O IPO (oferta pública inicial) das ações da Raízen entrou no período de reservas nesta quarta-feira. O momento é decisivo para os que desejam investir na joint venture entre Shell e Cosan (CSAN3), que ostenta o quarto maior faturamento do Brasil, opera em um setor estratégico e é vista com bons olhos pela pauta ESG.
Participar ou não de um IPO é sempre um ponto de interrogação para o investidor. É praticamente impossível prever como o mercado vai se comportar na estreia de uma ação na bolsa. O ativo pode se valorizar em 35% no primeiro pregão, como aconteceu recentemente com a SmartFit (SMFT3), ou recuar e perder valor de mercado, caso da também recém-estreante 3tentos (TTEN3).
A inconstância se repete quando observamos empresas que entraram na B3 desde 2020. Enquanto algumas delas apresentaram ganhos exponenciais, outras chegaram a perder metade de seu valor de mercado:
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Lucros espetaculares
Méliuz: De R$ 10 para R$ 66,88 (alta de 569%)
Locaweb: De R$ 4,31 para 26,77 (alta de 521%)
3R Petroleum: De R$ 21 para R$ 42,61 (alta de 103%)
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Prejuízos decepcionantes
Moura Dubeux: De R$ 19 para R$ 9,29 (queda de 51%)
D1000: De R$ 17 para R$ 9,09 (queda de 47%)
Mitre: De R$ 19,30 para R$ 11,58 (queda de 40%)
Os dados apresentados, que comparam o preço de estreia do IPO com a cotação da ação na data de publicação desta matéria (21 de julho) evidenciam que ser uma novidade na bolsa não é garantia de sucesso para uma ação no curto prazo.
Então, como saber se devo entrar ou não no IPO da Raízen? O mais importante é saber avaliar a empresa e se ela está sendo vendida a um preço barato (abaixo do seu valor, ou seja, pode se valorizar na Bolsa) ou caro (supervalorizada). Parece simples, mas exige um trabalho aprofundado de pesquisa e análise.
Aqui, vamos nos debruçar sobre a análise de Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, que está disponibilizando um relatório gratuito (baixe aqui) sobre a Raízen e dando sua opinião sobre entrar ou não no IPO.
Receita bilionária, ESG e setor estratégico
A Raízen foi constituída em 2011 como uma joint venture entre a Cosan, holding brasileira com atuação nos setores de energia, açúcar e álcool e logística, e a petroleira anglo-holandesa Shell. Atualmente, cada uma detém 50% das ações da companhia, que se diz líder mundial na produção de biocombustíveis.
Segundo os balanços financeiros, a Raízen é a quarta maior empresa brasileira em faturamento, com uma receita anual de R$ 114 bilhões. O lucro operacional “Ebtida” foi de 6,6 bilhões e o lucro líquido de R$ 1,5 bilhão no último exercício (abr/2020 – mar/2021).
O negócio da Raízen está focado em duas grandes áreas:
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a cadeia de valor sucroalcooleira, desde o plantio da cana até a comercialização do açúcar e do etanol (tanto para consumo interno em combustíveis como para uso na indústria e exportação);
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e a distribuição de combustíveis no varejo, nos postos com a bandeira Shell.
Duas atividades que agradam à pauta ESG que vem ganhando espaço: a produção de biogás e etanol de segunda geração (E2G) a partir de subprodutos, como o bagaço da cana.
“É uma empresa que promete andar bem na Bolsa, pois tem uma operação espetacular, tocada por uma equipe brilhante”, afirma Felipe Miranda. “Além disso, é o grande player de etanol de segunda geração (feito a partir de subprodutos) e tem demanda da Shell e da Exxon garantida para os próximos 10 anos”.
De acordo com a própria Raízen, a empresa é a única que consegue produzir o E2G em escala comercial, o que a permite aumentar a produção de etanol em 50% sem ampliar a área plantada.
