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Mercados repercutem positivamente a Super Quarta; veja os destaques desta quinta-feira (14)

Mercados reagiram bem às sinalizações de encerramento da campanha agressiva de aperto monetário do Fed; Ibovespa se aproxima dos 130 mil pontos

Por Matheus Spiess

14 dez 2023, 09:04 - atualizado em 14 dez 2023, 09:23

Imagem de um tablet com gráfico para representar a operação pullback. small caps microcaps empiricus ações ação mercado super quarta

Bom dia, pessoal. Agora que a Super Quarta chegou ao fim, os investidores podem se reunir tranquilamente para processar os eventos ocorridos. Internacionalmente, o Federal Reserve difundiu otimismo nos mercados. Naquela que, possivelmente, foi a decisão mais significativa do banco central em 2023, os dirigentes da Fed mantiveram a taxa de juros estável pela terceira reunião consecutiva e sinalizaram de forma mais clara até o momento o encerramento de sua campanha agressiva de aumento, antecipando uma série de cortes em 2024.

Os mercados acolheram favoravelmente a mensagem pacífica da autoridade monetária americana. As ações subiram globalmente e continuam em ascensão hoje. Na Ásia, por exemplo, o encerramento foi unicamente positivo. Na manhã europeia, os ativos também estão em estado de euforia. A mesma tendência pode ser observada nos futuros americanos. Além disso, diversas decisões de política monetária ocorrem hoje, especialmente na Europa, onde o BCE (Zona do Euro) e o BoE (Reino Unido) se reúnem. No Brasil, também estamos assimilando os acontecimentos do Copom de ontem.

A ver…

· 00:52 — E o ciclo continua

No cenário brasileiro, a ascensão do Ibovespa teve como principal impulso o discurso de Powell, nos Estados Unidos, enquanto os investidores aguardavam as deliberações do Comitê de Política Monetária (Copom). Assim, o índice líder das ações brasileiras se aproximou dos 130 mil pontos ontem, um nível que pode ser ultrapassado até o final do ano, evidenciado pelo expressivo volume financeiro de mais de R$ 60 bilhões negociados, em parte devido ao vencimento de opções sobre o índice.

Com o otimismo instaurado, muitos investidores passaram a ajustar ainda mais suas expectativas quanto à possibilidade de um aumento no ritmo de redução da taxa Selic em 2024, embora isso não deva ocorrer imediatamente. De maneira abrangente, o resultado foi positivo.

O Banco Central local promoveu uma redução adicional de 50 pontos-base na taxa de juros, fixando a Selic em 11,75% ao ano. A oportunidade de um corte mais substancial de 75 pontos foi descartada devido ao fato de que o comunicado que acompanha a decisão manteve o plural para “as próximas reuniões”, indicando a possibilidade de novas reduções de 0,50 p.p. Sinceramente, priorizar uma abordagem gradual parece uma escolha sensata, mesmo diante das manchetes mais apressadas do mercado financeiro, especialmente considerando a incerteza fiscal no momento. Vejo de maneira positiva a perspectiva de um ciclo prolongado de queda na Selic, convergindo para um patamar de um dígito a longo prazo.

· 01:47 — E esse corte?

O Federal Reserve não alterou as taxas de juros ontem, mas as projeções dos membros do Comitê para o futuro tiveram uma mudança significativa. Pela primeira vez neste ciclo, houve uma convergência de pensamento dentro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). O mercado absorveu essa narrativa e a seguiu. A previsão mediana no último Resumo das Projeções Econômicas dos membros do FOMC, divulgado na quarta-feira, aponta que a taxa de fundos federais encerrará 2024 em 4,6%, em comparação com a meta atual do comitê de 5,25%-5,5%.

Após o próximo ano, os dirigentes do Fed apresentam uma ampla gama de opiniões sobre o rumo das taxas de juros. De toda forma, o resultado foi bastante positivo, já refletido de alguma maneira nos ativos de risco. A expectativa é que o primeiro corte ocorra no segundo trimestre, entre maio e junho. Até lá, devemos estar atentos ao risco de os EUA entrarem em uma recessão. Se isso não ocorrer e, por exemplo, o cenário de “soft landing” se concretizar, os ativos de risco terão ainda mais espaço para valorização nos próximos meses. Embora o caminho não seja isento de desafios, há um viés positivo.

