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Crise hídrica: De olho no problema, e procurando soluções, Vitreo lança fundo de investimento focado em água – companhias do setor acumulam valorizações de até 400%

Mudanças climáticas ameaçam tornar o bem mais indispensável à vida, a água, em algo mais escasso. De olho nisso, companhias atuam buscando tecnologias para remediarem o problema e podem trazer grandes retornos a investidores.

Por Equipe Empiricus

26 jul 2021, 14:29

Não é de hoje que cientistas alertam para o fato de que o planeta Terra está esquentando e de que nosso mundo irá passar por mudanças em um futuro não muito distante. E o mercado financeiro, obviamente, está de olho nisso. 

Recentemente, algumas iniciativas de gestoras e corretoras vêm apontando esse interesse. Na última semana, por exemplo, a Vitreo lançou um fundo focado em tecnologias ligadas ao tratamento e à preservação da água. 

Esse é um veículo interessante, pois além dos investidores poderem ser sócios e apoiarem projetos em prol da conservação desse bem essencial, ainda representa potencial de alto retorno para suas carteiras. Mas é necessário você saber toda a base por trás desse fundo inovador. 

Entenda o que embasa a teoria

A expressão “aquecimento global” surgiu na década de 1970, em um artigo publicado na revista Science. 51 anos depois, em junho último, um grupo de estudiosos afirmou acreditar que podemos ter alcançado o chamado “ponto de não retorno”, ou seja, o planeta Terra ter chegado a um momento em que a mudança climática se tornou irreversível. 

E um dos efeitos esperados pela comunidade científica é que o aquecimento do planeta reduzirá a quantidade de água potável disponível do mundo. 

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) alertou que para cada 1º C a mais na temperatura média mundial o acesso à água pode ser reduzido em até 90% em algumas regiões. No melhor cenário, a comunidade científica trabalha hoje com um aumento de 2º C até o fim do século. No pior, de até 4º. 

Em 2020, de acordo com um relatório do Clima Global da Organização Meteorológica Mundial (OMM), a temperatura média mundial já ficou 1,5º acima daquilo que era registrado antes da revolução industrial, quando a humanidade se tornou muito mais poluente. 

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Efeitos já estão aparecendo 

Ainda não é possível afirmar que há correlação (apesar de tudo indicar que sim), mas, atualmente, algumas regiões do planeta já enfrentam secas históricas

O Rio Paraná, que passa por três países da América Latina, por exemplo, está em seu pior momento em quase 100 anos. Os estados do Sul e Sudeste do Brasil, muito dependentes dos cursos de água que compõem essa bacia hidrográfica, estão em estado de alerta. A Argentina, que também necessita desse rio, já foi além e pediu para que sua população economize água, temendo um desabastecimento.

Em vários países, a situação não é muito diferente. Nos Estados Unidos, por exemplo, o estado da Califórnia está em sua pior situação hídrica em 20 anos. Hidrelétricas e redes de energia já estão sob ameaça.  Na África do Sul, em 2016 e 2018, enfrentou também a pior escassez em 100 anos. A falta de chuvas ameaçou tornar a Cidade do Cabo, capital do país e com mais de quatro milhões de habitantes, a primeira metrópole sem água do mundo. A situação levou o governo a pedir que cada pessoa gastasse, no máximo, 50 litros de água por dia

Para fins de comparação de como um racionamento deste funciona, um banho de cinco minutos gasta 45 litros. Hoje, segundo a ONU, o consumo médio por pessoa no mundo é de cerca de 110 litros por dia. Você, por estar no Brasil, de acordo com projeções, deve gastar mais de 200 litros a cada 24 horas. 

A ONU, no mês passado, alertou que, após a ameaça do coronavírus, as secas devem ser as grandes causadoras de estresses nos próximos anos. Em seu relatório, o órgão ainda alerta para o fato de que para esses eventos não haverá vacina.

Em meio a todos esses relatos, é impossível deixar de pensar que a água está, cada vez mais, virando um bem escasso. Os clichês “ouro líquido” e “ouro azul”, que antes pareciam exageros, fazem cada dia mais sentido. 

O banco suíço UBS projetou que 1,9 bilhão de pessoas, atualmente, vivem sob ameaça de falta de água no nosso planeta. Até 2050, a expectativa é que este número salte para algo entre 2,7 bilhões e 3,2 bilhões.

Além do problema ecológico, com o ser humano cada vez mais alterando a biosfera, o problema da água é impulsionado ainda por outro fator: o crescimento populacional. Quanto mais pessoas no mundo, maior, obviamente, o consumo de água. E as previsões são que, em 2050, a população salte dos cerca de 7,5 bilhões atuais para 9 bilhões. 

Enquanto a oferta de água cai, a demanda irá, pelo menos por enquanto, aumentar. 

