Investimentos

Renda fixa: dois CDBs prefixados para investir após o corte da taxa de juros

Saiba onde investir após mais uma redução da Selic, hoje a 10,75% ao ano.

Por Lais Costa

26 mar 2024, 16:13 - atualizado em 26 mar 2024, 16:13

renda fixa CDB
Imagem: Freepik

Os mercados operam com otimismo nessa manhã de terça-feira (26).

Nos EUA, o Federal Reserve manteve as taxas de juros inalteradas no intervalo de 5,25% e 5,50% ao ano, conforme amplamente esperado.

A decisão do Fed ainda retirou o medo de redução da projeção de número de corte de juros para este ano, mantendo em 75 pontos-base (3 cortes) a expectativa de redução do Fed Funds em 2024.

Apesar de eliminar esse risco, por ora, as mudanças no comunicado e no Sumário de Projeções Econômicas foram no sentido de uma avaliação mais positiva do mercado de trabalho e altas de expectativa de PIB de 2024 e de núcleo de PCE para cima, o que indica um ambiente com menor necessidade de flexibilização de política monetária.

Na entrevista após a decisão, o presidente Jerome Powell entregou um discurso brando (dovish) novamente. Powell minimizou as surpresas altistas das últimas leituras de inflação, atribuindo-as aos efeitos sazonais do período. O Presidente do Fed afirmou que assim como a sequência de leituras mais baixas no final do ano não foram suficientes para dar início ao início do ciclo de corte de juros, as leituras de janeiro e fevereiro não foram “terrivelemente altas” e não mudaram o cenário.

Diferentemente do que foi feito pelo Banco Central Europeu na semana anterior, Powell não indicou que os dados até junho serão suficientes para dar início aos cortes de juros. “Precisamos ver mais dados. Não vemos o suficiente hoje, mas muitas coisas podem acontecer entre as próximas reuniões”, afirmou.

 Embora o mercado tenha aumentado a probabilidade do primeiro corte na última reunião do primeiro semestre deste ano durante a fala dovish do Powell, tem ficado cada vez mais evidente que as falas do Presidente da autoridade monetária não representam o sentimento médio do comitê. Em outras palavras, Powell tem se posicionado de forma mais branda do que os documentos divulgados sugerem.

Nessa linha, na última sexta-feira (22), o diretor do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que os últimos dado de inflação reduziram a sua convicção em relação à trajetória de preços domésticos e que a força da economia americana provê espaço para o Fed se manter cauteloso. Por isso, Bostic afirmou que espera apenas um corte de juros para 2024, mais para o final do ano.

O mercado continua precificando o início dos cortes no Fed Funds em junho como cenário-base, muito embora a curva futura de juros tenha indicado patamares mais altos de juros estruturalmente.

No Brasil, o Banco Central também entregou uma decisão em linha com o esperado na última semana. A Selic foi reduzida em 50 pontos-base para 10,75% ao ano.

O grande ponto de atenção era a indicação de novos cortes de juros da mesma magnitude nas próximas reuniões (forward guidance), que foi parcialmente retirado. O BC optou por ganhar mais flexibilidade e se comprometer com apenas mais uma redução de 50 pontos-base na Selic, ao invés de duas.

Nesta manhã (26), a ata da reunião foi divulgada revelando uma discussão mais profunda em relação à dinâmica positiva do mercado de trabalho brasileiro, com destaque para o nível de emprego e salários e seus impactos na inflação de serviços. Nessa linha, o comitê também apontou que a elevação dos preços de serviços intensivos em trabalho gera dúvidas sobre a velocidade da desinflação futura e requer um acompanhamento próximo.

Contudo, o aumento das incertezas no mercado doméstico e internacional e uma dinâmica desinflacionária mais lenta ainda não se tornou cenário-base para a autarquia, porém requer mais flexibilidade na sinalização futura de condução de política monetária.

O BC deixou claro que a retirada do forward guidance para as próximas duas reuniões não significa uma indicação inequívoca de redução de juros menor do que 50 pontos-base na reunião de 19 de junho, contudo, as mudanças na ata se mostraram em um tom mais duro (hawkish) e contribuíram para a abertura da curva de juros nesta manhã (26).

Ainda hoje (26), o IPCA-15 de março veio acima da mediana das expectativas de mercado (0,36% m/m versus 0,30%). Na comparação anual, o indicador ficou em 4,14% a/a, acima do esperado 4,09% para o período.

Do lado mais construtivo, a contribuição negativa e disseminada de bens reflete os descontos do mês do consumidor e continua mostrando uma dinâmica animadora do grupo. Em relação aos preços de alimentos, a redução da contribuição ocorre de forma mais lenta do que o esperado, mas ainda deve continuar desacelerando.

Por outro lado, a dinâmica de serviços se mostra mais persistente, com destaque para a dinâmica dos itens de serviços intensivos em trabalho. A média móvel de três meses anualizada e dessazonalizada do núcleo de serviços continua apontando para cima, o que deve continuar sendo notado pelo BC.

Olhando para frente, o número divulgado nesta manhã (26) deve gerar revisões para cima das estimativas dos analistas para o IPCA fechado de março, devido às altas nos itens que se repetem na coleta do final do mês.

Em relação à alocação em renda fixa, continuamos gostando dos títulos prefixados no início da curva de juros.

Confira o cardápio de títulos de renda fixa da semana

Características do CDB prefixado do Banco Sofisa
Classificação de risco da instituiçãoFitch: brAA-
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBanco Sofisa
Aplicação mínimaR$ 1
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)29/03/2027 (1098 dias corridos)
Rentabilidade anual10,70%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação22h
Características do CDB prefixado do Banco Daycoval
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBanco Daycoval
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máximaR$ 250 mil
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)27/03/2025 (366 dias corridos)
Rentabilidade anual12,00%
Tributação17,5%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação18h

As taxas das tabelas são referentes ao dia 26 março de 2024.

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Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira elétrica com certificação CNPI. Analista de renda fixa na Empiricus Research.