· 02:36 — Novos patamares

Nos Estados Unidos, a mudança de postura do Federal Reserve impulsionou o Dow Jones Industrial Average para o seu ponto mais alto na história ontem, marcando seu primeiro recorde desde 4 de janeiro de 2022. A trajetória para atingir esse marco foi extensa, levando o Dow a percorrer 531 dias de negociação desde que ultrapassou a marca de 36 mil pontos. Esta ascensão é a mais prolongada de 1 mil pontos desde o período de julho de 2007 a maio de 2013, quando o índice subiu de 14 mil para 15 mil pontos, representando um aumento de 7,5%, em comparação com o aumento de 2,9% no último grande movimento. Portanto, a magnitude desse avanço foi notável.

O Dow precisou de mais de 59 anos para atingir a marca de 1.000 pontos pela primeira vez, em 1972. Seu ganho mais rápido de 1 mil pontos em apenas cinco dias de negociação ocorreu em março de 2021, durante o estágio intermediário do mercado altista da era Covid-19. Além disso, o S&P 500 e o Nasdaq Composite também registraram ganhos de 1,4% ontem, alcançando seus níveis mais altos em 23 meses. O S&P 500 está a menos de 2% de seu recorde, enquanto o Nasdaq tem aproximadamente 8% de avanço pela frente. O mercado está impregnado de otimismo.

· 03:29 — O movimentos dos europeus

As ações europeias registram ganhos nesta manhã em resposta aos indícios de que o Federal Reserve reduzirá as taxas no próximo ano. Além disso, os investidores estão se preparando para as decisões políticas do Banco Central Europeu (BCE) na Zona do Euro, do Banco da Inglaterra (BoE) no Reino Unido e do Banco Nacional Suíço (SNB), enquanto o Conselho Europeu se reúne em Bruxelas, e países como Espanha, Irlanda, entre outros, divulgam seus dados de inflação ao consumidor.

Prevê-se que o Banco da Inglaterra mantenha as taxas de juros no máximo dos últimos 15 anos hoje, em 5,25%, devido às preocupações com a persistência da inflação, equilibrando-se com sinais de que a economia pode estar entrando em uma recessão prolongada. Entretanto, para o próximo ano, os investidores já aumentaram as apostas em cortes nas taxas de juro, após dados fracos do PIB reforçarem a opinião de que a autoridade não conseguirá manter a política monetária restritiva por muito tempo.

O Banco Central Europeu também deve anunciar sua decisão, mantendo a taxa de juros inalterada em 4%, o nível mais elevado que o Euro já viu. A grande incógnita reside na capacidade do processo de tomada de decisão do BCE em sinalizar uma mudança hoje. O BCE pode ser o primeiro entre os principais bancos centrais a reduzir as taxas, possivelmente no primeiro trimestre. Em seguida, o Federal Reserve no segundo trimestre e, por último, o Banco da Inglaterra no terceiro trimestre.

· 04:12 — O futuro da China

A situação no vasto território asiático está longe de ser ideal. O desemprego entre os jovens atingiu níveis sem precedentes, a atividade fabril está em declínio, e o setor imobiliário enfrenta desafios significativos. As exportações diminuíram, influenciadas pela inflação e pelas taxas de juros historicamente elevadas nos Estados Unidos e na Europa. Pela primeira vez desde que começamos a medir, o investimento estrangeiro na China tornou-se negativo. Os preços dos imóveis estão em queda, afetando a riqueza das famílias. Desenvolvedores e credores enfrentam inadimplência, enquanto as receitas dos governos locais minguam e os custos do serviço da dívida aumentam. A demanda interna estagnou, o sentimento do consumidor está em baixa, e o crescimento mostra sinais de desaceleração.

A resposta do governo chinês tem sido cautelosa e gradativa. Embora o crescimento do país possa atingir 5% este ano, a economia enfrenta o risco de deflação devido ao persistentemente fraco consumo, ao abrandamento do investimento privado, ao excesso de capacidade e ao crescente estresse financeiro. As projeções do FMI indicam uma expectativa de crescimento inferior a 4% ao ano para a economia chinesa nos próximos anos. Sem reformas, essa cifra pode diminuir, especialmente considerando fatores como a demografia desfavorável, a dívida cronicamente elevada e o agravamento da competição geopolítica com os Estados Unidos e seus aliados.

· 05:05 — Espaço para alguns fundos imobiliários…

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.