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Após aquisição de uma fatia pela Marfrig, é hora de investir em BRF? “Estou fora”, diz Felipe Miranda

Em live no Instagram, o CIO e estrategista-chefe da Empiricus também atualizou o cenário macro e falou sobre Vale, incorporadoras, varejo de moda e muito mais. Veja os melhores momentos.

Por Daniela Rocha

24 maio 2021, 16:59

Todos os domingos, às 18h30, Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, comenta temas relevantes do mercado em uma live no perfil dele no Instagram

Além de atualizar o cenário macroeconômico, ele sempre revela ações promissoras e responde várias perguntas que surgem.

Desta vez, Rodolfo Amstalden, sócio-fundador da Empiricus, participou e também deu recomendações quentes de investimentos. 

Eles falaram sobre Vale, incorporadoras, empresas para surfar com a reabertura e mais. 

Sem dúvida, essa é uma forma interessante de começar a semana bem-informada. 

Estes foram os melhores momentos: 

 

Cenário macro: inflação nos Estados Unidos não sai do radar 

O temor em relação à elevação de preços nos Estados Unidos continuará no radar chacoalhando o mercado. Para Felipe Miranda, a grande questão é saber se a alta da inflação é transitória ou um processo mais intenso que possa vir a desencadear aumentos significativos nas taxas de juros e, como decorrência, até em uma recessão econômica.  

No entanto, Felipe Miranda destacou, com base em diversos artigos de especialistas e estudos que ele tem acompanhado, que os Bancos Centrais, até então eram dominados pelos monetaristas, dentro do preceito que a impressão de moeda necessariamente se transforma em inflação, estão mudando para uma interpretação Keynesiana. Isso significa que mesmo imprimindo moedas, a inflação estaria muito mais associada à espiral de preços e salários

Nessa linha, somente quando o mercado de trabalho fica apertado, próximo do pleno emprego, que os salários aumentam consideravelmente. E essa renda adicional leva a mais consumo. Contudo, os Estados Unidos ainda não chegaram nesse estágio – o desemprego ainda é elevado e muitas famílias estão vivendo com os auxílios que recebem. “Não vemos ainda essa pressão, ainda existe muita folga no mercado de trabalho”, comentou. 

Outras ponderações foram feitas pelo estrategista-chefe da Empiricus, com base em estudos que ele tem acessado. De acordo com ele, o Índice de preços ao Consumidor americano (CPI, na sigla em inglês) referente a abril avançou sobre uma base de comparação muito deprimida – pegando justamente o início da pandemia no ano passado. “Os preços que estavam lá embaixo, foram voltando para a média e isso, por si só, faz parecer uma pressão inflacionária muito grande. Além disso, a economia só abre uma vez e temos visto a volta do turismo, alimentação fora de casa e compra de passagens aéreas”, explicou. Considerando esses aspectos, ele conta que especialistas já vêem a inflação americana se estabilizando em alguma coisa entre 2,5% a 3%, que é justamente o objetivo do Federal Reserve (Fed), o Banco Central Americano. “Então, de certa forma, eu estou mais animado com a dinâmica inflacionária. Mas, lógico que é preciso continuar observando isso de perto”, disse Felipe.

Felipe também disse que está animado com o crescimento da economia brasileira. Ele destacou que diversas instituições financeiras estão projetando crescimento maior para o PIB em 2021. Já existem previsões acima de 3,5% – algumas delas convergindo para 4,5%. Apesar dos desafios, ele vê que algumas pautas importantes para o país estão andando como a privatização da Eletrobras. 