Essa característica da empresa se alinha com uma nova concepção de investidores, especialmente europeus, que é a de incentivar atividades que zelem pelos princípios do ESG (governança, social e ambiental). Neste caso, além de o uso do etanol ser menos prejudicial ao planeta do que o de combustíveis fósseis, como a gasolina, não há competição com a produção de alimentos pelo uso da terra.
“É um case ESG, uma pauta bem europeia. Por isso, o IPO deve trazer muitos investidores estrangeiros”, prevê Felipe. De fato, diversos bancos de investimento de fora do país estão envolvidos na oferta de ações.
O que você precisa saber antes de tomar sua decisão sobre RAIZ4
Serão ofertadas, inicialmente, cerca de 810 milhões de ações preferenciais da Raízen, com uma faixa de preço estipulada entre R$ 7,40 e R$ 9,60. Se compradas ao preço médio, de R$ 8,50, a empresa deve levantar cerca de R$ 6,9 bilhões. Como Shell e Cosan já detém 9,1 bilhões de ações, o lote emitido irá representar algo na faixa de 8,2% do capital da empresa.
Segundo o prospecto de abertura de capital, os recursos captados serão usados para três finalidades:
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Construção de novas plantas para produzir e comercializar combustíveis renováveis (80%);
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Investimento em infraestrutura de armazenagem e logística para o crescimento da operação de açúcar e álcool (15%);
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Investimento em eficiência e produtividade nos parques bioenergéticos (5%).
O período de reserva, iniciado nesta terça-feira (20), vai até o dia 2 de agosto. No dia 5, a companhia será listada na B3 como RAIZ4, no nível 2 de governança corporativa. A oferta de ações é coordenada pelo BTG Pactual.
E o que acontece com CSAN3?
Uma dúvida que pode surgir por parte do investidor é como o IPO da Raízen interfere nas ações da Cosan, que detém 50% de seu capital e também está listada na Bolsa brasileira. Não é tão complicado: as duas ficarão listadas. A grande diferença é que a Cosan não deterá mais metade das ações da Raízen, mas cerca de 46%. Por outro lado, com os ganhos do IPO, uma pode gerar valor para a outra.
“As ações de Cosan estão baratas e o IPO da Raízen pode chamar a atenção. Uma implica no crescimento da outra”, resume Felipe Miranda. No relatório abaixo, inclusive, o analista avalia o IPO e traça um paralelo entre as duas ações. Clicando na frase vermelha a seguir, você pode acessá-lo sem pagar nada.
ACESSAR O RELATÓRIO GRATUITO DO IPO DA RAÍZEN
Além da Raízen, a Cosan possui três outras grandes operações:
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Compass/Comgás: distribuição de gás na Grande São Paulo (já tentou IPO e pode tentar novamente);
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Moove: produção de lubrificantes em parceria com a Exxon;
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Rumo: logística e escoamento.
IPOs: pegando o mercado de surpresa
As ofertas públicas iniciais de ações costumam mexer com o mundo dos investimentos porque acabam trazendo variáveis novas que ainda não estão absorvidas pelo mercado. Ou seja, na visão de Felipe Miranda, são ótimas chances para o investidor bater as carteiras tradicionais. É o que aconteceu, por exemplo, com quem entrou no IPO da SmartFit.
Essa distorção, contudo, pode ser para cima ou para baixo. Para se munir das melhores informações e tomar as melhores decisões, é preciso estar alinhado com quem acompanha e analisa ações o dia todo.
No caso do IPO da Raízen, o Felipe Miranda, cuja carteira de ações subiu quase 600% desde 2015, está disponibilizando gratuitamente um relatório com sua opinião sobre entrar ou não na oferta.
Ao clicar na frase abaixo, você terá acesso a um material que te ajudará a tomar a melhor decisão sobre o investimento no IPO, que está em período de reserva. Depois disso, contudo, o mercado já precifica e a ação começa a ser negociada. Portanto, não perca tempo.