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SEC aprova primeiros ETFs de Bitcoin nos EUA e mercado aguarda dados de inflação americana e brasileira; veja agenda desta quinta (11)

Além disso, ontem a SEC aprovou os primeiros fundos negociados em bolsa de Bitcoin

Por Matheus Spiess

11 jan 2024, 08:44 - atualizado em 11 jan 2024, 08:44

Inflação - taxas de juros

Bom dia, pessoal. Os investidores globais aguardam com grande expectativa os dados de inflação dos preços ao consumidor nos Estados Unidos referentes a dezembro. Este é o dado de destaque da semana no cenário internacional, gerando considerável ansiedade entre os participantes do mercado. O ponto crucial reside na resposta que o Federal Reserve dará em termos de política monetária. Caso os números se revelem mais fracos do que o esperado, pode haver um impulso renovado nos mercados.

Nos mercados asiáticos, a maioria das ações registrou alta nesta quinta-feira. Notável foi o desempenho do mercado sul-coreano, especialmente após a decisão do Banco da Coreia de manter as taxas de juros. O Japão também continuou sua sequência de ganhos impressionantes, alcançando máximas de várias décadas esta semana, com o índice de Tóquio mantendo-se em seu nível mais elevado desde 1990.

Na Europa, embora alguns estejam atentos aos dados americanos, destaca-se a importância do boletim econômico do Banco Central Europeu, que oferecerá insights valiosos sobre a situação econômica na região, marcada por fragilidade e preocupações com estagflação.

Os mercados europeus estão em alta nesta manhã, seguindo a mesma tendência dos futuros americanos. No cenário doméstico, embora tenhamos nossos próprios dados de inflação para monitorar, a dinâmica internacional continuará sendo um fator relevante. Pelo menos as commodities já iniciam o dia de forma mais otimista.

A ver…

· 00:55 — E essa inflação aí?

No Brasil, desde o início do ano, o Ibovespa registrou uma queda superior a 3 mil pontos, experimentando uma ressaca prolongada após os ganhos observados entre novembro e dezembro do ano passado. Na agenda econômica, destaca-se o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro e, consequentemente, o acumulado de 2023. A projeção do mercado sugere uma aceleração para 0,49% em dezembro, em comparação com 0,28% em novembro. As estimativas indicam que o BC deve apresentar um IPCA de 4,55% em 2023, frente a 5,79% em 2022. Esta seria a primeira vez em três anos sem romper as bandas da meta de inflação.

Mesmo diante da terceira aceleração mensal consecutiva, impulsionada por alimentos e itens com influência sazonal (final do ano), é improvável que os dados tenham algum impacto na condução da política monetária local. O Comitê de Política Monetária (Copom) deverá manter os cortes da taxa de juros em 50 pontos-base nas próximas reuniões. A incerteza reside nos próximos meses e, posteriormente, a longo prazo, com a possibilidade de uma nova ultrapassagem da meta caso ocorra uma desancoragem das expectativas (questão fiscal).

Sobre o tema, quanto ao impasse relacionado à revogação da desoneração da folha de pagamento, persiste um cenário de indecisão. O Congresso mostra-se insatisfeito com a abordagem do governo. Uma solução, inicialmente prevista para esta sexta-feira, agora parece adiada para a próxima semana. Parlamentares que aguardavam mudanças ministeriais como parte do acordo ficaram desapontados com a nomeação do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, para o Ministério da Justiça. Essa não é uma indicação que favorecerá a equipe econômica na aprovação de suas pautas no Congresso.

· 01:59 — Os IPOs podem estar voltando

Desde a segunda metade de 2021, quando a Vittia, empresa do setor de fertilizantes, fez sua estreia na bolsa, já se passaram quase 30 meses sem que houvesse uma única oferta inicial de ações. Contudo, o maior período sem IPOs no Brasil em pelo menos duas décadas pode chegar ao fim já no segundo trimestre deste ano, impulsionado pela expectativa de uma aceleração na atividade.

O otimismo atual tem origem nos indícios de que o Federal Reserve encerrou seu ciclo de aperto monetário, situação somada à expectativa de que o Banco Central brasileiro prossiga com os cortes na taxa Selic. Essa conjuntura representa as condições mais favoráveis dos últimos três anos, indicando que as perspectivas podem finalmente estar melhorando para o Brasil como destino de investimentos.