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Investimentos em água já acontecem há algum tempo

Quem assistiu o filme “A Grande Aposta”  (2015), que narra a jornada de nomes do mercado financeiro que previram a crise do subprime em 2008, sabe que o já lendário Michael Burry (interpretado na obra pelo ator Christian Bale), alocou grande parte do seu capital em investimentos relacionado à água. 

E Burry, que recentemente voltou às capas de jornais por ter lucrado bilhões com o caso GameStop, provavelmente deve estar ganhando também nesta frente. 

Os três ETFs que aparecem acima do S&P 500, principal índice da bolsa americana, e MSCI World Index, que reúne ações das principais companhias dos países desenvolvidos, no intervalo representado na imagem, que vai de julho de 2014 a julho de 2021, estão relacionados diretamente com este bem necessário à vida.

Companhias correm contra o tempo para resolver o problema

Ao contrário do que pode parecer no primeiro momento, que o “cruel mercado financeiro” está saindo na frente para comprar água para, posteriormente, vender este produto por preços mais caros quando as coisas começarem a piorar, não é isso que acontece. Esses ETFs estão relacionados a empresas que buscam resolver o problema. 

Utilidades, infraestrutura, equipamentos, materiais e tecnologia. Se o problema da água perdurar (e tudo indica que irá), companhias que trabalham com esse bem, indispensável para a vida na Terra, terão de avançar para que a questão seja remediada.

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“Atentas às novas demandas globais no que diz respeito à escassez da água, diversas empresas começaram a desenvolver tecnologias capazes de aumentar a quantidade de água distribuída e tratada pelo mundo. E as ações delas estão alcançando patamares históricos”, diz Jojo Wachsmann, CIO da Vitreo.

A Tetra Tech, por exemplo, é uma companhia que está presente no Vitreo Água. Ela possui, atualmente, uma tecnologia diferenciada de tratamento de esgoto e também de água da chuva. Nos últimos cinco anos, sua ação valorizou mais de 290%

“A combinação entre o aumento da demanda por água doce e a escassez paralisante de água em diversos pontos do mundo, poderá proporcionar um número crescente de oportunidades para empresas do segmento. Na minha opinião, esse mercado está apenas começando”, afirma o gestor.

Outra tecnologia que vem avançando na mesma frente é a da dessalinização. No Brasil, na penúltima semana de junho, o Governo do Ceará assinou um contrato para construir uma usina que transformará água do mar em água potável que abastecerá a região metropolitana de Fortaleza.

Vale atentar que essa medida foi adotada mesmo com o nosso país tendo a maior reserva de água doce do mundo.

No mundo, uma série de companhias já possuem receitas bilionárias atuando neste mercado. A multinacional francesa Veolia, por exemplo, registrou um faturamento de US$ 32,3 bilhões em 2020. Apesar de atuar em outros setores, como no de energia e no de lixo, boa parte da sua receita é proveniente dos serviços envolvendo água. E essa fatia deve aumentar.

O banco suíço UBS vê o mercado de água movimentando mais de US$ 655 bilhões todos os anos e, em relatório de 2020, afirmou que a necessidade urgente de otimizar a oferta de água representa um “caso promissor de investimento”.

No Brasil, apesar da grande reserva de água (o país conta com cerca de 12% das reservas mundiais), também há muito espaço para o crescimento. Em 2020, 16% da população brasileira não possuía acesso à água tratada e 47% não tinha esgoto em sua residência. 

Se a coisa apertar, e ela provavelmente irá, o país terá de fazer algo no sentido de preservar as reservas de água – seja por necessidade própria, seja por pressão global. 

“No Brasil as pessoas ainda lavam a calçada com a mangueira. Aqui, a água é vista como um recurso extremamente abundante, que nunca vai se esgotar. A realidade do planeta não é essa. A água é escassa. Mesmo aqui, como vemos, a crise hídrica já é uma triste realidade”, afirma Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo.

Se a humanidade decidir, agora, virar totalmente o volante do rumo em que estamos, com novas medidas para preservar o meio ambiente, é possível que parte do estrago já esteja feita e que a oferta continue caindo. 

“A inovação na distribuição, tratamento e purificação da água se tornou uma necessidade latente. Um novo mercado é, portanto, indispensável para a vida humana na Terra: o mercado de tecnologia para a água”, conclui Knudsen. 

O gestor afirma, porém, que apesar da proposta ser boa, os investidores que desejam seguir uma análise técnica não devem ter não devem ter mais do que 3% do seu capital no fundo. “Essa é a fatia que representa o que a equipe de gestão da Vitreo entende como suficiente, dentro de uma relação risco x retorno saudável para o seu portfólio”, finaliza. 

O Fundo Vitreo Água oferece uma exposição para quem quer investir nesse bem natural. Com aporte mínimo de R$ 100, o ativo cobra 0,9% de taxa de administração ao ano e 10% sobre aquilo que exceder em 100% o desempenho do MSCI All Country World Index. Sobre a sua composição, 80% do fundo está atrelado a grandes ETFs mundiais ligados à água e 20% em ações escolhidas pelos gestores.

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