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Dollar General (DGCO34): varejista não está em fase excepcional, mas vive começo da recuperação

A varejista americana é recomendação de ação para investir da Empiricus Research; confira os resultados do 3T23 da Dollar General

Por Richard Carboni Camargo

22 dez 2023, 11:03 - atualizado em 22 dez 2023, 11:03

dollar general

Quando desenvolvemos a tese de Dollar General, alguns meses atrás, enfatizamos as qualidades do negócio, mas demos uma atenção especial ao fato da empresa enfrentar uma espécie de “pico de pessimismo” frente ao mercado. 

Nossa visão sobre os números da Dollar General

O resultado do 3T23, divulgado há algumas semanas, não foi excepcional, mas trouxe alívio ao mercado numa série de frentes diferentes.

O indicador de vendas mesmas lojas (SSS) foi negativo em -1,3% neste trimestre, contra um aumento de 5,4% do seu maior concorrente, a Family Dollar.

No mix, duas variáveis impactam o SSS, são elas o fluxo nas lojas e o ticket médio que os clientes estão consumindo. Depois de sete trimestres consecutivos no negativo, o fluxo nas lojas enfim voltou a crescer.

Outra grande preocupação do mercado era sobre a margem bruta; mais especificamente, sobre o quanto ela iria contrair. 

No 3T23, a margem bruta foi de 29%, cerca de 1,5% ponto percentual menor que no mesmo período do ano anterior. Ainda assim, o número veio acima do esperado pelo mercado e em linha com a queda na concorrência. 

A Family Dollar — sempre como nossa referência — teve margem bruta de 23,6%.

Entre os vários motivos que explicam a contração de margens, o mais relevante deles foi o “shrink” (não há uma maneira perfeita de traduzir a palavra nesse contexto, mas esse é um indicador utilizado no varejo para mensurar perdas com assaltos, furtos de funcionários e outros maneiras como mercadorias podem ser literalmente roubadas da unidade). 

O aumento do shrink tem sido um tema recorrente nas teleconferências das maiores varejistas americanas. Algumas delas, como a Costco e a Target, tem inclusive fechado unidades em zonas de maior risco.

Esse efeito explicou 1 ponto percentual da queda de margem bruta, sendo que o restante explica-se pelo mix de produtos, com maior participação de alimentos, onde as margens são menores.

Em momentos como esse, o foco de varejistas está na eficiência: o estoque cresceu 3% na comparação anual, mas diminuiu 1,8% na base por loja (ou seja, o ritmo de abertura de lojas foi maior que o de reposição de estoques).

Na categoria de não-consumíveis, onde estão os produtos que tipicamente competem com o e-commerce chinês Temu, os estoques foram reduzidos em 15%, com a companhia diminuindo a quantidade de itens em seu sortimento e focando apenas onde estão as melhores margens.

Parte disso é iniciativa do novo management, que chegou em novembro. A troca de CEOs — com o retorno de Todd Vasos, que havia sido CEO da companhia de 2015 a 2022 — foi o grande vetor que fez as ações da DG subirem mais de 30% desde o ponto mais baixo.

Performance da ação da DG, em dólares, desde o ponto mais baixo alcançado em outubro deste ano | Fonte: Koyfin | Elaboração: Empiricus.

Por último, vale mencionar o ritmo de abertura de lojas. Nos últimos anos, a DG vinha abrindo em média 1.000 novas unidades todos os anos (sim, você não leu errado). 

Enquanto persistirem as tendências desafiadoras — de alto shrink, mix de produtos de menos margens e altos custos de real estate —, a companhia irá segurar um pouco a mão na expansão. 

Na teleconferência de resultados, eles disseram esperar abrir cerca de 800 novas unidades ao ano, nos próximos 2 anos. Só como referência, de acordo com o CFO da companhia, o custo médio de abertura de uma nova unidade foi encarecido em 30% desde a pandemia.

Em termos de foco, 80% nessas novas unidades serão inauguradas em comunidades rurais — exatamente o diferencial que tanto defendemos em nosso relatório inicial.

No geral, o resultado do 3T23 não foi de brilhar os olhos, mas trouxe um conforto ao mercado ao sinalizar que o pior parece ter ficado para trás. Ainda assim, existe um longo caminho a ser percorrido para que a companhia consiga restabelecer suas margens operacionais em patamares de 2 anos atrás (o que requer mais 2pp de expansão). 

É neste longo caminho que acreditamos existir um upside interessante.

E para conhecer gratuitamente outros 5 BDRs de ações internacionais recomendados pela Empiricus Research para investir agora pela Bolsa brasileira e sem abrir conta lá fora, acesse este relatório.

Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.