Empresas dos setores de varejo, tecnologia, imobiliário e infraestrutura figuram entre as candidatas a ingressar no mercado listado. Embora seja necessário manter a cautela, considerando que muitos eventos podem ocorrer ao longo do ano, é crucial observar que, após um período significativo de correção entre a segunda metade de 2021 e o início de 2023, o Brasil começa a se destacar entre seus pares emergentes.

· 02:48 — Os próximos passos do Fed

Nos Estados Unidos, a grande notícia de ontem surgiu pouco antes do fechamento dos mercados acionários na quarta-feira, quando a Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês) anunciou a aprovação dos primeiros fundos negociados em bolsa de Bitcoin (comentei sobre o evento no M5M+ de ontem). A espera dos investidores do mercado cripto por esses ETFs finalmente chegou ao fim, marcando uma mudança institucional significativa para o mercado americano, que continua a institucionalizar progressivamente o universo das criptomoedas. Apesar disso, a notícia pode ser rapidamente ofuscada hoje.

Isso ocorre devido à divulgação do índice de preços ao consumidor de dezembro. A estimativa consensual sugere um crescimento da inflação em torno de 3,2% na comparação anual, ligeiramente superior ao registrado em novembro. O núcleo do IPC, que exclui os preços voláteis dos alimentos e da energia, deve apresentar uma elevação de 3,8%. Se confirmado, a variação anualizada do IPC estará próxima do seu nível mais baixo desde março de 2021, possibilitando ao Comitê Federal de Mercado Aberto iniciar cortes na taxa dos fundos federais entre março e maio deste ano. Entretanto, um número superior às expectativas pode desencadear uma reação negativa no mercado.

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· 03:34 — Quase lá

Ainda nos EUA, as ações da Nvidia iniciaram o ano com destaque, superando outras gigantes de tecnologia. Atualmente avaliada em cerca de US$ 1,34 trilhão, a Nvidia está se aproximando do valor de mercado da Amazon, que é de US$ 1,56 trilhão. A empresa atingiu recordes nesta semana, impulsionada pelo contínuo entusiasmo em torno da tecnologia de inteligência artificial, notadamente exibida na gigantesca feira de tecnologia CES 2024 em Las Vegas. Vale ressaltar que a Nvidia desempenha um papel fundamental como principal fornecedora de chips para treinar sistemas de IA.

As ações da Nvidia já apresentaram um aumento de 7,3% neste ano até o fechamento de ontem, após um impressionante crescimento de mais de 200% no ano passado, enquanto o restante do mercado de tecnologia registrou, em geral, um desempenho mais moderado. Se a Nvidia mantiver sua forte performance a curto prazo, poderá superar a Amazon, ascendendo ao posto de quarta empresa mais valiosa dos EUA em termos de capitalização de mercado. Essa mudança representaria uma significativa reviravolta em relação ao mundo de 18 meses atrás, quando a Amazon valia quase três vezes mais do que a Nvidia. E a revolução de IA nem começou direito…

· 04:29 — Ruídos políticos para a eleição mais importante do mundo

Ontem, ocorreu o derradeiro debate do Partido Republicano antes do início das primárias em Iowa, marcadas para sexta-feira. A pressão intensifica-se sobre o governador da Flórida, Ron DeSantis, e a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, que buscam minar a liderança incontestável de Trump. Até o momento, o ex-presidente continua sendo o favorito com uma vantagem significativa para conquistar a indicação do partido, seguido por DeSantis, frequentemente considerado como uma versão mais moderada de Trump, e, em proximidade, por Haley, vista como a integrante mais moderada entre os três.

Como elemento dinamizador da corrida, um candidato presidencial republicano menos proeminente desistiu da competição (um movimento que beneficia Haley e até mesmo pode colocá-la à frente de DeSantis nas pesquisas). A possibilidade de sucesso para qualquer candidato que não seja Trump está vinculada ao desempenho nessas primárias, especialmente se o nome do ex-presidente tornar-se inelegível em mais estados, especialmente nos cruciais swing states (atualmente, já existem dois estados que não incluirão Trump nas cédulas). O palco para a eleição mais crucial do mundo está armado. Contudo, no momento atual, os Estados Unidos parecem distantes de se afastar da intensa polarização política.

· 05:16 — Energizando a carteira

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Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.