 

Ações com alto potencial

Vale (VALE3): alternativa para o período de inflação

Segundo o Rodolfo, a Vale (VALE3), foi uma das 20 ações que apareceram em um levantamento da Bloomberg indicadas para se ter na carteira em período de inflação mais elevada. “Esse é um dos meus papéis preferidos. Se está rolando a inflação, você pode reclamar, você pode chorar ou pegar uma carona. A Vale está barata e, mesmo se rolar a correção do minério de ferro, é um ótimo veículo para dar uma surfada nessa inflação global”, comentou

Felipe destacou que recentemente a gestora Capital vendeu diversas ações que tinha em carteira para investir na mineradora – o que demonstra a atual força compradora. “Está acontecendo um fenômeno hoje na Bolsa que é uma influência muito grande da saída da Capital de alguns papéis. A gestora tinha uma posição gigantesca e acabou batendo demais na B3. Algumas small caps também sofreram com esse movimento, como a Mitre. O fato é que a Capital fez essas vendas para comprar Vale, o que sinaliza o quanto está barata”, explicou. 

Conforme Felipe e Rodolfo, a B3 (B3SA3) está descontada por esse e outros motivos como o aumento da taxa Selic e o cenário atual de queda das ações das techs. Hoje, a companhia está negociando abaixo de 20 vezes lucro, o que é pouco para um monopólio com alto potencial de crescimento – portanto este é um bom ponto de entrada. 

Nesse contexto, o estrategista-chefe da Empiricus avaliou que a Mitre (MTRE3) ficou “amassada” nos últimos dias, apesar de estar rodando bem. “Eu acredito que a Mitre virá com um excelente resultado no segundo trimestre, teremos uma grata surpresa”, ressaltou. 

Falando em incorporadoras…

De forma geral, o setor de incorporação imobiliária segue descontado na Bolsa.  

Felipe tem recomendado com frequência a Direcional Engenharia (DIRR3), que junto com a Mitre (MTRE3), são as suas favoritas. “A Direcional tem um espetáculo de operação, está destoando bastante das demais”. Ainda, conforme o estrategista-chefe da Empiricus, a Riva, uma empresa da Direcional, especializada em empreendimentos residenciais voltados ao público de média e baixa renda, que representa hoje um quarto da operação, tem potencial para dobrar de tamanho. “A Riva está pegando e eu e acho, inclusive, que pode ter até algum evento societário pela frente, pois está ganhando relevância”, avaliou. 

Apesar de não serem as preferidas dele, Felipe disse que outras companhias podem ser boas opções. Por exemplo, há espaço para valorização é Cyrela (CYRE3). “Os gringos estão voltando para a Bolsa e, no setor imobiliário, esse retorno deverá ser via Cyrela”. A lógica é que os estrangeiros costumam buscar o que eles já possuíam anteriormente. 

Por sua vez, a Tecnisa (TCSA3) é outro case que pode ser positivo, por ser alvo de aquisição. “No radar, há um possível M&A (fusão e aquisição) envolvendo Tecnisa, que possui terrenos, mas não tem como lançar empreendimentos”, comentou Felipe. 

Segundo ele, o que está sendo discutido no mercado é que Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, decidiu vender a construtora – mas que o negócio não envolveria a Gafisa. Entretanto, um banco de investimento já estaria auxiliando nesse processo. 

 

Grupo GPS (GGPS3): ação menos óbvia

Para Rodolfo, a GPS (GGPS3), prestadora de serviços de limpeza, segurança e logística, é uma alternativa de alto potencial menos óbvia. “Essa empresa parece pouco ‘sexy’, mas tem boa geração de caixa e margem”, comentou.

A companhia realizou seu IPO no mês passado. A operação levantou R$ 2,48 bilhões, sendo que R$ 1,08 bilhão foram direto para o caixa e a outra parte para as gestoras de private equity Warburg Pincus e Gávea, suas investidoras. 

Conforme Rodolfo, os recursos representam poder de fogo para a empresa se consolidar em um setor ainda atomizado. “Com o IPO, a GPS poderá comprar outras boas companhias. É um papel que pode ter upside de tech, fazendo serviços tradicionais”, destacou. Ele mantém uma posição da GPS no âmbito da série Empiricus Fire.  

Felipe Miranda acrescentou que um ponto relevante da GPS é que a conformidade e os controles na área trabalhista. “O risco trabalhista nesse setor é muito grande, mas vemos que essa empresa não sofre com processos trabalhistas. A GPS conta com uma turma que veio da época boa da Odebrecht, especializada na área trabalhista, com grande rigor na gestão. Então, a GPS é diferenciada em relação as demais”. 

