Os dados dos EUA, que evidenciam pressões inflacionárias persistentes, reforçaram a perspectiva de que a redução das taxas de juros pelo Fed é improvável a curto prazo. Nesse contexto, a atenção internacional se concentra no Fed nesta quarta-feira, especialmente devido à divulgação das projeções econômicas da instituição.

No cenário asiático, as ações encerraram o dia sem uma direção única, enquanto os preços do petróleo registraram queda nesta manhã, atingindo o menor nível em seis meses. O Brent chegou a US$ 72,57 por barril, o valor mais baixo desde o final de junho, e o petróleo dos EUA (WTI) caiu para US$ 68,01 por barril, predominantemente devido às preocupações sobre o enfraquecimento da demanda e o excesso de oferta. O relatório mensal da OPEP pode trazer informações relevantes.

A ver…

· 00:57 — O Congresso que não anda

No Brasil, também está prevista a conclusão da reunião de política monetária. A expectativa geral é um corte adicional de 50 pontos-base, reduzindo a Selic para 11,75% ao ano, acompanhado da manutenção do discurso no comunicado oficial (a inflação de ontem garantiu isso). Um aspecto relevante será a prudência do órgão monetário não apenas diante do panorama internacional, mas também em relação à agenda fiscal em Brasília, que enfrenta obstáculos consecutivos de tramitação nas instâncias legislativas com o Ministério da Fazenda em corrida contra o tempo.

No contexto fiscal, a Comissão Mista de Orçamento acabou adiando mais uma vez a apresentação do relatório sobre as subvenções do ICMS. Tudo indica que o governo precisará honrar todos os compromissos firmados com partidos e parlamentares para garantir a aprovação de sua agenda, correndo o risco de perder uma ferramenta crucial em sua batalha pela redução do déficit. Possivelmente, haverá avanços com a votação dos vetos presidenciais agendada para amanhã. Pelo menos o texto de apostas esportivas foi aprovado no Senado, mas como teve alterações volta para Câmara.

· 01:38 — Digerindo a inflação e aguardando a decisão

O relatório de inflação nos EUA divulgado ontem enfrentava uma barreira substancial para pressionar o Federal Reserve a elevar sua taxa de juros pela última vez. A resposta do mercado indica que o relatório, considerado morno, não foi capaz de influenciar significativamente as decisões do Fed. A boa notícia foi a queda ligeira no crescimento dos preços globais em novembro, resultando em um aumento anual de 3,1%, especialmente devido à redução nos preços da gasolina. Contudo, os preços mais baixos do gás e da energia não foram suficientes para conter a inflação no setor de serviços. Apesar disso, os investidores receberam positivamente os dados.

A persistência do crescimento dos preços em áreas como aluguéis, cuidados médicos e seguros de automóveis destaca o desafio contínuo que o Fed enfrenta ao tentar controlar a inflação. Embora seja altamente provável que as autoridades mantenham as taxas de juros inalteradas em sua próxima reunião de política, os últimos dados de inflação indicam que pedidos por redução nas taxas de juros de curto prazo do atual intervalo de 5,25% a 5,5% podem ser precipitados. Em outras palavras, não prevejo uma queda nas taxas de juros antes do segundo trimestre do próximo ano, possivelmente entre maio e junho. Aguardemos a coletiva de Powell hoje para mais insights.

· 02:29 — E as projeções econômicas

Com a expectativa generalizada de que o Fed mantenha as taxas inalteradas hoje, a atenção de todos se volta para o chamado gráfico de pontos da autoridade monetária. Embora parte significativa do mercado esteja antecipando cortes no segundo trimestre, os futuros parecem um tanto descontrolados, projetando uma taxa de juros de aproximadamente 4,3% no final de 2024. Isso implica cerca de um ponto percentual em cortes, mas essa previsão pode não se concretizar, especialmente considerando que a última leitura de inflação ficou significativamente acima da meta de 2%.

Os dados de inflação ao produtor divulgados hoje podem complementar as perspectivas dos investidores, mas o foco principal recai sobre o gráfico de pontos, que reflete a opinião de cada membro do Fed. Na última leitura, em setembro, o gráfico de pontos indicava meio ponto percentual de cortes nas taxas em 2024, com uma projeção mediana para a taxa dos fundos federais no final do ano de 5,1%. Independentemente do número de cortes que o gráfico possa revelar, é esperado que Jerome Powell, presidente do Fed, mantenha sua recente mensagem de postura hawkish (possivelmente com um tom ainda mais cauteloso) em suas respostas durante a coletiva de imprensa.

· 03:16 — Em busca do “soft landing”

Depois de um desastroso 2022, o mercado de ações está experimentando um ano notavelmente positivo. Na segunda-feira, todos os três principais índices dos EUA apresentaram alta, embora as chamadas Sete Magníficas, que lideraram a recuperação no setor tecnológico este ano, tenham experimentado quedas. Essa conjuntura ocorreu pela primeira vez desde 2012, indicando a possível disseminação dos ganhos para um leque mais amplo de ações, conforme discutido anteriormente no M5M+.

O S&P 500 registrou um aumento de 20% em 2023, e alguns investidores antecipam outro ganho de 10% até o final do próximo ano. Contudo, há alertas de que as ações podem sofrer declínios antes de retomarem o crescimento, especialmente se uma recessão se materializar, como é previsto. Paralelamente, a expectativa de todos é por um cenário otimista: uma desaceleração suficiente nos preços ao consumidor nos próximos meses, permitindo que o Federal Reserve reduza as taxas no próximo ano sem precipitar uma recessão — o tão almejado “soft landing”. Embora desafiador, não é uma perspectiva impossível de ser alcançada.

· 04:07 — O resultado da COP28

Delegados representando quase 200 países encerraram esta semana a COP28, a conferência anual da ONU sobre mudanças climáticas, em Dubai. Há muito tempo não se via tamanha insatisfação por parte dos participantes em relação aos resultados de uma COP. Muitos delegados e líderes ambientais esperavam que o foco principal da COP28 fosse a elaboração de um plano internacional para eliminar gradualmente o uso de combustíveis fósseis, medida considerada pelos cientistas como crucial para manter o aquecimento global abaixo do limite estabelecido internacionalmente de 1,5 graus Celsius.

No entanto, a versão final do projeto de acordo da cúpula sobre o aquecimento global omitiu a referência à “eliminação progressiva” dos combustíveis fósseis. Em seu lugar, apresentou um conjunto de estratégias que as nações “poderiam” adotar para “reduzir” as emissões. Tanto a União Europeia quanto os Estados Unidos expressaram desaprovação em relação a essa nova versão, sendo que os defensores do clima a classificaram como “grosseiramente insuficiente” e “incoerente e perigosa”. Para muitos, a COP28 foi considerada um fracasso total, sendo que havia indícios disso desde o início, especialmente devido à percepção de favorecimento às nações produtoras de petróleo por parte da presidência da COP28. O desfecho não surpreendeu nesse contexto.

· 05:04 — Exposição em construção civil

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.