A Lojas Quero-Quero (LJQQ3) divulgou resultados na última quinta-feira (6) que refletiram uma situação ainda complicada do varejo, mas com sinais de melhora nos serviços financeiros, além de uma ajuda não-recorrente de créditos tributários.
Com uma economia fragilizada na principal região de atuação (Sul do país), pelas contínuas complicações do agronegócio local e por uma inflação muito baixa dos itens de construção (deflação em alguns itens, inclusive), a divisão do Varejo enfrentou dificuldades.
Fonte: FGV. Elaboração: Empiricus.
Receita de Lojas Quero-Quero impactada pelos desafios do varejo
Embora a receita de R$ 536,7 milhões tenha apresentado estabilidade comparada ao mesmo trimestre do ano anterior, as Vendas Mesmas Lojas (SSS) apresentaram retração de -3,7% por esse cenário ainda complicado.
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A linha de Serviços financeiros ajudaram no balanço
Por outro lado, mais uma vez a divisão de serviços financeiros foi um importante componente para o balanço geral.
A receita dos serviços financeiros apresentou um crescimento de +19,4% no trimestre, e alcançou R$ 185,5 milhões, com alta no volume transacionado (+13,5% vs 4T22), advindo principalmente pelo uso fora das lojas da Quero-Quero.
Isso, inclusive, é mais um indício de deterioração da situação financeira da população nas regiões de atuação da companhia, que tem recorrido ao crédito da Quero-Quero para financiar demandas externas à loja.
Importante notar que mesmo com um aumento na carteira de crédito e resultados abaixo do esperado do programa Desenrola, o índice de inadimplência seguiu controlado, em 11,6%, em linha com o histórico. Além disso, com a Selic menor na comparação anual , o custo de captação diminuiu, o que ajudou a margem do segmento também.
Fonte: companhia.
Menor custo financeiro de captação ampliou a margem para 30,8%
No consolidado a companhia reportou uma Receita Operacional Líquida de R$ 654,1 milhões (+6,3% vs 4T22) e um lucro bruto de R$ 229,3 milhões com margem de 30,8%, crescimento de +1,5 p.p., influenciada pela redução no custo de captação financeiro.
As despesas operacionais de R$ 159,3 milhões vieram bem abaixo do esperado e mostraram uma redução de -9,3% vs 4T22, mas com efeitos não-recorrentes importantes de créditos tributários que ajudaram no trimestre.
Sem eles, as despesas teriam crescido +12,7% no período, impactadas pelo aumento de 28 lojas e outros investimentos que prepararam a companhia para um futuro crescimento. Enquanto as vendas continuarem fracas, será difícil vermos alguma diluição de despesas.
Excluindo os efeitos não recorrentes e operacionais, o Ebitda ajustado alcançou R$ 28,7 milhões com margem de 3,9% (-22,7% e -1,4p.p., respectivamente), redução explicada pelo desempenho ameno do varejo e pressão das despesas operacionais.
No trimestre, a companhia também obteve benefícios não recorrentes na linha de receitas financeiras, por conta de atualizações monetárias tributárias favoráveis. Isso fez o Resultado Financeiro passar de -R$ 27,8 milhões para -R$ 10 milhões.
Com a ajuda desses não-recorrentes, o Lucro Líquido saltou de R$ 3,6 milhões para R$ 60,2 milhões no 4T23, mas ajustando pelos efeitos citados o resultado teria sido de R$ 9,5 milhões, +21,7% acima do 4T22 e com um pequeno incremento de margem (+0,2p.p.).
Uma das prioridades da companhia nesse curto prazo, estava na geração de caixa e essa estratégia se mostrou acertada. Esse foco é importante para a saúde do negócio e suportar o cenário adverso no curto prazo. O endividamento, que ficou em 0,4x dívida líquida ajustada/Ebitda, também mostrou melhora frente ao valor de 0,7x no 3T23.
Fonte: companhia.
O que achamos dos resultados do 4T23 de Lojas Quero-Quero?
É verdade que o cenário segue muito difícil para o varejo, mas entendemos que boa parte disso já esteja precificado nas cotações atuais. Além disso, mesmo com todas essas dificuldades setoriais, a companhia segue apresentando níveis interessantes de geração de caixa, alavancagem, e se preparando para uma melhora do setor, que pode contar com uma ajudinha da queda dos juros nos próximos trimestres.
Negociando a 6,5x EV/Ebitda, a Lojas Quero-Quero permanece entre as recomendações da Empiricus Research.
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