 

Dica preventiva e ações ligadas à retomada 

Na live, Rodolfo disse que nas próximas semanas provavelmente o assunto da terceira onda de Covid-19 ganhe força. Acompanhando indicadores, é possível notar o aumento das internações em algumas localidades. “Uma terceira onda seria péssima em todos os sentidos. Mas eu queria falar que, do ponto de vista estritamente financeiro, não é para sair desovando ativos ligados à reabertura. Temos que ser pacientes e estoicos nesse momento”, comentou. 

Será preciso analisar o cenário com cautela, pois provavelmente uma terceira onda seria em menor intensidade. Ele ressalta que os próximos dias serão determinantes em relação à chegada de imunizantes e à volta de um ritmo mais forte de imunizações.

Ele segue firme em relação a alguns cases para a retomada da economia. Um deles é a Aliansce Sonae (ALSO3), desenvolvedora e administradora de shopping centers. Como foi dito em algumas séries da Empiricus, os shoppings administrados pela empresa abrangem as classes A, B, e C. Além disso, ela é uma das menos alavancadas do setor e possui múltiplos descontados. 

Outra aposta, compartilhada com Felipe Miranda é a Lojas Renner (LREN3). “A Lojas Renner é para jogar ‘premium’ dentro do varejo de moda”, disse Felipe. 

Ele também vê com bons olhos o Grupo SBF (SBFG3) que é o dono da Centauro, varejista de artigos esportivos, e da Fisia, a distribuidora da Nike no Brasil. A operação está arrumada e a empresa tem condições de evoluir no mercado com os produtos Nike. As compras que foram feitas com a marca já estão consolidadas em estoques para 2021- e por uma dinâmica empresarial, não tem como crescerem muito, porém para 2022, o avanço será enorme com a chegada de mais produtos e o aumento da demanda. já Para Felipe, os gestores da empresa são competentíssimos – referindo-se ao Pedro Zemel, CEO, e ao José Luís Magalhães Salazar, CFO.  

A Lojas Marisa (AMAR3) é mais uma companhia que vale a pena investir agora, de acordo com ele. “É uma operação que estava mais tóxica há algum tempo, porém agora a situação é diferente. “Agora é a hora, a margem bruta está em 55% e a operação está voando. A empresa está reduzindo em um terço as despesas e custos e vai sobrar margem operacional. Como market cap estava muito depreciado porque ela tem muitas dívidas, qualquer alavancagem operacional faz diferença”, ressaltou. 

 

Compra de fatia pela Marfrig (MRFG3) – BRF continua não agradando

 

Na última sexta-feira (21/05), a processadora de carnes Marfrig (MRFG3) anunciou a compra de uma fatia de 24,23% da empresa de alimentos BRF (BRFS3), se tornando a maior acionista. 

A operação, conforme a Marfrig, “visa diversificar os investimentos do grupo em um segmento que tem complementaridades”. 

Felipe Miranda ressaltou que a BRF segue fora do seu radar. “A BRF teve essa compra grande da Marfrig, isso muda um pouquinho o cenário, mas o operacional está muito, muito ruim. A pressão de margem é bizarra na companhia, que está bastante alavancada. Então, eu acho que pode dar problema com a BRF”, avaliou.

Para ele, a discussão sobre a questão societária deverá persistir, apesar de Marcos Molina, presidente da Marfrig, ter dito que não tem intenção de ser acionista ativo na BRF. 

“Tem ainda essa discussão antiga de integrar o frango com boi e fazer um player de proteínas e diversificado. Eu não gosto disso e não gosto do controlador da Marfrig, acho que é um duplo problema, estou fora de BRF”, ressaltou. 

Quer ficar por dentro de outros temas relevantes do mercado? Assista à live completa que está salva no IGTV e acompanhe os posts do Felipe Miranda no Instagram (ofelipe_miranda). 

Deixe anotado aí na sua agenda: a live acontece todos os domingos às 18h30.

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Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.