Investimentos

Em 2023, número de investidores da B3 caiu pela primeira vez em 7 anos, com mais mulheres e menos homens; entenda

A Bolsa brasileira encerrou o ano passado com uma queda de 1,9% no contingente de investidores

Por Nicole Vasselai

17 jan 2024, 09:37 - atualizado em 17 jan 2024, 09:45

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Em 2023, o Ibovespa bateu recorde histórico e terminou o ano acima dos 134 mil pontos, depois de iniciar o período em 98 mil pontos. Apesar do belo rali de fim de ano, com alta de 22%, a performance não reflete a queda no contingente de investidores na B3 – a primeira desde 2016.

Menos homens e mais mulheres na B3 em 2023

Pela primeira vez em sete anos, o número de investidores cadastrados e com contas ativas na B3 caiu 1,9% em 2023, equivalente à saída de 110 mil pessoas. O total contabilizado ao final de dezembro foi de 5,74 milhões, contra 5,85 milhões em 2022. 

A presença do gênero masculino reduziu 4,3% no período, fechando o ano com um total de 4,3 milhões de CPFs. Essa também foi a primeira queda desde 2015.

Por outro lado, o número de investidoras manteve o ritmo de alta dos anos anteriores e cresceu 6,1%, somando 1,4 milhões de pessoas do gênero feminino. Um ano antes, eram 4,5 milhões de homens e 1,3 milhões de mulheres.

Vimos essa inversão de tendência entre ‘agora vai’ e ‘bolsa é um investimento ruim no Brasil’ algumas vezes ano passado, de forma que não víamos há algum tempo“, diz Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus Research.

Ela também lembra que essa alternância entre ganância e medo é difícil de ser tolerada pelo investidor comum. “Principalmente aqueles que não contam com a orientação de profissionais, que já estão acostumados ao estilo ‘maníaco-depressivo’ do mercado”.

Jovens são maioria entre investidores

A maioria dos investidores com contas na Bolsa (1,8 milhão) têm entre 26 a 35 anos. Em seguida vêm os adultos de 36 a 45 anos (1,7 milhão) e de 46 a 55 anos (755 mil).

Maior parte dos investidores estão no Sudeste

O Sudeste representa a região do país com mais investidores, com 3,3 milhões de contas (58% de todo o Brasil). São Paulo lidera os estados, com 2,07 milhões.

O Norte conta com apenas 216 mil investidores ativos; o Amapá, estado com menos contas, tem só 8,6 mil.

BDRs do Nubank tiveram papel importante na queda

Parte da redução do número de investidores pode ser explicada pelos BDRs do Nubank.

Quando fez seu IPO (oferta pública inicial), em 2021, a companhia lançou BDRs nível 3 no Brasil e, em setembro de 2022, anunciou uma migração para BDRs nível 1 não patrocinados.

Em dezembro de 2022, a diretoria da CVM autorizou o pedido do Nubank, mas determinou que os investidores que não escolhessem explicitamente a migração dos BDRs nível 3 para o nível 1, ou que não quisessem receber ações do Nubank negociadas na Nasdaq, teriam seus BDRs vendidos e receberiam os valores provenientes da venda.

O prazo para escolha ia até 11 de agosto de 2023 e provocou essa queda no total de investidores.

No mesmo mês, sem citar o Nubank, a B3 divulgou que houve, na verdade, uma alta de investidores, considerando só ações e não outros tipos de renda variável. A redução, portanto, se deu especificamente na parte de BDRs.

Seca de IPOs também pode ter colaborado

Analistas da Empiricus Research lembram que a entrada de novas empresas na Bolsa tende a atrair investidores. Porém, como já comentamos em algumas matérias ao longo de 2023, o ano foi marcado pela maior escassez de IPOs na B3 em 25 anos.

Segundo o analista Fernando Ferrer, a seca esteve muito associada aos juros elevados no Brasil e à migração de recursos da renda variável para a renda fixa. Além disso, ele acrescenta o fato de o retorno de IPOs, em 2021 principalmente, ter perdido para o Ibovespa, um índice composto por ações já mais antigas e consolidadas.

Em 2024, vale a pena investir em Bolsa?

Para Quaresma e Ferrer, sim, mas com orientações de especialistas, para investir um percentual da carteira adequado ao seu perfil e evitar riscos desnecessários.

“Recomendamos ao investidor ou investidora que, de preferência, conte com a ajuda de profissionais, sejam eles analistas ou assessores, para orientar quanto à alocação estrutural em bolsa adequada para o seu perfil e para o momento, mas, principalmente, para ajudar o investidor a manter a disciplina nessa alocação através das altas e baixas do mercado“, finaliza Quaresma.

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.