Na live do plantão de dúvidas da série Microcap Alert, os analistas Max Bohm e Cristiane Fensterseifer falaram sobre o atual cenário do mercado, influenciado pelo temor com a alta da inflação nos Estados Unidos.
Eles também abriram algumas ações promissoras para a fase de reabertura da economia.
Veja os principais pontos:
Ações de tecnologia em queda – afinal, o que está acontecendo?
No ano de 2020, com a pandemia do novo coronavírus, houve um movimento mundial “Stay at home” – fique em casa, como conta a analista Cristiane Fensterseifer.
As pessoas tiveram que passar muito mais tempo em seus lares, houve migração do trabalho nos escritórios para home office e das aulas presenciais para o ensino à distância, uma vez que foram implementadas pelos governos medidas restritivas ao funcionamento do comércio e dos serviços e até lockdown. Então, a solução foi consumir mais streaming e fazer compras de variados tipos de produtos em plataformas online.
Com isso, diversas empresas de tecnologia e as plataformas de e-commerce tiveram um forte aumento na demanda e suas ações dispararam. Desde gigantes como Amazon (AMZO34), Netflix (NFLX34) e Alibaba (BABA34), passando por Mercado Livre (MELI34), Magazine Luiza (MGLU3), entre tantas outras
Mas, agora, as ações das companhias de tecnologia estão caindo. Por que?
Está certo que a pandemia foi uma catalisadora de inovações e acelerou a transformação digital. São mudanças que vieram para ficar. Mas, quem está acompanhando as techs sente o seu enfraquecimento nas Bolsas.
São techs que têm causado as quedas recentes dos Índices S&P 500 e Nasdaq.
E não é algo exclusivo: das microcaps às Big Techs, praticamente todas estão sofrendo. Um movimento que se alastra para empresas de outros segmentos com foco no digital, como destacam os analistas da Empiricus.
Queda do grupo Alibaba (dona de sites como o AliExpress) nos últimos 3 meses
(Fonte: Investing.com)
Por trás das desvalorizações dessas ações está a preocupação com a alta da inflação nos Estados Unidos – e mais ainda, com a possibilidade de novas elevações nos juros para controlá-la.
“A taxa de juros, principalmente a dos Treasuries de 10 anos, que é a mais acompanhada, já subiu muito. Esses títulos saíram de 0,9% ao ano para atuais 1,6% só esse ano, e existem projeções de que poderão subir para 2,2%”, comentou Cristiane.
Conforme os analistas, esse é um quadro ruim para as empresas de tecnologia que têm como característica crescimento acelerado e resultados financeiros significativos no longo prazo.
“Como as techs têm um crescimento expressivo lá na frente, quando os juros longos aumentam, ao trazermos todo o fluxo de caixa futuro dessas empresas a valor presente, o efeito é negativo, de redução do valor de mercado delas”, explicou Max.
Outro ponto levantado pelos analistas é a alta das commodities metálicas e agrícolas diante da retomada das atividades e avanço do consumo. Desse modo, está acontecendo uma rotação dos investidores – saindo de ações de techs e indo para produtoras de commodities.
O Max fez um vídeo bem legal no Instagram dele recentemente analisando o cenário das techs. Clica aqui pra dar uma olhadinha.
MOSI3 e SQIA3 seguem promissoras
No entanto, de maneira geral, os investidores devem ter em mente que uma carteira diversificada precisa contar com empresas de tecnologia, ainda que com menores pesos no cenário atual.
Max explica o que fazer nessa hora: “Agora, realmente nesse contexto macro, a gente vai se proteger – não porque a gente não acredita nas empresas, mas sim, devido ao momento que pede maior cautela com as ações tech”.
No curto prazo, ainda haverá muita turbulência, mas é essencial manter ou escolher com critério alguns bons ativos com foco em um horizonte maior. Por isso, algumas das empresas de tecnologia, presentes na carteira Microcap Alert, são alternativas que podem ser consideradas.
O grupo Mosaico (MOSI3), dono das plataformas Zoom, Buscapé e Bondfaro, anunciou recentemente a compra da plataforma Vigia de Preço. Além disso, está montando uma plataforma de cashback em parceria com o BTG Pactual no Zoom. O cashback é um programa de devolução de parte do seu dinheiro. A palavra inglesa pode ser traduzida como “dinheiro de volta”, e neste tipo de prática, as lojas, operadoras de cartões ou plataformas devolvem ao consumidor uma parte do dinheiro gasto na compra. Ela vem se popularizando no Brasil desde 2011, com a Méliuz (CASH3), e foi se estendendo para outras empresas, como o PicPay, Ame Digital e Beblue.
Já a Sinqia (SQIA3) é um caso que os analistas veem como mal precificado no momento. A empresa, provedora de softwares e soluções de tecnologia para o setor financeiro, recentemente anunciou as aquisições da Simply, de soluções para aberturas de contas digitais, e da FEPWeb, de segurança, formalização de transações e assinaturas digitais, além de estar inclinada para avançar em serviços na área de seguros. De acordo com os analistas, a empresa ainda possui dinheiro em caixa para fazer novas aquisições, mostrando-se promissora.
Deve-se encarar que a queda de muitas ações, como no caso da Westwing (WEST3) – uma plataforma de lifestyle, casa e decoração, que figura entre as favoritas da Cris – são fruto do ciclo do mercado.
Retomada econômica após o lockdown – Onde investir?
Ainda segundo Cristiane e Max, certos papéis merecem uma atenção maior por parte dos investidores neste momento de retomada das atividades.
Por exemplo, a reabertura dos shopping centers favorece muitas empresas, que terão condições de aumentar suas receitas e resultados.
“Espaço Laser (ESPA3), C&A (CEAB3) e Jereissati Participações (JPSA3) são ativos que podem se beneficiar nesses próximos meses com reabertura econômica. Eu estive no Rio de Janeiro há alguns dias e fui ao shopping, notei um movimento muito forte, ou seja, isso vai se refletir positivamente nos números das companhias e consequentemente nas ações”, contou o analista.
Essas foram algumas das recomendações durante a live dos especialistas Cristiane Fensterseifer e Max Bohm, da série Microcap Alert.
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