Investimentos

Vivara (VIVA3): retração de margens no 4T23 é alerta negativo?

A joalheria teve suas margens pressionadas por reclassificações tributárias, aumento de despesas e impostos.

Por Ruy Hungria

21 mar 2024, 10:48 - atualizado em 21 mar 2024, 10:51

VIVA3 Vivara
Imagem: Itajaí Shopping

A Vivara (VIVA3) divulgou resultados referentes ao 4T23 abaixo das expectativas. Apesar de um crescimento na receita, a companhia apresentou retração de margens por reclassificações tributárias, aumento de despesas e impostos.

Receita líquida expandiu 20,8%

No top line, a companhia apresentou uma boa expansão na Receita Líquida de 20,8%, e alcançou R$ 778,1 milhões no 4T23, ajudada pelas novas lojas e um robusto SSS (Vendas Mesmas Lojas) de 15% vs 4T22 – impulsionadas pela segmentação de prata, Life

Importante lembrar que apesar do bom crescimento das vendas da Life e do elevado número de abertura de lojas (45 em 2023), o nível de canibalização segue em níveis saudáveis. Segundo a companhia, mesmo com uma queda nas vendas de produtos Life nas lojas Vivara localizadas em shoppings onde houve abertura de uma loja Life, as vendas dessas unidades cresceu 8,5% no período, o que mostra ótimo desempenho mesmo diante da nova “concorrente”. 

Reclassificações tributárias pressionaram margem de Vivara

O lucro bruto atingiu R$ R$ 544,4 milhões e uma margem de 70% (+19,3% e -0,8p.p., respectivamente, vs 4T22), impactada por maior volume de importações da categoria Life, maiores vendas na Black Friday, reclassificação de impostos que passaram da linha de despesas para a linha de custos, além de outros efeitos que acabaram ajudando o 4T22, como normalização de nível de perda de estoque que ajudou a margem bruta daquele trimestre em +0,6p.p.

Com o grande aumento do número de lojas na comparação com o 4T22, investimentos em TI para suportar as vendas digitais, e alguns itens não recorrentes, a linha de despesas atingiu R$ 310 milhões (+1,5p.p. na participação da receita líquida vs 4T22).

Essas pressões na linhas de custos e despesas provocaram uma queda de -1,9 p.p. na margem Ebitda, que recuou para 12,6%. Ainda assim, o Ebitda atingiu R$ 200,4 milhões, com aumento de +12,6% na comparação com o 4T22. 

Impostos também pesaram na linha final

A expansão do resultado financeiro (+40%) e imposto de renda e CSLL (+170%, com efeito da nova contabilização de imposto), impactaram negativamente a linha final do Lucro Líquido, que alcançou R$ 144,1 milhões e margem de 18,5%, queda de -8,6% e -6p.p. vs respectivamente. 

Apesar da queda no lucro, a geração de caixa operacional saltou 56,9% no trimestre, para R$ 126 milhões, efeito da redução significativa do capital de giro.

O que achamos dos resultados de Vivara?

Apesar do ótimo crescimento de vendas, e de níveis ainda saudáveis de margens, endividamento e geração de caixa, o resultado do 4T23 foi impactado por vários efeitos não recorrentes, mas que deveriam se normalizar nos próximos trimestres.

Esse é mais um ponto de atenção, que se junta às preocupações com a troca no comando e a governança da companhia, e vão demandar muita atenção daqui para a frente. 

Com um modelo de negócios bastante resiliente e múltiplos interessantes após a queda recente, a Vivara (VIVA3) permanece dentre as recomendações de small caps da Empiricus Research.

No entanto, continuaremos muito atentos aos próximos passos da companhia nessa “nova fase”, e não hesitaremos em realizar alguma alteração caso julgarmos necessário.

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.