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Front Runner: o que é, como funciona e como identificar essa prática no mercado financeiro?

A prática de front runner é ilegal e pode ser punida pela CVM. Saiba como funciona e as possíveis consequências do Front Runner.

Por Equipe Empiricus

31 jan 2024, 17:16 - atualizado em 19 fev 2024, 12:10

Imagem representando o  front runner, que refere-se a uma prática ilegal no mercado financeiro em que um operador age em benefício próprio.
Front Runner

Embora seja um cenário repleto de oportunidades e crucial para o funcionamento da economia global, o mercado financeiro está suscetível a práticas ilegais que visam o benefício individual em detrimento da integridade do sistema. Entre essas condutas antiéticas, destaca-se o front running

O front runner envolve a antecipação indevida de informações privilegiadas para obter lucro. Esse ato ilícito não apenas coloca em xeque a confiança no mercado, mas também levanta sérias preocupações sobre a equidade e a transparência. 

O que é Front Runner?

Traduzido como “correr à frente”, o front runner refere-se a uma prática ilegal no mercado financeiro em que um operador age em benefício próprio para angariar informações privilegiadas do mercado. Ou seja, busca se antecipar sobre uma grande ordem de compra ou venda que será executada por um cliente. 

Ao obter conhecimento prévio dessa operação significativa, o front runner realiza transações próprias para se beneficiar dos movimentos de preço que a execução da ordem do cliente provavelmente causará.

Essa prática é considerada antiética e ilegal, uma vez que coloca o interesse pessoal do operador à frente do dever fiduciário de agir no melhor interesse do cliente. O front running pode distorcer os padrões éticos do mercado, criando vantagens injustas e minando a confiança dos investidores na equidade do sistema financeiro. 

Reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), atuam com medidas rigorosas para combater e prevenir essa conduta prejudicial.

Como funciona o Front Runner?

A prática de front running ocorre, muitas vezes, dentro de uma corretora de valores ou instituição financeira. Nesse caso, o front runner obtém conhecimento prévio sobre uma grande ordem de compra ou venda de um cliente e, ao invés de executar a ordem do cliente imediatamente, realiza transações próprias.

A prática difere do insider trading, outra conduta ilegal, em sua abordagem. Enquanto o front running envolve antecipar uma grande ordem do cliente, o insider trading faz uso de informações internas e privilegiadas para impactar o valor das ações da empresa

Ou seja, o insider trading é geralmente praticado por indivíduos que têm acesso a informações confidenciais devido a sua posição dentro da empresa.

No front running, o operador “corre na frente” da ordem do cliente, se aproveitando da previsibilidade do movimento de preço que a execução dessa ordem pode gerar. A prática é prejudicial para a integridade do mercado, uma vez que coloca os interesses pessoais do operador à frente do cliente – que deveria ser protegido pela instituição financeira.

Exemplos conhecidos de Front Runner

A prática de front running tem sido associada a casos notáveis que expõem os riscos e impactos negativos dessa conduta no mercado financeiro. Alguns exemplos emblemáticos incluem:

HSBC – 2011

Em 2011, o HSBC foi contratado por uma empresa de óleo e gás escocesa para converter US$ 3,5 bilhões em libras esterlinas. Prevendo a iminência dessa operação, operadores de câmbio do HSBC compraram libras esterlinas com fundos próprios antes da execução da ordem do cliente.

Quando a ordem foi finalmente executada, a libra se valorizou, gerando ganhos de US$ 3 milhões para o HSBC na operação e US$ 5 milhões com taxas de serviços de câmbio. No entanto, seis anos depois, o HSBC foi multado em US$ 100 milhões devido a falhas em seus controles operacionais.

Citadel Securities – 2020

Em 2020, a Citadel Securities, maior formador de mercado designado na bolsa de valores de Nova York, foi investigada pelo Financial Industry Regulatory Authority (FINRA) por práticas de front running entre 2012 e 2014. A empresa removeu grandes ordens OTC de seus processos automáticos, exigindo que fossem executadas manualmente por operadores humanos. 

Simultaneamente, a Citadel negociou por conta própria no mesmo lado do mercado, violando suas obrigações para com os clientes. A conduta resultou em questionamentos éticos e em uma investigação mais aprofundada sobre suas práticas de negociação.

Qual é a punição para quem pratica Front Runner?

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) desempenha um papel crucial na regulamentação e fiscalização do mercado. Quando um indivíduo é flagrado praticando front running, as punições podem envolver reclusão de um a cinco anos, além de multa que pode atingir até três vezes o valor da vantagem ilícita obtida em decorrência do ato. 

Essas penalidades visam desencorajar práticas antiéticas, protegendo a integridade do mercado e os interesses dos investidores. Além disso, a CVM tem autoridade para impor restrições específicas a títulos e valores imobiliários, buscando dissuadir a prática e promover um ambiente de negociação justo e transparente. 

Normas e padrões éticos são instituídos pela CVM para orientar as instituições financeiras, corretoras e profissionais do mercado financeiro a adotarem práticas que estejam em conformidade com os princípios de equidade, transparência e responsabilidade. Dessa forma, o front runner pode ser evitado a fim de manter a legalidade do mercado.

O que é front runner no mercado financeiro?

Front runner é uma prática ilegal em que um operador se antecipa a uma ordem significativa de compra ou venda de um cliente para obter lucro pessoal. Essa conduta é considerada antiética e é punida pelas autoridades regulatórias.

Como o front runner difere do insider trading?

A prática de front running envolve antecipar-se a ordens de clientes, enquanto o insider trading faz uso de informações privilegiadas de uma empresa. Ambos são ilegais, mas suas abordagens e contextos são distintos.

Quais são as punições para quem pratica front running?

As punições para o front runner incluem reclusão de um a cinco anos e multa de até três vezes o valor da vantagem ilícita obtida. Além disso, a CVM pode impor restrições a títulos e valores imobiliários.

Como a CVM atua para evitar o front runner?

A CVM institui normas e padrões éticos, além de fiscalizar o mercado para prevenir a prática de front running. Sua atuação inclui punições rigorosas e restrições para manter a integridade do mercado financeiro.

Quais são alguns exemplos conhecidos de front runner?

Exemplos incluem o caso do HSBC em 2011, onde operadores se anteciparam a uma ordem de conversão de moeda, e o caso da Citadel Securities em 2020, investigada por violar obrigações para com clientes ao praticar front running.

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